Por Marlos Ney Vidal (*)
Do Guarujá (SP)
Com lugar cativo nas garagens de uma legião de fãs, os clientes do novo Corolla 2020 têm motivos de sobra para comemorar: o sedã médio mais vendido do mercado está mais moderno, seguro e com sua solidez e dirigibilidade de sempre, mas continua mais Corolla como nunca.
Ao sentar no posto de comando do novo Corolla 2020 fica fácil descobrir o segredo do sucesso do sedã médio da Toyota. Em sua 12ª geração, o condutor tem sensação de “vestir” o sedã – todo os comandos estão a mão do condutor.
Com dois novos motores, o carro chefe continuará sendo o motor à combustão: a marca estima vender 3.500 unidades das versões 2.0 Flex e 1.000 da opção híbrida.
A grande vedete da linha 2020 é a versão híbrida. A tecnologia de ponta oferecida pela primeira vez no segmento deve atrair os compradores que querem manter sua consciência ecológica em dia e ainda economizar combustível. Mas ela não deve atrair à atenção dos atuais consumidores do Corolla, tanto que a estimativa de venda é maior para o 2.0.
Com potência combinada de 123 cv, o Corolla 2020 híbrido não permite aquela esticada ágil em rodovias. A marca não revela qual é o torque combinado dos motores elétricos e a combustão, mas a força é quase que imediata ao pisar no acelerador. Isso, de certo modo, garantirá um bom desempenho para o sedã, mesmo quando carregado. Pode-se dizer, que a opção híbrida é ainda mais familiar que as demais versões do modelo.
Na estrada, o motor trabalha alto e o funcionamento do CVT é bem áspero, mas, o isolamento acústico é muito bom e diminuiu bem os ruídos dentro da cabine. Já na cidade, o silêncio a bordo é digno de destaque.
Além da versão híbrida, andamos na versão XEi equipada com o novo motor 2.0 Flex que também ganhou novo câmbio CVT. Mesmo sendo aspirado, o motor tem 177 cv de potência, números consideráveis para um motor de 2 litros. O bom torque também contribui para que ele tenha agilidade suficiente para pisar com mais entusiasmo com o pé esquerdo.
O motor enche progressivamente a medida que o câmbio vai simulando as trocas de marchas. Mas, assim como o híbrido, o Toyota Corolla 2020 2.0 se mantém fiel a sua proposta familiar.
Mas o grande destaque do novo Corolla 2020 é o câmbio Direct Shift. A nova transmissão tem a primeira marcha por engrenagem para evitar para evitar que a correia escorregue e não tenha a arrancada mais lenta do CVT.
A primeira marcha do câmbio é como a de um automático convencional. As demais marchas são simuladas pelo CVT. Fato que chamou nossa atenção é que, de fato, o condutor tem a sensação de que as trocas estão sendo feitas. Não é a sensação fake da geração anterior e demais transmissões CVTs que emulam a troca.
Com dez velocidades, o câmbio tem trocas curtas, o que ajuda a explicar o bom desempenho do conjunto.
O sedã médio da Toyota sempre teve um bom acerto de suspensão que privilegia o conforto, no Corolla 2020 isso não mudou e foi aperfeiçoado com a nova suspensão traseira independente. O rodar é suave mesmo em vias não pavimentadas. Não foram notadas batidas secas de fim de curso dos amortecedores.
Em geral, os fabricantes que usam materiais sensíveis ao toque nos forros de porta na porção dianteira da cabine e nas demais o plástico é rígido. O Corolla 2020 fugiu à regra e todas as quatro portas são revestidos com materiais agradáveis ao toque. Os apoios de braço de todas as portas também são revestidos em tecido ou couro, dependendo da versão.
O painel é bicolor nas versões Altis com a parte de cima em preto e com uma faixa em bege claro no centro. Mesmo tipo de tonalidades são usados nos forros de porta e bancos. Na versão XEi, o revestimento mescla cinza e preto. Não há rebarbas ou falhas de encaixe.
Se o reloginho foi embora, os resquícios de antiguidade ficaram pelas maçanetas para abrir o porta-malas e tampa do tanque combustível. Isso destoa de todo o capricho e modernidade do conjunto. Outro ponto negativo é ausência de freio de estacionamento elétrico.
Nas primeiras postagens, os comentários criticavam a “TV de tubo” atrás da central multimídia. A explicação é que o sedã será vendido em outros mercados sem o equipamento. Assim o aplique foi a solução encontrada para compor o painel.
Os bancos acomodam bem todos os ocupantes e apoiam bem as pernas todos ocupantes. O assoalho traseiro quase plano facilita o transporte de quem vai no assento do meio. Com a carroceria mais baixa, é bom tomar cuidado para não bater a cabeça ao entrar no banco traseiro por conta do caimento da coluna “C”.
Nesse primeiro contato, ficou visível a evolução do novo Corolla 2020 em todos os quesitos. Cada um tem o seu gosto, mas até o mesmo o desenho da 12ª geração é muito bem resolvido, com destaque para a traseira.
O consumidor cativo de sedã continuará sendo fiel e talvez fique um pouco desconfiado com sua proposta híbrida. No mais ele terá em sua garagem o bom Corolla de sempre.
(*) O jornalista viajou à convite da Toyota do Brasil.