Apesar de ser mais um esportivo de aparência, modelo até consegue entregar desempenho nervoso. Porém, acerto do conjunto mecânico pede condução tranquila
TEMPERAMENTO TRANQUILO As demais versões do March proporcionam uma condução relaxada, com suspensão macia e direção suave. Em relação ao restante da linha, o SR não recebeu modificações nos dois itens em questão. O resultado é um comportamento mais pacato, apesar da disposição do motor. Nas curvas, o conjunto formado por sistemas McPherson na frente e eixo de torção atrás deixa a carroceria inclinar demais e a dianteira não demora a apresentar tendência a sair da trajetória. Além do mais, em alta velocidade, o volante fica demasiadamente leve, pois o sistema de assistência, do tipo elétrico, tem calibragem voltada para o conforto. O hatch não chega a ser inseguro, mas deveria oferecer um acerto mais firme, em virtude da proposta esportiva. O câmbio de cinco marchas com relações curtas é coerente ao priorizar as retomadas, mas tem como consequência o aumento do nível de ruído no habitáculo em viagens: a 120 km/h, o conta-giros registra 3.500 rpm. Os engates são um tanto imprecisos e barulhentos.
PINTURA DE GUERRA Por fora, o March não esconde as pretensões esportivas, com spoilers, aerofólio, adesivos e saída de escape cromada. As rodas de liga leve aro 15’ têm desenho idêntico ao das demais versões 1.6, mas exibem pintura exclusiva, em grafite. Os pneus são estreitos, com medidas 175/60. Talvez um conjunto um pouco mais largo (185/60, por exemplo) contribuísse para melhorar o controle direcional. Por dentro, porém, o hatch é discreto. Não há bancos com apoios laterais mais largos, couro no volante ou o pedaleira em alumínio, sequer tecido com padronagem mais descontraída ou grafia exclusiva nos instrumentos. O cluster, aliás, é exatamente o mesmo presente no restante da linha, sem o útil marcador de temperatura do motor, embora a leitura seja satisfatória. O acabamento também não reserva diferenciações. Painel e forrações de portas são confeccionados em plástico rígido, sempre na cor preta. Há diferentes texturas, que não chegam a ser ásperas ao toque, mas é possível notar rebarbas e encaixes deficientes em alguns locais.
O motorista senta-se centralizado e dispõe de boa visibilidade para todos os lados. A posição de dirigir, entretanto, é prejudicada pela pega do volante, que tem aro fino demais. Outra falha ergonômica é a posição ruim dos comandos dos retrovisores elétricos. O banco compromete um pouco o conforto, pois o assento é muito curto e não acomoda bem as pernas, mas ao menos há ajuste de altura, que não movimenta o encosto. Do mesmo modo, a direção também é regulável, mas apenas no sentido vertical, e não em profundidade. Os retrovisores são bem dimensionados e os limpadores varrem o para-brisa atuam de modo adequado, varrendo boa área e sem ruídos excessivos. Os faróis monoparabólicos iluminam razoavelmente bem e contam com o auxílio de luzes de neblina na dianteira.
A versão esportiva também não se mostrou diferente das demais em termos de consumo. As médias do March SR ficaram em 10 km/l na cidade e 14 km/l na estrada, sempre com gasolina no tanque. Os valores, satisfatórios para a cilindrada, foram obtidos com ar-condicionado ligado durante a maior parte do tempo. O tanque de combustível de apenas 41 litros, contudo, limita a autonomia a cerca de 574 km. Não custa destacar que o gasto de combustível pode ser influenciado por diversas variáveis, como as condições do tráfego, da pista e do relevo, além do estilo de condução do motorista.
O modelo se mantém na média da categoria no pacote de itens de segurança. Airbag duplo e ABS com BAS são de série no March. As frenagens são seguras, sem destaques positivos ou negativos. O banco traseiro oferece apenas dois encostos de cabeça e dois cintos de três pontos, deixando o ocupante central desprotegido. A lista para por aqui: não espere sistema Isofix para fixação de cadeirinhas, sidebags ou controles eletrônicos de tração ou estabilidade. É verdade que tais ausências são generalizadas na categoria, mas o March tem um pecado mais grave quando o assunto é proteção em caso de acidentes: mesmo dotado de bolsas de ar frontais, ele obteve apenas duas estrelas no crash-test realizado pelo Latin NCAP. Alguns rivais, munidos dos mesmos equipamentos, obtiveram três ou até quatro estrelas na mesma avaliação.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 9 | 8 |
Consumo(cidade e estrada) | 8 | 7 |
Estabilidade | 7 | 8 |
Freios | 7 | 7 |
Posição de dirigir/ergonomia | 7 | 7 |
Espaço interno | 7 | 6 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 6 | 6 |
Acabamento | 6 | 7 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 6 | 7 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 7 | 8 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 8 |
Relação custo/benefício | 8 | 7 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ de cilindrada, 111 cv de potência máxima a 5.600 rpm, 15,1 kgfm de torque máximo a 4.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
9,88 segundos com gasolina e 9,49 segundos com etanol (dados de fábrica)
VELOCIDADE MÁXIMA
191 km/h (dado de fábrica)
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve, 5,5 x 15, pneus 175/60 R15
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,780; largura, 1,665; altura, 1,528; distância entre-eixos, 2,450
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 41 litros; porta malas: 265 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 390 quilos; peso: 982 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos