EcoSport
Foto | Ford/Divulgação

Por Marcus Celestino

Muita coisa era diferente em abril de 2009. Luiz Inácio Lula da Silva era o Presidente da República e Rubens Barrichello ainda estava na Fórmula 1 — e lutaria pelo título mundial com um surpreendente bólido da Brawn GP. O novo Acordo Ortográfico havia sido “lançado” recentemente, em janeiro, bem como o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, que começou a vigorar quase no mesmo dia em que o Autos Segredos nasceu. A Netflix não havia chegado ao Brasil e você alugava filmes em vídeo-locadoras. O Ford EcoSport reinava absoluto na categoria de SUVs, Michael Jackson ainda estava vivo e a Marvel Entertainment não estava sob o guarda-chuvas da Disney. A tecnologia embarcada no seu automóvel também era outra. À época, ar-condicionado, direção assistida, vidros e travas elétricas eram itens de série raros em carros populares. Hoje são presença certa, com uma exceção ou outra, em veículos de entrada.

Fiat Argo 1.0
Foto | Fiat/Divulgação

“Os carros cresceram em tamanho. O Argo, por exemplo, é muito maior do que era o Uno. Os carros se tornaram maiores, mais confortáveis e, obviamente, ganharam muito mais conteúdos”, avalia Ricardo Dilser, assessor técnico do grupo Fiat Chrysler (FCA). Em 2008, segundo pesquisa da Jato Dynamics, menos de 25% dos carros comercializados eram equipados com vidros e travas elétricas. 17% dos veículos novos tinham ar-condicionado e apenas 52% contavam com direção assistida, geralmente hidráulica. De lá para cá, as fabricantes passaram a optar pela direção assistida eletricamente, espécie de evolução natural. Além de ser mais leve nas manobras e mais conectada em alta velocidade, ela não precisa da bomba hidráulica atrelada ao motor. Esse sistema evita perda de potência e também otimiza o consumo de combustível.

“Na direção hidráulica, por ser um sistema anterior e um pouco mais mecânico [por não ter, de fato, uma assessoria eletrônica], você tem uma curva fixa de esforço em função da velocidade. Na direção elétrica, esse esforço pode ser feito da maneira que você quiser através de um software de computador, ou seja, eu consigo deixar o volante pesado a hora que eu quiser, macio a hora que eu quiser”, explica Dilser.

Accord 2.0 turbo
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Assim como a direção assistida, o ar-condicionado também evoluiu. O sistema se tornou mais eficiente sob o ponto de vista energético e passou a demandar menos do motor. “O ar-condicionado dos carros hoje, sobretudo dos digitais, onde você consegue configurar a temperatura tanto de um lado quanto de outro, é mais inteligente. Ele [o sistema] consome menos energia do motor e, assim, você consegue ter um ar-condicionado mais eficiente, que gela mais o ar e que consome menos combustível. Ele consegue fazer uma leitura da temperatura externa com a temperatura que você colocou como alvo e vai trabalhar sempre de uma maneira muito mais eficiente, roubando menos potência do motor”, comenta o assessor técnico da FCA.

E tome controle

A evolução da tecnologia embarcada nos veículos atuais, se comparados aos de 2009, não se restringe aos itens de conforto. As suspensões melhoraram e tornaram os carros mais seguros e estáveis. As fabricantes passaram a usar mais do tempo de desenvolvimento do componente nos simuladores, o que garante melhorias no comportamento dinâmico do veículo.

Suspensão

“Com essas ferramentas de simulação, a gente conseguiu evoluir muito os equipamentos da suspensão como mola, amortecedor e batente. Então, hoje a gente consegue ter um carro muito mais confortável, muito mais seguro e estável do que ele era há dez anos”, ressalta Ricardo Dilser.

Corolla
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Os assistentes eletrônicos ajudam. E muito. Se em 2008, segundo a Jato Dynamics, nenhum carro vendido nas concessionárias contava com assistente de partida em rampa e controles de estabilidade e tração, hoje a porcentagem subiu para quase 45%. “Fato é que a eletrônica trouxe uma grande melhoria tanto no desenvolvimento da suspensão quanto no controle dinâmico do veículo através desses sistemas”, finaliza o assessor técnico da FCA.

Infotenimento 

Lembra do DROID? Lançado em 2009, o smartphone da Motorola tinha teclado QWERTY e foi o primeiro aparelho a ser vendido no Brasil com o Android 2.0 como sistema operacional. Além disso, foi o primeiro telefone celular com navegação ponto a ponto usando o Google Maps. E do iPhone 3GS? Você se lembra? Ele foi o primeiro smartphone da Apple a ter voice control, com capacidade de armazenamento de 32GB e equipado com o sistema iOS 3.0. Naquele ano, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país tinha 173,9 milhões de celulares em operação — sendo poucos deles smartphones. Em 2018, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o Brasil já tinha mais um de smartphone ativo por habitante. E mais: segundo levantamento do IBGE, os aparelhos são responsáveis por 98% dos acessos à internet no país. As fabricantes de automóveis seguiram a tendência.

HB20
Foto | Hyundai/Divulgação

Para atender a um público cada vez mais exigente, as empresas passaram a dar de ombros para o tradicional rádio, que ocupa os painéis de veículos no Brasil há décadas, para focar em dispositivos com inúmeras funções, desde a navegação até a conectividade por meio de aplicativos. As fabricantes passaram a tratar o smartphone como uma extensão do condutor e, por conseguinte, começaram a oferecer o uso mais cômodo do aparelho dentro do carro.

Central multimídia
Foto | Malros Ney Vidal/Autos Segredos

“O infotainment é, de fato, o item que mais evoluiu no carro nos últimos dez anos. [Destaco] a capacidade de reconhecimento de voz, a capacidade de espelhamentos dos celulares e a capacidade e a naturalidade do uso dos aplicativos do telefone que a central de infotainment dos carros hoje já reconhece”, destaca Ricardo Dilser. “O carro passou a ser uma extensão do uso do infotainment através do celular do cliente. Você tem um carro muito mais conectado. Uma extensão do que a gente tem no uso diário do nosso smartphone”, ressalta o assessor técnico.

Conectividade

A conectividade com smartphones Android e Apple permite interações entre o sistema de infotenimento e os aparelhos. O condutor tem acesso intuitivo a várias aplicações do seu telefone  por meio do automóvel sem precisar desviar tanto a atenção do volante, o que diminui o risco de acidentes. O Apple CarPlay foi lançado em 2014 e o Android Auto em 2015. Desde então, boa parte dos sistemas já são compatíveis com eles. Com isso, o motorista pode utilizar Waze, Spotify, Deezer, Google Maps e outros apps por meio do multimídia. E pensar que os primeiros aparelhos com Android chegaram ao Brasil em 2009 e que a Apple só empregou o controle de voz em seus smartphones no mesmo ano… O tempo passa, amigos.

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