100% elétrico Nissan Leaf está à venda no Brasil por R$ 195 mil. Vendas ainda são pequenas

Por Marlos Ney Vidal (*)
De Santa Catarina (SC)

100% elétrico, o Nissan Leaf 2020 é a prova que carro elétrico pode ser ecologicamente correto e divertido ao mesmo tempo. O modelo da marca japonesa alia bom desempenho e economia, mas preço de R$ 195 mil, ainda o deixa restrito a poucos bolsos.

Autonomia

Com autonomia de 240 quilômetros, o Leaf 2020 é um carro urbano para se deslocar de casa até o trabalho ou as corridas diárias do dia a dia. Mas é claro que o elétrico permite as escapadas de fins de semana desde que não sejam distantes. Viagens com percurso total de 150 quilômetros são ideias para ele.

A média do brasileiro no deslocamento casa/trabalho é roda 45 km por dia, assim, o proprietário pode rodar de segunda a sexta com uma recarga na bateria. Mas tudo é questão de hábito, desse modo, assim como se recarrega o celular diariamente, o carro elétrico também requer uma certa rotina. Vale ressaltar que não é necessário a recarga diária, pois a bateria terá sua vida útil reduzida nessas situações.

Amigo do bolso na hora recarga

Usando como base o estado de São Paulo, o proprietário do Nissan Leaf gastará em média R$ 25 para cada recarga completa da bateria. No mês o total seria de aproximadamente R$ 100. Uma redução significativa em relação aos carros a combustão.

Mas se a economia no quilômetro rodado é grande, o mesmo não se pode dizer das revisões. Até os 60 mil quilômetros, o proprietário gastará o total de R$ 2.404 em revisões, para efeito de comparação o March 1.0 teria custo final de R$ 2.624 e o Kicks 1.6 ficaria, em R$ 2.964. Os valores são mais baratos que os irmãos à combustão, mas não são tão atrativos como o pregado.

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Entretanto, ao somar as despesas de revisões e de recarga, o custo final de uso do Leaf ainda é bem mais baixo que os modelos a combustão.

Zero de IPVA

O Distrito Federal oferece cinco anos de isenção de IPVA para carros elétricos. Já o estado do Paraná também terá isenção do tributo até 2022 para quem comprar um modelo 100% elétrico.

Como é o Nissan Leaf?

Com porte de médio, o Nissan Leaf 2020 tem linhas agradáveis aos olhos.  Suas medidas são próximas as do Chevrolet Cruze Sport6, são 4,48 metros de comprimento; 1,79 m de largura; 1,56 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Mas apesar dos bons números, o espaço interno é ideal para quatro adultos e uma criança. O túnel central bem saliente inibe seu uso para cinco ocupantes.  O porta-malas tem boa capacidade e oferece 435 litros para acomodação das bagagens.

O acabamento do Leaf é bem construído e suas linhas tem desenho moderno. Bancos são revestidos em couro e os assentos apoiam bem as pernas dos ocupantes. Os apoios de braços das forrações de porta também são revestidos em couro, assim como o volante que é multifuncional.

Comum nos modelos da Nissan, o sistema “one touch” está disponível somente para o motorista e para a descida dos vidros elétricos.

Andando

Assim como para o consumidor os carros elétricos são novidades para nós, jornalistas, ao ocupar o posto de motorista do Leaf 2020, já dei meu primeiro “vacilo”, liguei e desliguei o carro por duas vezes, na espera do ronco do motor. Até que o companheiro de test drive disse “você está esperando o barulho que não existe”.

Com o Leaf em movimento saio do estacionamento e já entro numa rodovia. Um simples toque no pedal do acelerador e o elétrico entrega os 32,6 kgfm de torque de forma quase instantânea. Ultrapassagens são feitas com total segurança.

A disposição do Leaf é estimulante os 149 cv de potência permitem aceleradas mais fortes e elásticas. Mesmo abusando do pé direito, o funcionamento silencioso permite conversar sem ter que emitir sons mais altos.

e-Pedal

Uma das grandes sacadas do Leaf é o sistema e-Pedal no qual o pedal esquerdo serve tanto para acelerar quanto para freiar o modelo. Acionado por uma tecla no console central, o sistema permite que o motorista acelere o modelo e ao precisar fazer uma redução, basta tirar o pé do acelerador que o Leaf para sozinho. Em certos momentos, o e-Pedal lembra os trancos dos câmbios automatizados, mas é claro que em proporções bem menores. Com alguns quilômetros rodados, o condutor se acostuma e não vai querer de deixar de usar a tecnologia.

Vale ressaltar que mesmo com o e-Pedal acionado, o motorista pode fazer intervenções usando o pedal de freio.

Em nosso trajeto, o usamos o sistema para reduzir a velocidade para transpor quebra-molas e em paradas de semáforos.

É o futuro, mas ainda demora

Não há dúvidas que os carros elétricos serão o futuro, mas para que isso ocorra, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Mas quando houver consenso dos governantes em estimular o uso e oferecer infraestrutura necessária e enquanto não houver fabricação local, o carro elétrico ainda será um nicho no Brasil.

 (*) O jornalista viajou à convite da Nissan do Brasil.