O Chevrolet Classic pode ser considerado um carro honesto. O modelo antende perfeitamente o comprador do primeiro carro zero e que precisa de um pequeno sedã. Já fui proprietário de um modelo 2007/2008 e o carro agradou-me no período que fiquei com ele. Entretanto, o visual do modelo estava cansado e a marca resolveu fazer o pequeno face lift no velho Classic. O resultado agradou alguns e a outros não, mas, o certo é que apesar da “carinha” nova o modelo ainda agrada. Confira abaixo o teste do modelo
Daniel Ribeiro Filho (*)
Especial para o Autos Segredos
FREIOS
Estão muito bem dimensionados e calibrados para esta versão. Apresentaram um bom comportamento dinâmico no uso misto apesar de não ter ABS. As suas reações são bem equilibradas nos dois eixos, e é boa a desaceleração sem alteração da trajetória em simulação de frenagem de emergência, sem travar as rodas sobre piso seco. O freio de estacionamento sustenta bem o veículo em aclive/declive. POSITIVO
CÂMBIO
Merece destaque o conjunto homologado de engrenagens da caixa (eixo primário e secundário) e a relação coroa x pinhão do diferencial, pois são fundamentais pela ótima dinâmica do carro. Proporciona uma aceleração rápida e os giros do motor sobem rápido, sendo a queda da rotação nas trocas de marchas satisfatória. A qualidade de engate é boa em precisão e maciez. E o curso da alavanca é longo, assim como um pouco para trás o seu posicionamento no túnel central. POSITIVO
MOTOR
Os números gerados pela sua curva são muito bons para motor 1.0 com cabeçote 8V, porém as rotações correspondentes de potência (6.400rpm) e torque (5.200rpm) máximos não são funcionais no uso misto e muito pouco utilizados numa dirigibilidade normal. Para ter uma dinâmica mais ágil, é necessário usufruir bem do câmbio e acelerar mais do que o normal para manter o giro alto. Nessas condições a performance surpreende pela aceleração e retomadas de velocidade em função da massa do automóvel e com ar-condicionado ligado. O sistema flex funcionou bem e rende igual com somente gasolina ou álcool. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO
SUSPENSÃO
O conforto de marcha teve pequeno ganho em relação ao último modelo testado, sendo aceitável o nível das transferências das imperfeições do solo para dentro. A estabilidade agrada bem pela precisão em curvas de raios variados, com inclinação moderada da carroceria. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
Os para-lamas dianteiros têm luzes de posição incorporadas, muito úteis. Há luz de cortesia no porta-malas e no porta-luvas. O farol tem construção com parábola simples, e apresentou eficiência normal no baixo e no alto. Não tem faróis auxiliares de neblina, nem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. No habitáculo há dupla lanterna no teto junto ao retrovisor com eficiência razoável. POSITIVO
ESTEPE/MACACO
O estepe fica dentro do porta-malas, o pneu é igual aos de uso e fabricado no Brasil. O kit de troca está encaixado em base isopor e instalado dentro do aro. A operação de troca é normal. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é codificada e tem opcionalmente proteção perimétrica das partes móveis e volumétrica dentro do habitáculo contra invasão pela quebra dos vidros. POSITIVO
VÃO DO MOTOR
É muito bom o acesso à manutenção e identificação dos itens de verificação constante. O leiaute é benfeito e racional. O vão é totalmente desprovido de isolantes acústicos, por isso é evidente a transferência do ruído de funcionamento do motor em alta rotação para dentro do habitáculo, que incomoda. REGULAR
ALTURA DO SOLO
Com carga máxima, raspa levemente a proteção inferior em aço para o motopropulsor em saídas de garagem com desnível, e a zona central do chassi quando se trafega sobre estrada de terra com algumas imperfeições e também ao transpor quebra-molas mais salientes. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
É boa a vazão e a angulação dos difusores de ar do painel. O acoplamento do compressor é ouvido dentro do habitáculo e incomoda um pouco em rotações mais altas. Ocorreu pequena admissão de gases/fumaça com o recírculo de ar fechado. REGULAR
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Ao trafegar sobre paralelepípedo, asfalto ruim e terra com algumas imperfeições surgem vários ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico é contido até 110km/h, sendo crescente a partir dessa velocidade. REGULAR
DIREÇÃO
A coluna de direção é fixa, descentralizada e não está bem definida em altura, devido à posição de dirigir em que ocorre interferência do aro do volante com as pernas do condutor de estatura média/alta. E o banco não tem regulagem em altura. A precisão na reta e em curvas é boa. O diâmetro de giro satisfaz em manobras apertadas de garagem, assim como a velocidade do efeito/retorno. As cargas do sistema assistido hidraulicamente estão com boa definição para o uso misto (cidade/estrada). REGULAR
LIMPADOR DO PARA-BRISA
O campo de visão do lado do condutor é bem prejudicado pela pequena área de varredura, junto à coluna A (dianteira). As palhetas apresentaram boa qualidade, e é fácil o acesso ao reservatório d’água instalado dentro do vão motor. Ao esguichar quatro jatos, que tem boa vazão e pressão, o sistema de limpeza atua automaticamente. REGULAR
FERRAMENTAS
Tem uma chave de fenda simples, sem a opção de Phillips conjugada. REGULAR
ACABAMENTO DA CARROCERIA
O acabamento da pintura não é bom, pois contém vários pontos com impurezas. As quatro portas estão desniveladas entre si e a carroceria. A tampa do porta-malas está descentralizada e o capô tem montagem razoável. NEGATIVO
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 390 litros, o mesmo encontrado na nossa medição, apesar de ser prejudicado pelo triângulo de segurança, alto-falantes e o mecanismo com a curvatura que sustenta a tampa e invade as laterais do porta-malas quando fechado.
(*) O autor do texto é engenheiro formado pela PUC Minas. Para contatos [email protected]. (veja aqui o perfil profissional do Daniel)