Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos
O novo Uno já não estava assim tão novo. Lançado em 2010, o hatch da Fiat já começava a perder parte de sua jovialidade, em especial diante na nova leva de populares que chegou ao país no ano passado, entre os quais o Ka e o up! Em termos mecânicos, o modelo praticamente não rejuvenesceu; isso ainda deverá demorar um pouco para acontecer, enquanto a marca italiana desenvolve um novo motor 1.0 de três cilindros, de concepção semelhante à dos concorrentes citados. Até lá, o fabricante alterou o exterior, com uma reestilização que modificou para-choques, faróis, lanternas e capô, e, principalmente, no interior, com a troca de painel, volante e forrações das portas. Em outras palavras, mexeu na parte mais fácil, enquanto a mais difícil segue em andamento. Mesmo assim, sem avanços em termos de engenharia, é possível dizer que o carrinho evoluiu.
É pena que, depois que passa o impacto inicial e o motorista coloca o Uno em movimento, nada tenha mudado. Mesmo para um hatch 1.0, o desempenho deixa a desejar. É preciso acelerar fundo sempre para extrair alguma agilidade, inclusive na cidade. Na estrada, resta ter paciência em subidas e atenção redobrada em ultrapassagens. Ao menos, o funcionamento não é áspero, o que ajuda a explorar as rotações mais elevadas. Mas o caso é que, até em alta, a performance deixa a desejar. A culpa dessa morosidade é do motor 1.0, da família Fire, que rende potências de 73 cv com gasolina e 75 com etanol, sempre a 6.250 rpm, além de 9,5 kgfm e 9,9 kgfm de torque com ambos os combustíveis. São números modestos mesmo para a cilindrada, reflexo da falta de tecnologia aplicada ao propulsor, que tem quatro cilindros, oito válvulas e nenhum dispositivo de variação. O bloco é confeccionado em ferro fundido, e o cabeçote, em alumínio. Vale lembrar que o peso da carroceria, de 955 kg, está na média do segmento e não chega a ser exagerado, o que indica que o Uno realmente precisa é de uma atualização mecânica, que ocorrerá quando o motor Fiat de três cilindros chegar ao mercado.
Embora o Autos Segredos costume avaliar o consumo com gasolina, no caso do Uno, as médias foram aferidas com etanol. É que o modelo veio com o tanque cheio do combustível vegetal, e após o esgotamento, não houve tempo suficiente para fazer todas as medições necessárias com o derivado do petróleo. De qualquer modo, o resultado foi bom: o hacth cravou 9,0 km/l em ciclo urbano e 10,9 km/l em rodovias. Como sempre, ressaltamos que o gasto de combustível é influenciado por vários fatores, entre os quais o relevo, o estilo de condução do motorista e as condições das vias, entre outros.
Sobre o Uno Attractive 2015, duas coisas ficaram bem claras durante a avaliação: a primeira é que o banho de loja realmente fez bem, principalmente ao interior. A segunda é que a mecânica continua apresentando rugas, que ficam ainda mais evidentes com a chegada do up! e do Ka, ambos equipados com modernos motores de três cilindros. Até que a Fiat conclua o desenvolvimento de seu próprio propulsor com arquitetura semelhante, poderia ter argumentos de venda melhores se recheasse seu hatch de entrada com mais equipamentos. Porém, como a maior parte dos itens é opcional, o apelo para o bolso também não é tão grande. É verdade que o hatch é competente e tem ótimo renome no mercado, com boa liquidez e fama de robustez e manutenção barata. Somadas todas essas questões, ele é uma opção válida dentro de sua categoria. Mas não chega a ser referência.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 5 | 6 |
Consumo (cidade e estrada) | 8 | 8 |
Estabilidade | 7 | 8 |
Freios | 7 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 8 |
Espaço interno | 7 | 7 |
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) | 6 | 7 |
Acabamento | 7 | 8 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 7 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 6 | 7 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 6 | 6 |
Relação custo/benefício | 7 | 7 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 999 cm³ de cilindrada, 73 cv (g)/75 cv (e) de potência máxima a 6.250, 9,5 kgfm (g)/9,9mkgf (e) de torque máximo a 3.850 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
14,7 segundos com gasolina e 13,8 segundos com etanol
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
151 km/h com gasolina e 153 km/h com etanol
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, traseira, semi-independente, barra de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em aço, 5 x 13 polegadas, pneus 165/70 R13
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,811; largura, 1,636; altura, 1,480; distância entre-eixos, 2,376
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 48 litros; porta-malas: 280 litros; carga útil (passageiros e carga): 400 quilos; peso: 955 quilos
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos