Estudante restaura Elba S 1986 e conquista a cobiçada placa preta para perua italiana

Por Eduardo Rodrigues
Especial para o Autos Segredos

O Fiat Uno é um dos carros mais amados do Brasil, durante seus 29 anos de produção fez parte da vida de muitos brasileiros. O Uno também serviu de base para uma grande família de carros, como a perua Elba, o sedã Premio e o Fiorino em versões picape e furgão. Enquanto o Uno já goza do status de clássico e pode ser encontrado em encontros de antigos ostentando placa preta, seus derivados parecem não ter entrado no imaginário dos colecionadores.

Essa raridade de encontrar uma Elba S de placa preta foi um dos motivos para que o estudante João Lucas da Silva, de Conselheiro Lafaiete (MG), tomasse a iniciativa de restaurar uma Elba 1986 que seu pai havia comprado para usar na roça. João Lucas sempre sonhou em ter um Fusca ou um Opala de placa preta, quando essa Elba branca entrou na família em 2016 o jovem viu um clássico em potencial.

Elba S estava boa de lata

O carro estava bom de lata e havia muitos dos componentes originais, o carro foi comprado da mãe de um amigo que foi dona do carro por 10 anos, mas o deixou parado por muito tempo. A Elba S estava com a frente reestilizada apresentada em 1991, com faróis e grade menores, uma prática comum da época para deixar o carro com aparência mais moderna. Peças como as lanternas traseira, vidros laterais e traseiro e faróis dianteiros são componentes originais da época. Essas peças apresentam marcas do tempo, mas o dono optou por mantê-las por trazer maior originalidade.

João Lucas e seu pai Marcos refizeram o motor 1.3 a álcool juntos, tudo dentro das especificações originais para conseguir a tão almejada placa preta. Esse motor produz 59,7 cv e 10 m.kgf, segundo teste de época realizado pela revista Quatro Rodas a Elba S equipada com esse motor faz de zero a 100 km/h em 17,38 segundos e atinge 146,341 km/h de velocidade máxima. Desempenho modesto para os padrões atuais, porém condizentes com um carro familiar da época sem pretensões esportivas.

Primeiro ano

A Elba S de João Lucas é do primeiro ano de fabricação da perua, em 1985 a Fiat havia dado o primeiro passo para o crescimento da família Uno com o Premio e a Elba chegou em seguida em 1986. Essa unidade é do modelo S, que era a versão de entrada, e está equipada com apenas dois opcionais: limpador e desembaçador do vidro traseiro e vidros traseiros basculantes. O acabamento é espartano, os bancos são forrados de tecido onde o corpo dos passageiros toca e courvin nas laterais e parte traseira dos bancos. Os itens de conveniência se resumem a ventilação forçada, o acendedor de cigarros e o inconfundível cinzeiro removível, que também pode servir como porta-objetos.

No mundo antigomobilista é mais comum preservar os modelos de luxo ou esportivo dos carros, por terem sido os mais desejáveis em sua época. Essa Elba S tem o seu valor justamente por mostrar como eram os carros comuns da época, que são usados de forma mais severa e acabam sumindo das ruas. João Lucas conta que não foi difícil conseguir o certificado de originalidade, o clube que fez a inspeção pediu apenas que trocasse o volante que estava danificado. Os anos de trabalho dessa Elba terminaram, o dono diz que pretende manter o carro na família e não vende.

Porta-malas generoso

A Elba tinha como atrativo o porta-malas de 610 litros (1.749 com o banco traseiro rebatido), que é acessado por uma grande abertura que vai do para-choque ao teto. Essa capacidade atraiu famílias e também pessoas que usam o carro para carregar grandes volumes, a capacidade de carga de 460 kg demonstra a valentia da perua compacta.

Acima da Elba S havia o modelo CS, que vinha equipado com o motor 1.5 produzido na Argentina pela Sevel. O modelo CS vinha com o primeiro computador de bordo a ser equipado em um carro nacional, que havia estreado no Premio. Em 1987 a perua ganhava versão de quatro portas, no ano seguinte chegava o modelo CSL ainda mais equipado e com mais potência no motor 1.5. Em 1989 o painel mudou e perdeu os comandos satélite no modelo CSL, que também recebeu novo tecido.

Evoluções

Mudanças maiores vieram em 1991 com a nova dianteira e melhorias na suspensão. A injeção eletrônica chegou em 1992 para o motor 1.5, dessa vez da família Fiasa de fabricação nacional, o motor 1.6 só ganhou a injeção em 1994. A Elba permaneceu com poucas mudanças até sair de linha em 1996, para dar lugar a perua Palio Weekend, mais moderna.

A Fiat Elba tem a sua participação na história do Brasil e ajudou a derrubar o presidente Fernando Collor. Foi descoberto que um cheque vindo de uma empresa fantasma de PC Farias, usado na compra da Elba Weekend da primeira dama Rosane Collor. Essa foi mais uma evidência para uma CPI que culminou no processo de impeachment do então presidente.

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