Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos
Volkswagen Virtus é amplo e tem comportamento correto, mas versão de entrada 1.6 MSI fica devendo acabamento mais sofisticado e maior oferta de equipamentos
Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Por Alexandre Soares

A julgar pelas suas medidas de 4,48 m de comprimento e 2,65 de distância entre-eixos, o Volkswagen Virtus bem que poderia ser considerado um sedã médio no mercado brasileiro de 15 ou 20 anos atrás. Para se ter uma ideia, o segundo Corolla feito no Brasil (conhecido informalmente como Brad Pitt) ganha por pouco em comprimento, com 4,53 m, mas perde em entre-eixos, com 2,60m, ao passo que o Vectra B é ligeiramente menor nos dois aspectos, com 4,45 m e 2,64 m, respectivamente. É que, de lá pra cá, os modelos médios cresceram e se sofisticaram demais, criando uma lacuna – tanto em porte quanto em preço – em relação aos sedãs compactos. É exatamente nesse nicho, inclusive dentro da gama Volkswagen (entre o Voyage e o Jetta), que o Virtus se encaixa.

Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Muito espaço

Quem entra no novo sedã da Volkswagen logo nota que suas medidas externas graúdas resultam em um espaço interno muito amplo. No banco traseiro, o destaque é o generoso vão para as pernas, capaz de deixar até os passageiros mais altos com os joelhos folgados. O espaço para a cabeça não é tão abundante assim, mas mostra-se suficiente para quem tem até 1,80 m de altura. Com três pessoas ali, não há muitas brechas, mas a largura do assento consegue proporcionar nível de conforto aceitável. Na frente, os ocupantes também não têm do que reclamar, com poltronas largas e razoavelmente distantes uma da outra.

Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Porta-malas

O porta-malas do Volkswagen Virtus também é enorme, com 521 litros de volume. O espaço poderia ser melhor aproveitado se houvessem dobradiças pantográficas, em vez das do tipo alça que equipam o modelo. De qualquer modo, o compartimento aceita toda a bagagem de uma família sem problema algum. Ele pode ser ampliado por meio do rebatimento do banco traseiro, que, porém, na versão básica, é inteiriço e não tem forração acarpetada na face voltada para a carga. Vale destacar o sistema de abertura interna da tampa, útil em uma situação de emergência (como um sequestro relâmpago, por exemplo).

Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Acabamento simples

A cabine do Volkswagen Virtus agrada em cheio em espaço, mas decepciona em acabamento. Tudo bem que, em seu segmento, é até perdoável a ausência de materiais emborrachados no painel ou a presença de tecido sintético nos bancos. Mas os forros das portas com uma área estofada minúscula e a ausência de carenagem para cobrir a estrutura inferior dos bancos salta aos olhos. Os plásticos adotados a bordo são bem-montados e têm qualidade razoável, sem a aspereza encontrada nos veículos mais populares, mas têm aspecto monótono, pois apresentam poucas variações de textura e não contam com apliques metalizados. Ainda que a versão avaliada seja a mais em conta da gama, era de se esperar mais nesse aspecto.

Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Se, por um lado, o habitáculo do Virtus é simples, por outro não se pode reclamar da ergonomia a bordo. O motorista tem fácil acesso aos comandos, os instrumentos e a central multimídia oferecem leitura fácil, a visibilidade é boa e os bancos apoiam muito bem tanto as pernas quanto as costas, sendo que o do condutor é regulável em altura. Uma falha: na versão 1.6, o sedã não tem nenhum tipo de ajuste na coluna de direção. Ainda que o jornalista que vos escreve não tenha enfrentado dificuldade para encontrar uma boa posição para conduzir, pessoas com estatura acima ou abaixo da média certamente não desfrutarão de postura adequada.  Ao menos o volante, já conhecido de outros modelos Volkswagen, tem boa pegada. Os faróis bi-parabólicos iluminam muito bem, e os limpadores e lavadores de para-brisa cobrem uma área satisfatória.

Mecânica correta, mas sem brilho

Em termos mecânicos, a estrela da linha Virtus é o 1.0 TSI, e não o 1.6 MSI do exemplar avaliado. Porém, mesmo fora da vanguarda da gama em termos de tecnologia ou desempenho, o propulsor da família EA-211 não faz feio. Ainda relativamente atual quanto à concepção, traz bloco e cabeçote de alumínio, 16 válvulas acionadas por duplo comando (sendo o de admissão variável) movimentado por correia dentada do tipo longa vida, com trocas previstas a cada 120 mil km. O sistema de partida a frio dispensa o antiquado subtanque. A calibragem eletrônica é a mesma do Polo, com potência ligeiramente mais baixa que na Saveiro Cross e no Golf: são 117 cv com etanol e 110 com gasolina, a 5.750 rpm, além de 16,5 kgfm de torque com combustível vegetal e 15,8 kgfm com o derivado do petróleo, a  4.000 rpm.

Volkswagen Virtus
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Sedã não é pesado

Tais números podem sugerir um desempenho insuficiente para um sedã do porte do Volkswagen Virtus. Todavia, não é esse o caso. Ainda que a versão de entrada não seja expoente em desempenho, ela não chega a decepcionar. A explicação é simples. Basta olhar para outro número: os 1.134 kg de peso do modelo, que é bastante baixo considerando suas dimensões externas. Assim, o propulsor não enfrenta grande dificuldade para empurrar o veículo, principalmente no trânsito urbano. É claro que a performance tem algumas limitações: o câmbio, com relações longas, prejudica um pouco as retomadas de velocidade – ainda que proporcione silêncio em viagens, fazendo o motor girar a 3.200 rpm a 120 km/h, em quinta marcha – e, com carga máxima a bordo, o motorista precisa ter precaução extra para fazer ultrapassagens. Felizmente, o 1.6 16V tem funcionamento suave, o que permite que o condutor explore faixas de rotação mais elevadas sem desconforto.

Siga nossas redes sociais

No mais, o Virtus mostra-se acertado. O câmbio manual de cinco marchas da Volkswagen, como sempre, agradou pela precisão dos engates. A suspensão, do tipo independente na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, tem calibragem macia em relação a outros modelos da marca, mas é equilibrada de modo geral. Consegue proporcionar um rodar suave em pisos irregulares sem permitir rolagem exagerada da carroceria em curvas. A estabilidade é boa, sem atuação exagerada do controle eletrônico. A direção, que tem assistência elétrica, é muito progressiva. Na versão de entrada, os freios utilizam discos apenas nas rodas dianteiras: as traseiras são equipadas com tambores. Graças ao bom dimensionamento do sistema, aliado, mais uma vez, ao baixo peso do sedã, as frenagens são satisfatórias, mas sem o brilho das configurações TSI, que trazem discos também no eixo traseiro.

Bons resultados em consumo

O Volkswagen Virtus 1.6 superou as expectativas nas aferições de consumo de combustível. Abastecido com gasolina, ele cravou, em média, 15,3 km/l na estrada e 12 km/l na cidade. Com um tanque de combustível de 52 litros, o sedã tem um amplo raio de alcance, que pode chegar a 795 km em viagens.

Leia mais: Avaliação do Fiat Cronos 1.8 Precision equipado com câmbio manual.

Muitos itens de segurança

O maior destaque do Volkswagen Virtus MSI é a oferta de itens de segurança. A versão básica vem de série com airbags laterais, totalizando quatro bolsas. Há ainda cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, além de ganchos Isofix com top tether para ancoragem de cadeirinhas. Controles de tração, estabilidade e assistente de partida em rampa, que equipavam o veículo avaliado, são opcionais, agrupados em um pacote que inclui ainda o bloqueio do diferencial.

Contudo, o sedã vem de série com poucos recursos de comodidade e conforto. Há ar-condicionado manual, direção elétrica, computador de bordo, travas elétricas com acionamento por controle remoto e vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque. Sensores de estacionamento traseiros, volante multifuncional, rodas de liga leve de 15 polegadas e sistema de áudio com tela touch e conectividade com aplicativos são opcionais. Itens banais como faróis de neblina e retrovisores elétricos estão, inexplicavelmente, restritos às versões TSI e não estão disponíveis para a MSI.

Competitivo, mas com falhas

O Volkswagen Virtus MSI tem preço competitivo: custa a partir de R$ 59.990. Mesmo equipado com todo o conteúdo opcional, como a unidade avaliada, o veículo ainda tem um valor de tabela competitivo de R$ 64.390.  Trata-se de um sedã com espaço interno comparável ao de um modelo médio com custo de compra no patamar dos compactos. Mas vale lembrar que ele tem pontos fracos muito perceptíveis, entre os quais, principalmente, o interior simplório demais. Se tivesse uma cabine mais caprichada, além de opção de câmbio automático, poderia agradar a um leque maior de consumidores e se destacar não apenas pelo habitáculo amplo, pois existem modelos menores que entregam mais requinte.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 8
Consumo (cidade e estrada) 9 9
Estabilidade 8 9
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 7 7
Espaço interno 10 10
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 9 9
Acabamento 6 7
Itens de segurança (de série e opcionais) 8 7
Itens de conveniência (de série e opcionais) 6 6
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8  8
Relação custo/benefício 7  6

Ficha técnica do Volkswagen Virtus 1.6 MSI

 »MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ cm³ de cilindrada, com 76,5 mm de diâmetro e 86,9 mm de curso, 110 cv (g) / 117 cv (e) de potência máxima a 5.750, 15,8 kgfm (g) / 16,5 kgfm (e) de torque máximo a 4.000 rpm.
»TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas.

»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
9,8 segundos com etanol.

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
195 km/h com etanol.

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica.

»FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS.

»SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção.

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio de 5,5×15 polegadas, pneus 195/65 R15 (opcionais).

»DIMENSÕES 
Comprimento: 4,482 metros; largura, 1,751 m; altura: 1,472 m; distância entre-eixos: 2,651 m; peso: 1.134 quilos.

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 52 litros; porta malas: de 521 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 416 quilos.

Fique por dentro das novidades.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.