Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos
O Hyundai HB20 é um fenômeno mercadológico: desenvolvido para o Brasil, fez sucesso imediato e, desde o lançamento, tem ocupado sempre as primeiras posições no ranking de vendas. Em novembro, foi o responsável por fazer a marca sul-coreana abocanhar o quarto lugar em número de emplacamentos no país, ultrapassando momentaneamente a Ford (que, todavia, já recuperou a colocação em dezembro). Em pleno momento de crise, o modelo é um dos poucos fora do segmento premium que não tem sofrido grande retração, tanto que o ritmo de produção na fábrica de Piracicaba (SP) segue acelerado. Aliás, a unidade paulista produz unicamente a linha HB20 (hatch e sedã). Mas, afinal, o que esse carro tem? O Autos Segredos o esmiuçou para responder a essa pergunta.
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O motor 1.6 16V do HB20 adotou um sistema de partida a frio com bicos aquecidos, que substitui o arcaico tanquinho auxiliar, e sofreu um trabalho de redução de atrito, que envolveu os anéis dos pistões e a troca do óleo lubrificante por outro menos viscoso. No mais, a concepção é das mais atuais do segmento, com construção de bloco e cabeçote em alumínio, duplo comando de válvulas, variável na admissão, e acionamento por corrente, cuja vida útil estimada é equivalente à de todo o propulsor, antes da retífica. A atualidade se reflete em bons números de potência e torque para a cilindrada: são 128 cv com etanol e 122 com gasolina, a 6.000 rpm, além de 16,5 kgfm de torque com o primeiro combustível e 16 kgfm com o segundo, a 4.500 rpm. A curva de torque é plana para um motor aspirado, algo logo percebido quando se dirige o hatch, pois as respostas são sempre imediatas. Em qualquer faixa de rotação, basta acelerar para obter respostas. Além do mais, o funcionamento é lisinho, sem quaisquer asperezas.
Todas as modificações técnicas promovidas pela Hyundai, que englobam os pneus verdes, os câmbios de seis marchas e a redução do atrito das peças móveis do motor, visam, também, a redução do consumo de combustível. Novamente, a falta de avaliações anteriores não permite ao Autos Segredos mensurar se houve, realmente, melhora, mas o fato é que o HB20 obteve bons resultados nesse quesito, cravando, com etanol, médias de 7,2 km/l na cidade e de 9,7 km/l na estrada. Como de costume, fica a observação de que o apetite de um veículo diante da bomba é decorrente de uma série de fatores, como as condições do tráfego, da pista e do relevo, além do estilo de condução do motorista.
A reestilização trouxe pouquíssimas mudanças ao interior do HB20. Isso não chega a ser ruim, pois o modelo já dispunha de um habitáculo agradável. O acabamento é um dos melhores da classe. Embora os materiais sejam simples – os plásticos, por exemplo, são todos sem emborrachamento –, o resultado agrada pelo excelente padrão de montagem e pela ausência de rebarbas e de parafusos à mostra. Há também muitos tipos diferentes de texturas e de cores, que quebram a sensação de monotonia presente em outros hatches compactos. Na unidade avaliada, as forrações eram em couro marrom, uma novidade que reveste os bancos e uma grande porção das portas dianteiras (as traseiras são inteiramente forradas em plástico, uma incoerência), mas que não vêm de série, e sim opcionalmente.
A posição de dirigir é boa, mas não ótima. O volante, embora seja ajustável em altura e profundidade, tem aro fino demais, o que prejudica a pegada. E o banco acomoda muito bem a coluna e as coxas, mas a regulagem de altura movimenta apenas o assento, enquanto o encosto permanece fixo. O item que não deixa margem para reclamações é o cluster: os instrumentos têm ótima leitura, e há termômetro do fluido de arrefecimento do motor. Já a visibilidade é boa apenas para a frente. Para trás, o capo visual é muito limitado. Culpa da pequena área envidraçada: não parece, pois a lataria do HB20 tem muitos vincos, mas a base das janelas fica alinhada aos ombros dos ocupantes. Como a linha de cintura ainda é ascendente, os vidros traseiro e laterais traseiros são pequenos demais. Na versão Premium, os faróis têm bloco elíptico e LEDs, esses últimos também presentes nas lanternas, proporcionando uma iluminação muito boa. Os limpadores de para-brisa varrem boa área e trabalham em silêncio.
Conhecidas todas as características do projeto, e como ele se comporta na prática, é hora de saber o que o HB20 entrega em termos de conteúdo, e por qual valor. Pois bem, a versão Premium, avaliada, tem preço sugerido de R$ 58.445, e traz, de série, ar-condicionado digital, alarme, faróis com acendimento automático, computador de bordo, vidros elétricos nas quatro portas com função one-touch, travas elétricas com acionamento automático e retrovisores ajustáveis e rebatíveis eletricamente, rodas de liga leve aro 15”, sensores de estacionamento traseiros, volante multifuncional e sistema de som com conexão Bluetooth, streaming de áudio, MP3 player, entradas USB e auxiliar. Entre os equipamentos destinados à segurança, há, além dos obrigatórios airbags frontais e freios ABS, ganchos padrão Isofix para fixação de cadeirinhas. Ausência grave e incompreensível é a dos controles de estabilidade e tração, mas ao menos os airbags laterais são oferecidos como opcionais. O revestimento em couro dos bancos e a central multimídia com tela touch de 7” e conectividade com iPhone 5 e smartphones Samsung e LG também são vendidos à parte. Completo, o hatch chega a R$ 63.535. Respondendo à pergunta feita no início do texto, esse carro tem um projeto atual, um pacote de equipamentos coerente, um motor que proporciona bom desempenho sem beber demais, e, agora, um câmbio à altura, além de um preço alto, mas que, na atual conjuntura do mercado, não chega a sobressair aos dos concorrentes. Aliás, a julgar pelos números de vendas, o fator bolso não parece ser problema para o público do hatch compacto da Hyundai.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 8 | 9 |
Consumo (cidade e estrada) | 8 | 8 |
Estabilidade | 8 | 8 |
Freios | 7 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 7 |
Espaço interno | 7 | 7 |
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) | 7 | 7 |
Acabamento | 7 | 7 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 7 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 8 | 7 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 8 | 9 |
Relação custo/benefício | 7 | 8 |
FICHA TÉCNICA
»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.591 cm³ de cilindrada, com diâmetro de 77 mm e curso de 85,4 mm, 122 cv (g)/128 cv (e) de potência máxima a 6.000 rpm, 16 kgfm (g)/ 16,5 kgfm (e) de torque máximo a 4.500 rpm
»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático de seis marchas
»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,6 segundos com etanol
»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
190 km/h com etanol
»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
»SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira semi-independente, por eixo de torção
»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve aro 15″, pneus 185/60 R15
»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,920; largura, 1,680; altura, 1,497; distância entre-eixos, 2,500; altura em relação ao solo, 165 mm; peso, 1.071 quilos
»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 50 litros; porta-malas: 300 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 459 quilos
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos