Grande, pesado, robusto, espaçoso, potente e beberrão: modelo derivado da S10 mantém todas as características, boas e ruins, dos veículos que fizeram surgir o segmento de utilitários esportivos
APARATO OFF-ROAD O motorzão é regido por uma caixa automática de seis velocidades, semelhante à de outros veículos comercializados pela Chevrolet: não dispõe de programação Sport ou Snow, mas conta com opção de trocas sequenciais. O que muda é o modo de manuseio, que ocorre não por botões na alavanca, mas por toques na mesma. Tudo bem que o Trailblazer não tem vocação alguma para a esportividade, mas desejável mesmo seria a existência de teclas para comandar o câmbio no volante. Contudo, ainda no que diz respeito à transmissão, o diferencial é o aparato off-road completo, composto por tração 4×4 e reduzida, ambas com acionamento eletrônico. O sistema não é permanente: em uso normal as rodas motrizes são as traseiras. O conjunto mecânico ainda conta com suspensões independentes por braços sobrepostos na dianteira multibraços (fivelink) na traseira, além de direção com assistência hidráulica.
Se por um lado a Trailblazer revela limitações ao trafegar por locais pavimentados, por outro mostra-se totalmente à vontade em vias de terra. O sistema de tração 4×4 com reduzida, a altura de 23,2 cm em relação ao solo e os bons ângulos de ataque e saída são credenciais para incursões por caminhos onde aventureiros e crossovers nem sonham em passar. Os pneus são de asfalto, não de uso misto, o que piora a performance em pisos de baixa aderência, mas ao menos o perfil elevado (265/60 R18) os torna capazes de encarar impactos contra obstáculos. Durante o período em que esteve com o Autos Segredos, o SUV da Chevrolet foi submetido a dezenas de quilômetros em estradas rurais, por onde passou com extrema tranquilidade. O roteiro também incluiu um trecho de trilha, com desníveis, pedras, areia e até um riacho, transposto sem quaisquer dificuldades. Durante todo o percurso off-road, não houve esbarrões contra o solo, mas em locais de vegetação mais fechada foi impossível evitar que as laterais raspassem em arbustos e galhos, pois a carroceria é muito larga e alta. O veículo não chegou a sofrer danos, mas se a aventura tivesse sido repetida mais vezes, provavelmente teriam surgido arranhões na pintura. A avaliação só não teve direito a lamaçais, devido à típica falta de chuva em Minas Gerais durante os meses de junho e julho.
O motorista senta-se em posição elevada, típica de SUV. A ergonomia é correta, com pedais e volante alinhados. Há ainda um generoso apoio para o pé esquerdo, detalhe simples, porém negligenciado por muitos veículos. O banco do motorista, que proporciona bom apoio para as pernas e as costas, dispõe de ajustes elétricos inclusive no sentido vertical, mas a coluna de direção é regulável apenas em altura, não em profundidade. O quadro de instrumentos é completo, mas velocímetro e conta-giros são pequenos, dificultando um pouco a leitura. A visibilidade é boa para frente e para as laterais, mas ruim para trás. Ao menos os retrovisores são grandes e ajudam a ver a retaguarda, além de incorporarem os repetidores de seta. Os faróis iluminam bem, mas considerando a concepção com fachos separados baixo/alto e bloco elíptico, esperávamos resultados ainda melhores. Ao menos há auxílio de luzes de neblina na frente e atrás. Os limpadores não foram submetidos a chuvas e tiveram a eficiência colocada à prova apenas em lavagens, com resultados satisfatórios em termos de silêncio e área de varredura.
SEM OPCIONAIS A Chevrolet comercializa a Trailblazer com um único pacote de equipamentos, que inclui ar-condicionado digital, alarme com acionamento à distância, travas elétricas, retrovisores com ajuste e rebatimento elétricos, cruise-control, computador de bordo, aparelho de som com CD Player, MP3, Bluetooth, porta mini-USB e entrada auxiliar e rodas em liga de alumínio. Entretanto, há algumas ausências incoerentes: só o vidro elétrico do motorista tem dispositivo um-toque, enquanto o sistema multimídia, que incorpora navegador GPS e DVD Player, é vendido como acessório nas concessionárias. Para adquirir a câmera de ré, outro item que integra a lista de acessórios e faz falta em um veículo cujo comprimento beira os 5 metros, é novamente preciso pagar à parte. Como se não bastasse, o veículo só vem de fábrica com sensores de estacionamento traseiros. Os dianteiros, adivinhe, também são comercializados na rede autorizada… Outra baixa digna de nota é o teto solar, indisponível para o SUV.
O consumo da Trailblazer é elevado, graças à associação de motor de grande cilindrada e carroceria pesada. Em circuito urbano, quase todas as aferições ficaram entre 5,0 km/l e 5,5 km/l, sendo que a pior marca foi de 4,5 km/l e a melhor ficou em 6,4 km/l. Já em ciclo rodoviário, as médias normalmente variaram entre 8,0 km/l e 8,5 km/l, com picos de 7,6 km/l e 9,1 km/l. As medições foram feitas com ar-condicionado ligado a maior parte do tempo. A versão V6 consome apenas gasolina e ao menos por enquanto, o SUV não é oferecido com sistema flex. Como sempre, o Autos Segredos
destaca que vários fatores podem interferir no consumo de combustível, tais como características das vias, relevo, condições do trânsito e estilo de condução do motorista.FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, longitudonal, seis cilindros em V, 24 válvulas, gasolina, 3.564 cm³ de cilindrada, 239 cv de potência máxima a 6.600 rpm, 33,5 kgfm de torque máximo a 3.200 rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral com acionamento eletrônico, câmbio automático de seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
9,1 segundos
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
180 km/h
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, com braços articulados e barra estabilizadora; traseira, independente, five-link com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 7,5 x 18 polegadas, pneus 265/60 R18
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,878; largura, 1,902; altura, 1,841; distância entre-eixos, 2,845
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 76 litros; porta malas: 554 litros, podendo variar de 205 a 1.830 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 633 quilos; peso: 2.087 quilos
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 9 | 9 |
Consumo (cidade e estrada) | 5 | 4 |
Estabilidade | 6 | 6 |
Freios | 8 | 9 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 7 |
Espaço interno | 9 | 9 |
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) | 10 | 10 |
Acabamento | 7 | 8 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 8 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 7 | 7 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 6 |
Relação custo/benefício | 6 | 5 |
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos