Renault Captur chegará às revendas em 11 de março.
Confira nosso primeiro contato com a versão 2.0 Intense
Paulo Eduardo (*)
De São Paulo (SP)
No século passado, as carrocerias de automóveis pintadas em duas cores recebiam a denominação saia e blusa em alusão a peças do vestuário feminino. Na segunda década deste século, a pintura bicolor, como a do Captur, é denominada biton e vendida como item opcional por R$ 1.400 pela Renault. O novo SUV da marca francesa estará à venda nas regiões Sul e Sudeste até o fim de fevereiro e a partir de 11 de março em todo o país.
O Captur nacional é idêntico ao vendido na Rússia desde o ano passado e bem maior do que o fabricado na França. O carro é o Duster com nova roupagem. A distância entre-eixos é a mesma assim como o comprimento. Além das linhas da carroceria, a diferença entre os dois modelos está no acabamento mais refinado e isolamento acústico do Captur. Percebe-se logo a maior altura do solo. Aliás, o Captur é mais alto do que o Duster e a picape Oroch. Por isso, está equipado de série com controles de tração e de estabilidade, além do Hill holder. Esse dispositivo evita o recuo do carro em aclive. Elevada também é a posição de dirigir.
Andando
Dirigimos apenas a versão 2.0, que a Renault espera ser a mais vendida, e equipada somente com câmbio automático de quatro marchas, o mesmo da Oroch. O câmbio CVT vai equipar a versão de entrada Zen com motor 1.6 dentro de três meses, segundo a Renault. Por enquanto essa versão terá somente câmbio manual de cinco marchas. Futuramente, o CVT poderá equipar a Intense 2.0. A suspensão multilink está reservada para o Captur 4×4, a exemplo do modelo russo. Não há data definida para essa versão ser vendida no Brasil.
A qualidade percebida é notada até no revestimento das laterais do porta-malas, que perdeu alguns litros para o Duster _ 475 litros contra 437 do Captur, que é a mesma do rival Honda HR-V. Com bancos forrados em couro e pintura em duas cores o novo SUV tem preço sugerido de R$ 91.300. Bancos de maior espessura do que os Duster tiram um pouco do espaço farto para pernas no banco traseiro, apesar de terem a mesma distância entre-eixos. Ainda assim, o espaço para a turma de trás é muito bom.
Interior
Além da posição muita alta de dirigir, as trocas suaves do câmbio são logo percebidas. O motor urra para valer ao pisar fundo no acelerador em ultrapassagem quando o câmbio pula da quarta para a segunda marcha. A eletrônica trabalha bem e reduz marcha em descida. A coluna de direção tem apenas regulagem de altura. Falta a de distância. Falha grave num carro que custa em torno de 90 mil reais. O material do painel central tem bom aspecto, mas não se usa plástico emborrachado, a exemplo do Honda HR-V. No quadro de instrumentos falta o indicador de temperatura do motor, que foi substituído por luz espia.
A Renault consegue manter o conforto de rodagem com as rodas aro 17 (16 polegadas no Duster e pneus de perfil 65) e pneus de perfil 60. Muito boa a calibragem da suspensão, que é um dos pontos fortes da marca no Brasil. Rodas maiores estão na moda e os clientes exigem, mesmo engenharia reconhecendo que mais borracha e menos metal significa mais conforto para os ocupantes. Mas os fabricantes produzem carros para clientes e têm que fazer o que eles pedem. Essa é a explicação para rodas grandes e perfil baixo dos pneus. Moda vigente há algum tempo. Em asfalto bem conservado não há desconforto nem risco de dano. Entretanto, a realidade é outra na maioria das ruas e estradas no país.
Direção
A direção com assistência eletro-hidráulica evoluiu em relação à hidráulica convencional. É possível sentir um pouco o comportamento do carro, além de não roubar potência do motor. Mais bem adequada é a direção com assistência totalmente elétrica. A eletro-hidráulica da Renault exige esforço em manobra.
Segurança
O controle de estabilidade segura bem o Captur nas curvas. Cumpre a função e sem o equipamento seria difícil segurar a trajetória do carro que fica a 21,2 centímetros de altura do solo. A inclinação da carroceria é contida, mas prudência na curva é imperativo. Os ângulos de ataque e saída são bons, 23 e 31 graus respectivamente. Mesmo assim, o carro esbarrou a frente na saída do estacionamento para o test-drive.
Além da eletrônica na segurança, o Captur vem de série com dois airbags laterais, além dos frontais previstos em lei. No banco traseiro, há sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis. O público feminino é o alvo principal do Captur. Os utilitários-esportivos representaram 15% do mercado no ano passado e devem atingir 25% este ano. E os SUVs caíram no gosto das mulheres, que se sentem mais seguras em carros mais altos. Sorte dos fabricantes.
Enfim, o Captur tem atributos para agradar com as linhas bonitas, sóbrias e limpas sem os recortes que caracterizam a maioria dos modelos de origem asiática. O Captur segue o estilo sóbrio europeu.
Ficha Técnica Captur 2.0 Intense
» MOTOR
2.0 16 válvulas, Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, capaz de gerar potência de 148 cv com etanol e de 143 cv com gasolina, a 5.750 rpm, e torque de 20,9 kgfm com etanol a 4.000 rpm e 20,2 kgfm 4.000 rpm com gasolina
» TRANSMISSÃO
2.0 16V, câmbio automático de quatro velocidades, tração dianteira
» ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
2.0 16V, 12,0s (gasolina)/ 11,1s (etanol)
» VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
2.0 16V, 174 km/h (gasolina)/ 179 km/h (etanol)
» DIREÇÃO
Eletro-hidráulica, com diâmetro giro de 10,7 m
» FREIOS
2.0 16V, dois circuitos em “X”, de acionamento hidráulico, com discos ventilados de 280 mm de diâmetro na dianteira e freios traseiros com tambores de 229 mm de diâmetro
» SUSPENSÃO
Dianteira, tipo MacPherson, triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais
Traseira, semi-independente com barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais
» RODAS E PNEUS
Roda Alumínio / Pneu 215/60 R17
» DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,399 metros; largura, 1,813 m; altura, 1,619 m; distância entre-eixos, 2,673 m; peso, 1.273 quilos (1.6 16V) e 1.352 kg (2.0 16V)
» CAPACIDADES
Tanque de combustível: 50 litros; porta malas: 437 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 449 quilos
Fotos | Renault/Divulgação
(*) O jornalista viajou à convite da Renault do Brasil.