Ford Ka Trail tem alterações na suspensão, três centímetros a mais de altura do solo em relação às outras e adereços diversos. Consumo é baixo, mas peso prejudica desempenho

Por Paulo Eduardo

A nova geração do Ford Ka faz sucesso. O menor carro da marca é o terceiro mais vendido no mercado nacional. Entretanto, faltava a indumentária aventureira. A versão Trail chega com os adereços comuns à proposta. O Ford Ka Trail é decorado com adesivos na parte inferior das portas e na base da tampa do porta-malas. Tem rack no teto, rodas e maçanetas na tonalidade cinza escuro. Aliás, as rodas são de extremo bom gosto. Há também molduras nas caixas de rodas e bancos forrados em napa _ o fabricante se refere ao revestimento como couro sintético _ e tecido, com pespontos em tons verde e laranja, e elásticos coloridos nas laterais dos bancos. Volante e centro do painel têm apliques na cor prata. O tecido dos bancos está impermeabilizado contra água e sujeira, segundo a Ford. Os pedais de alumínio têm apliques de borracha.

Suspensão

A suspensão do Ford Ka Trail foi elevada em 3,1 centímetros e a altura total do solo é de 20 cm. Molas e amortecedores são diferentes das demais versões, barra estabilizadora maior na dianteira e eixo traseiro mais rígido para limitar a inclinação da carroceria em curva; e novos coxins do motor com amortecimento hidráulico. Amortecedores maiores e com mais carga para melhorar isolamento de impactos e asperezas. O resultado muito bom é comprovado com diferença sutil de rodagem em relação às versões com altura normal. Pneus são de uso misto e perfil mais alto (65).

A versão Trail é baseada na SE e inclui ar-condicionado, direção elétrica, abertura elétrica do porta-malas, vidros com acionamento elétrico na dianteira e regulagem de altura da coluna de direção, travas elétricas, sistema de som MyConnection com comando de voz e Bluetooth. O preço é de R$ 47.690. Controle de estabilidade e tração não equipam o Ka Trail.

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Andando

O Ford Ka é daqueles carros bom de dirigir. Volante tem boa pega e a alavanca de marchas fica bem posicionada. A mão cai naturalmente sobre ela. O comportamento dinâmico é previsível, mesmo com suspensão alta, mas pela maior altura não se deve abusar nas curvas. O motorista encontra logo a melhor posição volante. Porém, na versão avaliada, os engates do câmbio um pouco pesados e secos incomodaram. A coluna de direção tem apenas regulagem de altura. Há indicador de troca de marcha, que nem sempre deve ser atendido. A queda brusca de rotação ocorre entre a segunda e a terceira marcha, que cai de 5.000 rpm para 3.000 rpm. Relações mais longas de transmissão implicam em menor consumo. Entretanto, exigem redução de marcha mais constante na cidade ou para ultrapassar com segurança na estrada. O motor 1.0 de três cilindros tem funcionamento equilibrado e sem vocação para bebedeira. Características de motores atuais de três cilindros.

Desempenho

O desempenho está longe de ser brilhante com gasolina. Para mantê-lo dentro do razoável é preciso trocar as marchas constantemente, pois o peso da versão trail supera uma tonelada (1.047 kg). É muito para motor de baixa cilindrada. Esses motores aspirados proporcionam bom desempenho em carros com peso inferior a mil quilos. Com turbo, a história é outra. A direção é levíssima em baixa e firme em alta. Está bem calibrada.

Porém, a versão aventureira encara sem cerimônia ruas com imperfeições onde a parte inferior costuma levar a pior. Na terra vai bem, tem pneus de uso misto. Esses, dependendo da circunstância, decepcionam no asfalto e na terra. Não se pode exigir de um carro sem tração 4×4 estripulias em caminhos difíceis, mas rodam melhor em estradas normais de terra, transpondo pequenos obstáculos com mais facilidade.

Habitáculo

Incomoda o aspecto do plástico do painel central, que não passa sensação de qualidade, e o forro da porta estufa ao acionar os vidros dianteiros. A segurança básica no banco traseiro é completa com apoios de cabeça e cinto retrátil de três pontos para os três ocupantes. Um dos trunfos do Ford Ka é o excelente espaço no banco traseiro, principalmente para pernas, proporcionado pela grande distância entre-eixos, um dos fatores determinantes do espaço no habitáculo. O outro é a medida de conforto (distância entre o pedal do freio e o encosto do banco traseiro). O porta-malas pequeno pode ser aberto por dentro, e tem a vantagem do aproveitamento horizontal. Com boa vontade, leva-se muita coisa. O encosto do banco traseiro fracionado possibilita levar carga e passageiros, rebatendo-se apenas uma das partes.

Enfim, o Ka não é o terceiro carro mais vendido no país por acaso. E para quem prefere estar mais longe do chão, a versão Trail é uma boa pedida. Equipada com motor 1.5 custa cerca de R$ 4 mil a mais. E o desempenho é outro com motor de cilindrada maior.

Ficha técnica

Motor
De três cilindros em linha, 997cm³ de cilindrada, flex, de 85 cv (álcool)/80 cv (gasolina) de potências máximas a 6.000 rpm e torques máximos de 10,7  kgfm (a) a 4.500 rpm e 10,2 kgfm (g) a 3.500 rpm

Transmissão
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

Direção – tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica

Freios
Disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira

Suspensão
Dianteira, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; traseira, eixo autoestabilizante

Rodas/pneus
6×15”em aço (liga leve)/185/65R15

Peso
1.047 kg

Carga útil (passageiros+ bagagem)
403 kg

Dimensões (metro)
Comprimento, 3,89; largura, 1,70; altura, 1,57; distância entre-eixos, 2,49

Porta-malas
257 litros

Desempenho
Não divulgado

Consumo (km/l)
Não divulgado

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

 

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