Sedã carrega consigo todas as características que fizeram a fama dos carros japoneses, mas adaptadas ao gosto norte-americano; preços de R$ 119,9 mil é puxado demais
Especial para o Autos Segredos
O Accord é como um imigrante japonês que chegou ainda criança aos Estados Unidos. Não nega todos os costumes nipônicos, como a organização e o capricho, mas também carrega consigo os elementos da cultura norte-americana: é grande, descomplicado e preza pelo conforto. Isso porque, apesar de carregar em sua grade frontal o emblema de uma marca oriental, ele foi desenvolvido de olho no mercado ocidental, mais especificamente no da terra do tio Sam. Por lá, ele figura há anos entre os 10 automóveis mais vendidos, tem um público mais que fiel e é peça chave na estratégia comercial da Honda. Por aqui, ele tem missão mais modesta: serve, em parte, como um carro de imagem e, embora também atenda a consumidores fiéis, que desejam um produto mais luxuoso que o Civic sem trocar de fabricante, disputa a preferência de poucos compradores, que dispõem de mais de R$ 100 mil para comprar um carro. Como será que o fruto dessa mistura de etnias se comporta no Brasil?
GRANDALHÃO SIM, BEBERRÃO NÃO O consumo foi bom para um sedã de grande porte, indicando que, nesse aspecto, o Accord honrou mais as tradições japonesas que as norte-americanas. O modelo cravou em média 8,0 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada. As marcas foram obtidas sempre com o modo Econ acionado, que altera a programação do câmbio, que passa a fazer trocas em rotações mais baixas, e reduz levemente a alimentação de combustível ao motor, tornando as respostas um pouco mais lentas. Não custa lembrar que o gasto de combustível de um veículo é influenciado por uma série de fatores, como as características das vias, o relevo, as condições do trânsito e o estilo de condução do motorista.
No acabamento, o sedã tem arremates caprichados e bons materiais, como superfícies emborrachadas no painel e fartas porções de couro nas portas, mas plásticos comuns também estão presentes em vários locais, como no console, para lembrar que o modelo da Honda é sofisticado, mas não é premium. A cor predominante é a preta, que causa certa sensação de monotonia, mas tem a vantagem de esconder melhor a sujeira. O espaço interno é muito bom. Mesmo com os bancos dianteiros bastante recuados, os passageiros de trás desfrutam de vãos generosos para as pernas e mesmo pessoas mais altas não rasparão a cabeça no teto. Até mesmo cinco adultos podem se sentar com relativo conforto dentro do Accord. Nessa situação, não há folgas, mas tampouco há aperto excessivo. Já o porta-malas poderia ser maior. Não que a capacidade de 461 litros seja exatamente ruim, mas poderia ser maior ao se considerar as dimensões externas do veículo. Vale lembrar que alguns sedãs compactos têm bagageiros com mais de 500 litros de capacidade. Ademais, a tampa tem dobradiças comuns, que roubam espaço, e não as do tipo pantográfico, mais eficiente. Por outro lado, o vão de entrada do compartimento é amplo, o que facilita as operações de carga e descarga.
Nos itens de segurança, o sedã se sai bem melhor. A lista de itens destinados à proteção dos ocupantes inclui airbags frontais de duplo estágio, laterais de do tipo cortina, cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça para todos. Também há bons equipamentos de segurança ativa, como controles eletrônicos de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e freios a disco nas quatro rodas, com ABS, EBD e assistência de força. Aliás, o Accord apresentou ótimos resultados em frenagens: apesar do peso elevado da carroceria: o sedã sempre foi imobilizado em espaços curtos e sem desvios de trajetória. Em descidas de serra, não foi observado fading.
MAIOR DEFEITO É O PREÇO Como a avaliação do Autos Segredos mostrou, não há muito o que reclamar do Honda Accord como produto. Pelo contrário, ele é um bom sedã e seria uma ótima opção para quem prioriza, acima de tudo, o conforto na hora de comprar um carro. Seria… O problema é que, apesar de não ir além dos concorrentes diretos em mecânica ou em equipamento, o modelo é consideravelmente mais caro, com preço sugerido de R$ 119,9 mil. Para um breve efeito de comparação, um Nissan Altima 2.5 (com 182 cv de potência) custa R$ 99,9 mil e um Fusion 2.5 (175/167 cv, com etanol e gasolina respectivamente) custa a partir de R$ 96,9 mil, chegando a R$ 100 com teto solar. O valor cobrado pela Honda é mais elevado até que o da versão top do Fusion, a EcoBost AWD, que é tabelada em R$ 118,9 mil e que inclui tração integral e motor turbo de 240 cv. Diante de um preço tão fora do contexto do segmento, não há como chegar a outra conclusão: por melhor que seja, o Accord não é nem de longe a melhor opção.
NOTAS | Nilo | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 8 | 8 |
Consumo (cidade e estrada) | 7 | 6 |
Estabilidade | 8 | 7 |
Freios | 9 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 9 | 9 |
Espaço interno | 10 | 10 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 9 | 8 |
Acabamento | 9 | 8 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 9 | 8 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 7 | 7 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 8 | 7 |
Relação custo/benefício | 4 | 5 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina, 2.356 cm³ de cilindrada, 175 cv de potência máxima a 6.200 rpm, 22,9 de torque máximo a 4.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, independente, multilink
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 16 polegadas, pneus 215/60 R16
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,890; largura, 1,85; altura, 1,475; distância entre-eixos, 2,775
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 65 litros; porta malas: 461 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 454 quilos; peso: 1.506 quilos
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos