Fiat Mobi Like ganhou suspensão elevada na linha 2021 para fazer frente ao Renault Kwid

Por Marcelo Jabulas

Há 10 anos o segmento de populares dominava o varejo de automóveis no Brasil. Modelos como Gol, Palio, Uno, Mille e Classic lideraram os rankings de emplacamentos. Hoje os populares desapareceram e o segmento de entrada conta apenas com dois concorrentes: Fiat Mobi e Renault Kwid. Mas qual deles é a melhor opção?

Selecionamos as opções intermediárias Like, para o italiano, e Zen, para o francês. Essa versão do Mobi é oferecida por R$ 46.490, enquanto o Kwid parte de R$ 46.990.

Nos dois casos, a cesta de conteúdos é bem enxuta. Os dois oferecem ar-condicionado analógico. O francês conta com direção elétrica, enquanto o italiano recorre a convencional assistência hidráulica. Os dois oferecem vidros dianteiros elétricos, mas apenas o Mobi conta com travas elétricas nas quatro portas. Por outro lado, o Kwid oferece rádio (com MP3 e USB), algo que é ficção nessa versão do italiano.

Opcionais

O Mobi Like pode ser equipado com dois pacotes Fit In (Volante com regulagem de altura, cintos dianteiros com regulagem de altura, comando interno abertura porta mala e tanque de combustível, por R$ 400) e Pack Multimídia que adiciona central multimídia Uconnect de sete polegadas (com Android Auto e Apple CarPlay, com conexão sem fio, comandos no volante e sistema de reconhecimento de voz), por R$ 2.800. As opções de pintura variam de R$ 750 a R$ 1.550. Completinho, a versão salta para R$ 51.240.

Já o Kwid Zen não tem nenhum opção disponível. O único acréscimo é a pintura metálica (R$ 1.450), que eleva seu preço final para R$ 48.440.

Nesse ponto o Mobi leva a melhor, pois permite a inclusão de sistema multimídia de fábrica. Apesar de elevar o preço final, o multimídia se tornou item indispensável nos dias de hoje, ainda mais com opção de conexão sem fio.

Já no caso do Renault, o consumidor terá que buscar uma solução, caso queira, no varejo de acessórios. Escolha que pode comprometer os termos de garantia. Ou desembolsar uma grana a mais para pegar uma versão superior equipada com sistema multimídia.

Segurança

Em termos de segurança, o Fiat Mobi conta apenas com o básico exigido pela lei. Duplo airbag frontal, freios ABS, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, além de ganchos com Isofix. O Kwid oferece airbag lateral como equipamento extra.

No latin NCAP o Mobi ficou com uma estrela na proteção para adultos e duas para crianças. O Kwid obteve três estrelas para os dois perfis de passageiros.

Dimensões

Mobi e Kwid são automóveis citadinos por função. O francês leva a melhor no comprimento (3,68 m), entre-eixos (2,43 m) e porta-malas (290 litros). Enquanto o italiano entrega 3,56 m de comprimento, 2,30 distância entre os eixos e 210 litros no bagageiro.

Por outro lado o Mobi é mais largo e mais alto. São 1,63 m de largura contra 1,57 m do francês. Assim como o Mobi tem 1,50 m de altura, enquanto o rival oferece apenas 1,40 m.

Ou seja, para o consumidor que pensa num automóvel para deslocamento na cidade, o Fiat é uma opção mais confortável. Por ser mais alto e largo acomoda melhor o motorista de maior estatura. Já o Kwid tem mais espaço para o joelho de quem viaja atrás, mas lotado até quem vai na frente esfrega os ombros.

Motor e câmbio

A dupla é equipada com motores 1.0 e caixas manuais de cinco velocidades. O Mobi recorre ao velho Fire EVO 1.0 8v de 75 cv e 9,9 mkgf de torque. Já o Kwid conta com uma unidade 1.0 12v três cilindros de 70 cv e 9,8 mkgf de torque.

Apesar dos 5 cv a mais do motor Fiat, o torque dos concorrentes é praticamente o mesmo. No entanto, o motor italiano entrega toda sua força em 3.850 rpm. Já o Renault precisa esticar a até 4.250 giros para chegar ao pico de torque.

Pode parecer pouco, mas numa retomada a entrega mais rápida de torque garante manobras mais seguras. Numa ultrapassagem significa completar a tarefa com mais agilidade com menor tempo na faixa contrária.

O Kwid poderia ter mais esperto, se a Renault não tivesse economizado no seu projeto. Seu motor não conta com variador de fase no cabeçote, como na versão para Sandero e Logan, que entregam 12 cv e 0,7 mkgf à mais. Nessa briga em cada parafuso conta, o francês poderia ter se sobressaído.

Já a transmissão nos dois casos oferecem engates pouco precisos e escalonamentos muito parecidos, com as primeiras bem curtas.

Suspensão e freios

Os dois modelos recorrem ao trivial sistema McPherson, na dianteira, e eixo rígido na traseira. Os dois contam ajuste elevado, que ajudam a enfrentar a buraqueira das vias brasileiras. Nos dois casos os acertos também são firmes. Já os freios utilizam discos na frente e tambores atrás.

O Mobi Like 2021 recebeu alterações em sua suspensão e passou a contar vão livre de 19 centímetros em relação ao solo e ângulo de entrada de 24°. Já o Kwid Zen tem 18 centímetros de vão livre e os mesmos 24° de ângulo de entrada.

Estilo

Carros de entrada geralmente são oferecidos sem muitos adereços estéticos. Isso empobrece a decoração, mas também ajuda a reduzir o valor na etiqueta.

O Mobi é um caixotinho, com linha de cintura elevada, tampa do porta-malas em vidro e conjunto ótico que “franze a testa” Não se pode negar que ele tem sua personalidade. Já o Kwid parece um mini utilitário. Tem caixas de rodas retangulares que dão um aspecto robusto.

Por dentro

O acabamento dos dois modelos é o que há de mais simples que se pode comprar. Plásticos simples e nenhum tipo de material mais refinado. O padrão montagem não difere entre o Fiat e o Renault. O que não significa que são excelentes, mas nos dois casos há um maior cuiado para não deixar rebarbas expostas.

O nível de ruído dos dois é elevado. Efeitos colaterais de projetos de baixo custo. Mas o Kwid é mais barulhento. O isolamento acústico é ruim e tudo que acontece lá fora invade a cabine, inclusive o vento em velocidades acima dos 90 km/h. O Mobi também está longe de ser uma referência, mas é menos ruidoso.

Veredicto

Mobi Like e Kwid Zen são automóveis muito parecidos. São dois carrinhos feitos para o uso urbano. O Kwid tem como diferencial o espaço maior de porta-malas e entre-eixos com gratos 13 cm, que permitem quatro ocupantes com mais espaço. Por outro lado a largura não ajuda quando a lotação está completa.

Já o Mobi oferece mais espaço para o motorista, o que permite pessoas mais altas se acomodarem melhor. Seu porta-malas tem 80 litros a menos que do francês. Mas o italiano figura como uma opção interessante para aquele consumidor que precisa de um carro para rodar na cidade e não exatamente para ser a opção familiar.

Seus 13 cm a menos no comprimento podem fazer falta numa carona, mas dão a ele mais agilidade no trânsito e facilitam na busca por vagas. Literalmente, o Mobi cabe em qualquer fresta.

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