Modelo é prazeroso para dirigir, com câmbio preciso e suspensão corretamente calibrada. Versão Comfortline, avaliada pelo Autos Segredos, oferece pouco conteúdo e disponibiliza vários equipamentos apenas como opcionais
BEM CASADOS O motor vive um casamento feliz com o câmbio manual de cinco marchas, bastante preciso e muito bem escalonado. As primeiras marchas são bem curtas, mas as demais vão ficando gradualmente mais longas, de modo a não fazer com que o veículo esgoele em alta velocidade. A 120 km/h, o tacômetro marca moderadas 3.200 rpm. As relações corretas e os bons engates da transmissão, associados ao baixo peso do veículo, que fica em 1.029 kg na versão avaliada, tornam o Voyage muito esperto, principalmente em meio ao trânsito urbano. Na estrada, o desempenho é apenas satisfatório, pois o rendimento do bloco 1.6 é nitidamente melhor nas baixas e médias rotações. Em alta, sente-se a perda de performance, mas ao menos o propulsor é suave em todas as faixas de giro.
O Voyage não foi exatamente econômico durante o período em que esteve conosco, apresentando consumo apenas razoável. Contudo, suas marcas foram consideravelmente melhores que as da Space Cross avaliada pelo Autos Segredos em setembro, equipada com o mesmíssimo conjunto motriz. Com etanol no tanque, o sedã obteve médias de 7,0 km/l na cidade e 11 km/l na estrada. Com gasolina, os números naturalmente apresentaram melhora: 8,5 km/l e 12 km/l, respectivamente. Nossas medições foram feitas com o ar-condicionado ligado durante a maior parte do tempo. Vale ressaltar que o consumo de combustível é afetado por diversas variáveis, tais como condições de tráfego, de pista e de relevo, além do tipo de condução do motorista.
O quadro de instrumentos é analógico e inclui marcador de temperatura do fluído de arrefecimento, item que está se tornando raro entre os automóveis mais em conta. O volante tem boa pega, é regulável em altura e profundidade e traz botões para manusear o aparelho de som, que inclui entrada USB e conexão bluetooth, embora todo o sistema de som seja vendido como opcional. Os bancos são forrados com tecido agradável, feito com material derivado de garrafas PET. O encosto segura bem o corpo nas curvas, mas o assento é muito curto e não apoia corretamente as pernas. Painel e revestimentos das portas são confeccionados em plástico rígido, material que predomina entre os modelos de entrada no Brasil. Os arremates são bons, com encaixes precisos e sem rebarbas protuberantes.
LISTA PEQUENA No Voyage, a maior parte dos equipamentos de conforto é oferecida à parte. De série, o sedã vem com poucos itens, entre os quais computador de bordo, direção assistida, travas elétricas e vidros elétricos nas portas dianteiras. Ar-condicionado, chave com telecomando, vidros elétricos traseiros, espelhos retrovisores elétricos, sensores de estacionamento (com gráfico de aproximação exibido no display do cd-player) e rodas de liga leve, mesmo em medida menor, aro 15”, são vendidos como opcionais. Recheado com tudo que se tem direito, o preço salta dos R$ 40.890,00 e bate na casa dos R$ 50 mil. Bem que a Volkswagen poderia ser mais generosa com o pacote, afinal o Comfortline é o top de linha, ainda que estejamos tratando de um sedã de entrada.
No fim da avaliação, fica uma impressão positiva sobre o Voyage. Mesmo sem grandes doses de sofisticação e tecnologia, ele consegue proporcionar condução bastante prazerosa e mostra competência, principalmente em ciclo urbano. A manutenção do entre-eixos do Gol faz com que o modelo não ofereça mais espaço interno que o hatch, mas por outro lado, resulta em dimensões externas mais contidas, algo vantajoso em meio ao trânsito das grandes metrópoles. O problema, mais uma vez, é o preço: os R$ 40.890,00 pedidos pelo sedã aparentemente são competitivos, mas uma olhada na lista de equipamentos logo revela que a versão Comfotline é despojada demais. Deveria incorporar, no mínimo, o ar-condicionado aos itens de série, sem que haja reajuste de preço.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 8 | 7 |
Consumo(cidade e estrada) | 7 | 6 |
Estabilidade | 8 | 8 |
Freios | 8 | 7 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 8 |
Espaço interno | 7 | 6 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 9 | 9 |
Acabamento | 7 | 8 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 7 | 7 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 6 | 6 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 8 | 7 |
Relação custo/benefício | 6 | 6 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ cm³ de cilindrada, 101cv (g)/104cv (e) de potência máxima a 5,250, 15,4 kgfm (g)/ 15,6 mkgf (e) de torque máximo a 2.500 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,1 segundos com gasolina e 9,8 segundos com etanol
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
189 km/h com gasolina e 191 km/h com etanol
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 6 x 16 polegadas, pneus 195/50 R16 (opcionais)
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,215; largura, 1,656; altura, 1,462; distância entre-eixos, 2,465
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; porta malas: 480 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 440 quilos; peso: 1.029 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos