Especial para o Autos Segredos
Confesso que, entre todos os tipos de veículos que costumo avaliar aqui para o Autos Segredos, os SUVs e crossovers são os que considero mais insossos. É que, para qualquer entusiasta de automóveis, inclusive para o jornalista que vos escreve, a dirigibilidade costuma ser fator primordial, e, nesses segmentos, tal aspecto acaba relegado ao segundo plano. Afinal, os utilitários são mais altos, corpulentos e pesados que os automóveis, o que prejudica, na ordem, a estabilidade, a aerodinâmica e o desempenho. E isso sem falar no consumo, que diretamente relacionado aos três fatores citados. O Cherokee mostra de cara, literalmente, que quer causar impacto, com seu desenho frontal característico. Goste ou não, é impossível negar que ele tem personalidade. Mas o melhor é que os atributos dele vão além das aparências: eu gostei muito de guiá-lo. Durante todo o tempo em que estivemos juntos, ele demonstrou, entre outras coisas, que consegue estampar um sorriso no rosto do motorista.
E, verdade seja dita, foi nos trechos de asfalto que o utilitário estampou sorrisos no meu rosto. Nossos testes sempre incluem trechos rodoviários, mas devido ao período de férias, o Cherokee foi submetido a percursos ainda mais longos em estradas. Nas curvas, o modelo mostrou estabilidade exemplar (dentro, é claro, das limitações que qualquer SUV proporciona nesse sentido), proporcionada pela suspensão independente nos dois eixos (com conjuntos do tipo McPherson na frente e multilink atrás), pela direção elétrica bastante progressiva e pela tração 4×4 permanente com operação sob demanda (falaremos mais sobre ela adiante). Nas retas, ele esbanjou desempenho, graças ao motorzão Pentastar V6 3.2 (na verdade, são 3.239 cm³) a gasolina, capaz de gerar nada menos que 271 cv de potência a 6.500 rpm e 32,2 kgfm de torque a 4.400 rpm. A arquitetura é atual, com direito a quatro válvulas por cilindro, com duplo comando variável acionado por corrente e construção de bloco e cabeçote em alumínio. A injeção eletrônica, porém, é do tipo multiponto, e não direta. O propulsor é capitaneado por um câmbio automático de nove marchas, de operação muito suave. Seu único problema é não oferecer paddle-shifts no volante para operá-lo sequencialmente. Para isso, é preciso dar toques na alavanca. De qualquer modo, o arsenal mecânico poderoso faz com que o modelo da Jeep ignore subidas e encare ultrapassagens com extrema agilidade, algo bem útil neste período de início de ano, no qual as estradas ficam mais movimentadas. Em trechos urbanos, as respostas ao acelerador também são imediatas: nem parece que o utilitário tem quase duas toneladas de peso.
SEDENTO É pena que toda a performance que o Cherokee oferece, tanto no asfalto quanto fora dele, cobre um alto preço no consumo de gasolina. Quando é preciso parar em frente à bomba, o motorista lembra-se bem que está ao volante de um SUV pesadão. Em rodovias, as marcas obtidas pelo Auto Segredos ficaram em torno de 8,2 km/l. Em ciclo urbano, a média obtida foi de 6,8 km/l. Dois detalhes incômodos: o consumidor de bordo informa o consumo em l/100 km, e não em km/l, como é padrão no Brasil, e o tanque de combustível de 60 litros limita a autonomia. Tratam-se de pontos que merecem revisão. No mais, como sempre, frisamos que o gasto de combustível relaciona-se a uma série de fatores, entre os quais o elevo, estilo de condução do motorista e as características das vias trafegadas.
O Cherokee é um SUV para cinco ocupantes. Pois é, não há bancos extras no compartimento do porta-malas. Mas os lugares a bordo são, de fato, para cinco pessoas: o banco traseiro comporta três adultos sem apertos para pernas, ombros ou cabeças, mesmo se todos forem mais altos. Na frente também sobra espaço. Os bancos seguem o padrão norte-americano: são muito largos, feitos para apoiar os corpulentos cidadãos estadunidenses. As pernas e a coluna ficam perfeitamente acomodadas. Também há vários porta-copos e porta-objetos a bordo, outro resquício da nacionalidade do SUV. Já o porta-malas é razoável, considerando o porte do veículo: comporta de 412 a 500 litros, sempre até a altura dos vidros (a variação se deve ao fato de os encostos dos bancos traseiros serem reclináveis). Destaque para a tampa externa, com acionamento elétrico para abrir e fechar. O acabamento, como convém a um veículo dessa categoria, é muito bom: painel e portas têm superfícies emborrachadas, e os encaixes são perfeitos.
A lista de equipamentos é muito farta. Além dos itens já citados ao longo do texto, há sistema de partida sem chave, ar-condicionado bi-zona, bancos dianteiros com aquecimento e ventilação (o do motorista tem regulagem elétrica), freio de mao eletrônico, teto solar panorâmico, sistema de entretenimento com tela de toque de 8,4”, comandos de voz, Bluetooth, nove alto falantes, subwoofer e amplificador, entradas auxiliar, USB e SD Card, navegador GPS, faróis e limpadores com acionamento automático, sistema de monitoramento de pressão dos pneus e assistente de partida em rampa. Entre os itens de segurança, há sete airbags (frontais, laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista), encostos de cabeça dianteiros ativos e controles eletrônicos de tração, estabilidade e de rolagem da carroceria, além de freios ABS.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 10 | 10 |
Consumo(cidade e estrada) | 5 | 6 |
Estabilidade | 8 | 8 |
Freios | 9 | 9 |
Posição de dirigir/ergonomia | 9 | 9 |
Espaço interno | 9 | 9 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 8 | 9 |
Acabamento | 10 | 10 |
Itens de segurança(de série) | 9 | 9 |
Itens de conveniência(de série) | 9 | 9 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 9 | 9 |
Relação custo/benefício | 6 | 8 |
FICHA TÉCNICA
Motor
Dianteiro, longitudinal, seis cilindros em V, 24 válvulas, a gasolina, 3.239 cm³ de cilindrada, 271cv de potência máxima a 6.500 rpm e 32,2 kgfm de torque máximo a 4.400 rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral, câmbio automático de nove velocidades
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
SUSPENSÃO
Dianteira independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; traseira independente, de braços múltiplos, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas de 7 x 18 polegadas, em liga leve, pneus 225/55 R18
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
A discos ventilados na dianteira e a discos sólidos na traseira, com ABS
DIMENSÕES
Comprimento, 4,624; largura, 1,859; altura, 1,6832; distância entre-eixos, 2,700
CAPACIDADES
Tanque de combustível, 60 litros; porta-malas, de 412 a 500 l, capacidade de carga (passageiros e bagagem), 454 quilos; peso, 1.834 kg
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos