Com passaporte carimbado para o Brasil, em 1959, o francês Simca Chambord chegava esbanjando requinte com um desenho moderno carregado por adornos que o faziam ser o mais belo dos automóveis fabricados por aqui.
Em meados da década de 1960, a concorrência já havia crescido contando com Aero Willys e Alfa Romeo 2150 projetos que tiveram um investimento pesado de suas fabricantes para modernizar e atualizá-los.
No salão de São Paulo de 1966 a Simca apresentava para o grande público e a imprensa especializada seu mais novo produto, o Esplanada. Na dianteira, os novos faróis em formato hexagonal com belas formas chamavam atenção junto a grande cromada de frisos horizontais e novos para-choques, a traseira trazia novas lanternas verticais de formato retilíneo e completava o estilo sóbrio, porém alinhado com as últimas tendências norte-americanas.
O propulsor V-8 EMI-SUL ganhava um novo carburador, agora de corpo duplo DFV que conservou o torque de 23mkgf disponível aos 3.300rpm e os 140cv de potência que o levavam a 160km/h com facilidade.
Com a compra da Simca do Brasil pela Chrysler, em poucos meses mudanças drásticas aconteceram dentro da fabricante, o então engenheiro Jean Jacques Pasteur que tomava as rédeas da fabricante francesa deu lugar ao americano Victor G. Pike.
A tarefa de Pike era reconquistar os clientes da Simca, em toda a jornada do luxuoso francês em terras brasileiras os problemas de qualidade sempre rodearam seus produtos, boa parte disso arranhou a qualidade e a confiança no automóvel.
Para isso foram despachados dois Esplandas para a central de engenharia da Chrysler, em Detroit, para passar por uma longa bateria de testes de qualidade que resultou em 53 modificações, tudo em nome da credibilidade.
Em 1967, a Chrysler assumia o controle total da Simca, descontinuando a fabricante francesa e seus produtos, que passaram a ser identificados pela plaqueta no porta-malas “Fabricado pela Chrysler do Brasil”. A linha da fabricante americana era composta por duas versões, o Esplanada a opção mais luxuosa contava com todos os mimos e requintes de acabamento e a versão de entrada Regente que tinha o básico em um automóvel com a qualidade e o acabamento digno de um modelo da sua categoria e não um pé-de-boi.
Para impulsionar as vendas, a Chrysler passou a oferecer a inovadora garantia de dois anos ou 36 mil quilômetros destacando a confiança que o fabricante tinha em seu produto, uma tática que beneficiava o consumidor e reconstruía a imagem da marca e de seus produtos.
Grande parte da construção da imagem da Chrysler no Brasil foi apoiada numa forte campanha publicitária que acompanhou a evolução de seus produtos sempre destacando o apelo elegante com descontração no layout e na tipografia usando e abusando das modelos loiras guiando os novos veículos da marca.
No Salão do Automóvel de 1968 a Chrysler apresentava a versão apimentada denominada GTX que tinha com novidade o câmbio manual de quatro velocidades com alavanca no assoalho, que já era um opcional na versão básica.
O motor era o mesmo Emi-Sul que equipava as demais versões, mas, o chamariz dessa versão estava em seu exterior que se diferenciava pelas molduras pretas dos faróis, rodas cromadas exclusivas e faixas pretas de ponta a ponta sem contar as cores exclusivas, como opcional havia faróis de neblina e teto de vinil. O interior vinha bancos dianteiros individuais e mais anatômicos separados por um console no centro com um aplique que imitava jacarandá, sem deixar de lado a sofisticação.
Havia itens exclusivos que faziam a febre entre os jovens como o conta-giros, um item ainda raro e o volante Walrod de três raios com vazados circulares que oferecia boa pega digno de um esportivo que se prese.
O desempenho do GTX não chegava a impressionar no teste da revista QUATRO RODAS em março de 1969, o GTX marcou a velocidade máxima de 165,19km/h na sua melhor passagem, porém a aceleração de 0 a 100km/h perdeu para o Regente, ficando com 15,3 segundos, contra 14,7 da versão básica da linha.
Esta foi a última novidade apresentada pela Chrysler para o Esplanada, em 1969 era apresentado o Dodge Dart já como modelo 1970, um automóvel com projeto mais moderno e soluções atuais para os novos tempos que viriam, os dois modelos conviveram juntos por um tempo até sua aposentadoria natural no primeiro semestre de 1970 dando espaço para a brilhante carreira do Dart e suas variantes.
Fotos | Chrysler/Reproduções