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| em 9 anos ago

Segmentos, equipamentos e as distorções nos preços

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Nunca me impressionei com filmes de terror. Tudo que aparece na tela é uma ficção hollywoodiana e não consigo esquecer isso. Hoje, o que realmente me deixa impressionado são os configuradores de carros novos. Difícil encontrar um carro novo com ar, direção e trio elétrico por menos de R$ 35 mil.

Esta manhã mesmo, fui ver o preço de um Renault Clio tendo em mente algo como R$ 27 mil. Bem, está R$ 31 mil. É o mesmo que pede em um VW Gol Special ou um Take Up!. Um Uno está R$ 28 mil e um Chevrolet Celta, R$ 35 mil. Ah, e um Sandero parte dos R$ 34 mil.

Mas eu ainda acredito que, diante das vendas dos últimos meses, as concessionárias estejam oferecendo bons descontos para o comprador ter a impressão de estar saindo no lucro.

E o preço nem chega a ser o maior problema. Era esperado o aumento do IPI cheio e, certamente, há um montante para compensar a queda nas vendas este ano – e o que se perde sem vender na escala projetada inicialmente. Mas nem sempre os modelos mais caros acompanham estes aumentos na mesma velocidade, justamente por não terem nascido como carros de muita escala. A diferença de preço dos compactos diminui e, equipando-se o carro, o resultado é uma grande distorção.

A distância entre os compactos de entrada, os “premium” e os médios está cada vez menor. E a diferença entre os equipamentos oferecidos, também. Sistemas multimídia, ar-condicionado digital, câmbio automático e bancos em couro não estão mais restritos aos médios. Isso é bom, mesmo que o resultado seja um Peugeot 208 ou Hyundai HB20 de R$ 60 mil ou um Ford Fiesta de R$ 64 mil. Em tempos de pacotes de equipamentos fechados, ter opção sempre é bom.

Há casos de deixar qualquer um em dúvida. Como gastar R$ 60 mil em um 208 Griffe quando um 308 Active custa R$ 62.300? Indo na sequência de carros com o mesmo motor há o Punto Sporting 1.8 por R$ 55 mil e o Bravo Essence por R$ 63 mil. E, nesse caso, o Punto até parece mais interessante…

Up!, Gol e Fox custam praticamente o mesmo. Porém, enquanto R$ 15 mil reais separam um Fox Highline equipado de um Golf Highline, R$ 10 mil separam o SpaceFox Highline completo do Golf Variant Comfortline. Para o Space Cross a distância é de R$ 6 mil. É muito pouco para o abismo técnico que há entre um modelo e outro.

Na Volks ainda vale outro exemplo: o Voyage Evidence, que sai por cerca de R$ 63 mil ao mesmo tempo que o Jetta de entrada custa R$ 70 mil. Antes ainda havia o Polo entre os dois. A Chevrolet resolveu isso fazendo o Prisma LTZ 1.4 Automático custar o mesmo que um Cobalt LTZ 1.8 Automático: R$ 63 mil. Neste caso, o Cruze começa em R$ 74 mil.

Mas qual seria, então, a distância correta entre cada segmento?

Fotos | Volkswagen, Renault e Peugeot/Divulgação

Henrique Rodriguez

Henrique Rodriguez é jornalista, técnico em manutenção automotiva e estudante de eng. mecânica. É editor executivo do Novidades Automotivas e tem um Fusquinha 73.