Por Júnior Almeida/Esporte Automotor
Especial para o Autos Segredos
Realmente há alguns automóveis que me chamam atenção, não só pela beleza, motorização ou o status que trás possuí-lo, mas o melhor é conhecer a história que o cerca. Com esse objetivo passarei a publicar semanalmente a minha coluna na qual trarei no ponto de vista de um publicitário, apaixonado e colecionador de automóveis antigos um pouco da história dos modelos que marcaram época.
Aos que detinham uma renda um pouco maior, a DKW atendia suas necessidades com uma ampla gama de veículos, com o sedan Belcar, a perua Vemaguet e o utilitário Candango com preços que demonstravam o maior requinte em acabamento, motorização e produção se comparado com os populares da época mas a DKW queria algo mais, ela queria chegar ao topo dos automóveis mais luxuosos disponíveis até então, estes Aero-Willys e Simca Chambord que atendiam a elite da sociedade brasileira.
Para isso, encomendou para a Carrozzeria Fissore renomada empresa italiana a função de desenvolver um sedan de duas portas baseado no mesmo chassi e mecânica dos demais automóveis da gama DKW.
Ao adentrar no luxuoso interior do Fissore, os ocupantes eram recebidos por uma espécie de luz de aviso nos batentes das portas para sinalizar que estivam abertas.
O interior esbanjava glamour nos bancos inteiriços ou opcionalmente individuais reclináveis que deixavam o Fissore com um charme a parte perto dos outros membros da família DKW.
O painel, bastante completo acompanhava o requinte dos assentos, mas a maior novidade estava no uso de alumínio cromado que tomava conta do painel e dos botões, bem centralizado ficava o rádio que era item de série e certamente não iria faltar uma boa música do Frank Sinatra ou Nat King Cole.
Depois de aplicar o jeitinho brasileiro a produção em fim começou, o Fissore era produzido em duas linhas de montagem, uma que montava a carroceria e na outra montava-se a tapeçaria do interior e a montagem final era intercalada com os outros modelos produzidos pela DKW.
Mas mesmo assim, a perfeição no primeiro ano de produção do Fissore não foi seu ponto forte, pois pela pressa em ajeitar o ferramental fez com que o sedan saísse da linha de produção necessitando de muitos retoques na carroceria e reforços em estanho além de massa plástica que evitavam as vibração e ondulação das chapas que refletiram em um maior peso total do veiculo superando os 980kg planejados.
Com esse excesso, o desempenho do pacato motor de 980cm³ foi prejudicado e ao decorrer dos anos foram sendo introduzidas melhorias mecânicas como o diferencial reduzido 5,14:1, vidros de espessura mais fina que o normal, melhoria dos estampos de carroceria e finalmente foi adotado uma curiosa solução de durante o teste de dinamômetro, os motores que apresentavam mais dos pacatos 50cv eram separados e utilizados nos Fissore e para dar aquela sensação de velocidade o velocímetro era envenenado antes de serem entregues as concessionárias. Mas junto a esses problemas, foi desenvolvido o Lubrimat um reservatório que mantinha o os 3,5 litros de óleo dois tempos no compartimento do motor e automaticamente misturava o óleo à gasolina e dispensava o motorista de ter que fazer isso manualmente.
Fotos | DKW/divulgação