Por Marcelo Iglesias
Com a crise que caiu sobre o Brasil depois de 2014 vender carro popular deixou de ser um bom negócio. Afinal, o consumidor que buscava modelos de entrada perdeu linhas de crédito e viu o sonho do carro novo ficar para quando Deus quiser. As montadoras prontamente começaram uma devassa nas bases de seus portfólios e equiparam seus compactos para buscar rentabilidade com o preço maior.
Nessa toada os sedãs médios também precisaram se qualificar e ficaram caríssimos. Corolla, Civic, Focus, Sentra e Cruze se renovaram para atrair aquele comprador que flertava uma Série 3, que ficou caro demais, e preferiu levar para casa um médio de menor garbo. E no meio do caminho ficou o Volkswagen Jetta.
A VW chegou a aposentar o motor 2.0 de 120 cv para dar lugar ao 1.4 turbo de 150 cv, mas mantinha a silhueta antiga. Eis que há poucas semanas o Jetta virou a chave e estreou sua nova geração. E adivinhe? Ficou caro. Na verdade, caríssimo, partindo de R$ 110 mil, enquanto seu antecessor começava em R$ 97 mil.
Não se deve negar que o Volkswagen Jetta é um automóvel notável, mas convenhamos que iniciar em R$ 110 mil afasta muito de seus clientes que buscam algo além do Virtus, com seu acabamento de Voyage. Daí o caminho menos oneroso para levar um Jetta para casa é apostar numa unidade usada.
A geração passada foi apresentada em março de 2011, com duas opções de motores 2.0 de 120 cv e 2.0 turbo de 200 cv. Eram automóveis distintos, para públicos distintos assim como o Virtus MSI e Virtus Highline.
Apesar de boas qualificações de cada versão fato é que a versão com motor aspirado não anda bem e bebe muito. Já a turbinada bebe bem, anda como o diabo, mas é caro. Assim, a melhor opção é versão Comfortline equipada com motor 1.4 turbo de 150 cv. O mesmo que equipa a nova geração.
A versão foi oferecida entre 2016 e o primeiro semestre deste ano, com preços entre R$ 79 mil e R$ 89 mil, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Para quem tem a grana para investir num Virtus Highiline completão, dá para levar um Jetta Comfortline, ano 2016, e ainda sobrar um troco. A diferença é que ele não virá com quadro de instrumentos digital, mas conta com acabamento infinitamente superior.
Nos classificados, seus preços variam de R$ 60 mil a R$ 83 mil, mas a média fica em torno de R$ 73 mil. Uma das razões para seu preço ficar abaixo da referência da Fipe e seu custo de manutenção elevado. Pastilhas, amortecedores, discos, correias podem estourar o orçamento na hora de manda-lo para a oficina. Mas o Jetta tem atributos que fazem jus a conta salgada na revisão.
Sedã tem uma lista de equipamentos vem farta:
O Jetta 1.4 é um sedã equilibrado que se sobressai pelo excelente consumo na ordem de 11 km/l na cidade, com gasolina. Seu motor é bastante eficiente e casa bem com a caixa automática de seis marchas. Seus 25,5 mkgf de torque garante vigor nas ultrapassagens e retomadas. A suspensão tem ajuste firme e apesar de não contar com sistema multilink na traseira, o carro tem excelente estabilidade. Dói um pouquinho na lombar, mas nada que te faça sofrer.
A posição de dirigir é bem típica dos VW com assento mais baixo e os comandos sempre estão próximos da mão. O acabamento impressiona pela qualidade dos materiais e pela montagem. Já o espaço é mais que suficiente para quatro adultos e o quinto passageiro consegue viajar com relativo conforto.
O Volkswagen Jetta Comfortline 1.4 é um automóvel qualificado e que seguramente é a melhor opção para quem busca o sedã em sua geração passada. O preço é um fator atraente, uma vez que custa menos que seu irmão compacto e (bem menos) qualificado e oferece conteúdos que a nova geração que custa uma baba. O senão fica por conta da oficinal que é cara. Proprietários costumam a se queixar dos custos das peças. Por outro lado, o consumo é um ponto a ser levado consideração, mesmo sendo um carro que só bebe gasolina.
