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Ao volante: Uma Volkswagen Saveiro para cinco pessoas

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Versão Highline associa nova carroceria cabine dupla ao velho motor 1.6 de oito válvulas; projeto traz boas soluções, mas não consegue vencer limitações como o pouco espaço no banco traseiro e na caçamba

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Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

A Saveiro cabine dupla chegou com uma missão bem clara: fazer frente à Strada com a mesma opção de carroceria, que pouco depois de ser lançada, já havia se tornado dominante entre as opções de carroceria que a picape da Fiat oferece. O modelo da Volkswagen, no entanto, segue uma receita um pouco diferente da rival: traz apenas duas portas (a concorrente tem três), mas transporta cinco ocupantes (contra quatro na utilitária da marca italiana). Ainda que seja cedo para avaliar o desempenho comercial das versões cabine dupla isoladamente, pois o lançamento ocorreu há menos de três meses, a verdade é que a caminhonete da marca alemã é a única que consegue representar alguma ameaça à concorrente italiana: se, por um lado, as duas estão separadas por uma expressiva média mensal de aproximadamente 5.000 unidades emplacadas, por outro o volume de vendas da primeira, que costuma ser superior a 7.000 veículos por mês, não deixa de ser bastante expressivo. Veja, a seguir, as qualidades e os defeitos da picapinha.

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Para criar a carroceria cabine dupla, a Volkswagen não apenas “esticou” o habitáculo. O banco traseiro é 9,5 cm mais alto que os dianteiros, para proporcionar o efeito de anfiteatro, que aumenta a sensação de espaço. Para que essa medida não reduzisse o espaço para a cabeça de quem se senta ali, o teto também foi elevado; o ressalto da capota ficou disfarçado pelos racks da capota. Essas medidas, sem dúvida, favoreceram a vida dos passageiros traseiros. Ali, o espaço para a cabeça é amplo e realmente não há impressão de confinamento. De quebra, há dois porta-copos embutidos nas forrações plásticas e os vidros laterais são basculantes, para ajudar na ventilação. Uma portinhola abaixo do assento abriga macaco, triângulo e chave de roda, deixando esses itens organizados e facilmente acessíveis.

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Picape compacta  É verdade que o fabricante se esforçou para melhorar a habitualidade da Saveiro Cabine dupla, mas não se engane: parece realmente ser tarefa impossível fazer uma picape compacta com interior amplo. Os vãos para as penas da turma do fundão, por exemplo, são pequenos. Uma pessoa de média estatura que estiver sentada ali irá raspar os joelhos nas poltronas dianteiras,  mesmo se elas estiverem ajustadas para ocupantes também medianos. E o encosto do banco traseiro é muito vertical, o que proporciona menos relaxamento. Se, para dois, as instalação já não são muito confortáveis, com três a situação se torna crítica. Só é aconselhável andar com lotação máxima em percursos bem curtos. A caçamba, por sua vez, ficou bem menor que a das demais versões. Com 580 l, seu volume é comparável ao do porta-malas de alguns sedãs, como o Cobalt (563 l) e do Etios (562 l). Em termos de peso, contudo, a capacidade de carga da Saveiro, de 667 kg, é satisfatória.

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Na frente, a atmosfera é semelhante à do Gol. O espaço ali é bom, e o motorista senta-se em posição ergonomicamente correta, ajudada pela coluna de direção com ajustes de altura e profundidade. O banco também é regulável em altura, mas não é lá dos mais confortáveis, pois tem pouco apoio lombar e assento curto. Na unidade avaliada, eles eram revestidos em couro sintético, opcional que custa (R$ 505). O acesso aos comandos do painel, que também é compartilhado com o hatch, é igualmente bom. O quadro de instrumentos traz grafia simples e clara, típica da Volkswagen, e é completo, com direito ao útil (mas cada vez mais raro) termômetro do líquido de arrefecimento do motor. O acabamento também segue o padrão do Gol, com materiais simples (leia-se plásticos sem emborrachamento), mas com montagem correta, sem rebarbas ou folgas nos encaixes. A visibilidade é boa para frente e para os lados e razoável para trás. Os espelhos retrovisores estão bem-dimensionados, assim como os limpadores de para-brisa, que varrem boa área. Ao faróis, de dupla parábola, iluminam bem.

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Mecânica sem novidades A Saveiro Cabine Dupla oferece novidades mecânicas apenas na versão Cross, que traz o novo motor 1.6 16V (EA-211) da Volkswagen. As demais configurações, incluindo a Highline, avaliada pelo Autos Segredos, não receberam aprimoramentos sob o capô. Assim, o propulsor é o velho 1.6 8V (EA-111),  que já está há mais de uma década no mercado nacional e dispõe de arquitetura um tanto datada, com comando de válvulas simples, sem variação, e correia dentada. O bloco é confeccionado em ferro fundido, e o cabeçote, em alumínio. Sua maior qualidade, conhecida de longa data, é a boa oferta de torque em baixa rotação: são 15,4 kgfm com gasolina e 15,6 kgfm com etanol, que surgem integralmente já a 2.500 rpm. A potência é de  101 cv com o combustível derivado do petróleo e de 104 com o vegetal, a 5.250 rpm.

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O resultado é que, assim como outros modelos equipados com o mesmo motor, a picape é esperta no trânsito urbano e não perde fôlego em subidas e retomadas. Por outro lado, fica evidente a queda de desempenho a partir de 3.500 rpm. Em situações como ultrapassagens, por exemplo, nas quais é comum esticar um pouco mais as marchas, a picape deixa a desejar. Ao menos o funcionamento mostrou-se suave em todas as faixas de rotação. Mas, de por um lado, o propulsor mostra limitações, por outro o câmbio manual de cinco marchas (MQ-200) mostra o manejo agradável de sempre, com engates curtos, macios e muito precisos. A direção, com assistência hidráulica, também revela boa calibragem, entregando maciez em manobras e firmeza em alta velocidade. Os freios, com discos nas quatro rodas, condizem com um veículo com maior capacidade de transportar peso no eixo traseiro (fator que interfere de modo decisivo na dirigibilidade) e proporcionam bons resultados: as frenagens são realizadas em espaços curtos e sem desvios de trajetória.

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Comportamento que agrada A suspensão da Saveiro é composta por conjuntos independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independe com barra de torção e molas helicoidais na traseira. Esse tipo de solução no eixo posterior não tem a aprovação de alguns donos de picapes, que defendem o uso das parrudas molas parabólicas. Porém, ao menos no caso de versão cabine dupla, na qual a caçamba pequena, por si só, já limita bastante o transporte de cargas, e que por isso são normalmente usadas como veículos de passeio, a solução adotada pela Volkswagen agradou bastante. O comportamento da utilitária leve da marca mostra-se muito bom para um utilitário: nas curvas ela mostra estabilidade até surpreendente para o segmento, com comportamento neutro e subesterçamento apenas em situações de muito abuso, com fácil correção. A absorção de impactos em pisos irregulares também é acima da média para uma caminhonete. É claro que, em algumas situações, a traseira leve transmite aquela sensação de pulos, mas ainda assim, o rodar é provavelmente o mais confortável do segmento.

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Outro aspecto prejudicado pela arquitetura antiga do propulsor é o consumo. Nas mãos do Autos Segredos, a Saveiro cravou médias de 12 km/l na estrada e de 9,3 km/l na cidade. As aferições foram feitas mesclando a ativação e a desativação do ar-condicionado. Não que esses números sejam exatamente ruins: podem até ser considerados razoáveis dentro da proposta da Saveiro. Porém, mais uma vez, mostram-se inferiores aos obtidos por um Gol Rallye testado pelo Autos Segredos em agosto obteve médias de 11,1 km/l em ciclo urbano e de 14,2 km/l em rodovias. É verdade que o hatch tende a gastar menos em virtude do peso mais baixo e da aerodinâmica mais eficiente. Porém, a diferença é tão expressiva que parece-nos injusto creditá-la apenas a esses dois fatores. Por fim, como sempre, lembramos que vários fatores influem no consumo de combustível de um veículo, como  as ccaracterísticas do tráfego, das vias e de relevo, além do estilo de condução do motorista.

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A versão Highline, oferecida unicamente com a carroceria, é uma das mais completas da linha: acima dela, só há a Cross. De série, essa configuração traz, entre os itens de conforto e conveniência, direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, ar-condicionado, alarme, indicador de trocas de marcha, computador de bordo, rádio com CD, MP3 player, conexão Bluetooth, porta USB e entrada auxiliar e volante multifuncional. A lista de opcionais é composta por rodas de liga leve e sensores de estacionamento traseiros (vendidos juntos) e capota marítima, além dos já citados bancos em couro.  Entre os itens de segurança, além dos obrigatórios airbags frontais e freios ABS, há indicador de frenagem de emergência (sistema que ativa o pisca-alerta em desacelerações fortes) e apoios de cabeça para todos. Cintos de três pontos para o quinto passageiro e mais airbags não são oferecidos sequer como opcionais.

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Proposta traz limitações O preço da Saveiro Highline não é baixo: a versão custa R$ 53.110 sem opcionais. É verdade, porém, que no contexto atual do mercado, no qual a barreira dos R$ 50 mil já é superada até por compactos, essa quantia não chega a ser lá tão exorbitante. E ainda está no mesmo patamar da Strada Trekking 1.6 16V Cabine Dupla, sua concorrente direta. Por outro lado, seria mais vantajoso se essa versão também trouxesse o novo motor 1.6 16V da Volkswagen. Porém, a grande questão que deve ser avaliada por quem pretende adquirir o modelo é a seguinte: uma picape compacta com cabine dupla é realmente a melhor opção para você? Como carro familiar, ela é desconfortável, devido ao pouco espaço no banco traseiro. Como veículo de carga, é a caçamba que torna-se limitada demais. Se a ideia é ter um carro para levar a família por estradinhas de terra com mais desenvoltura no fim de semana e, de vez em quando, carregar um ou outro objeto de maior volume, uma perua aventureira ou um SUV compacto parecem fazer muito mais sentido.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 7  7
Consumo(cidade e estrada) 7  7
Estabilidade 8  7
Freios 9  8
Posição de dirigir/ergonomia 8  7
Espaço interno 5  6
Caçamba (espaço, acessibilidade e versatilidade) 5  7
Acabamento 7  7
Itens de segurança(de série e opcionais) 7  7
Itens de conveniência(de série e opcionais) 7  7
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8  6
Relação custo/benefício 6  7

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ cm³ de cilindrada, 101cv (g)/104cv (e) de potência máxima a 5,250, 15,4 kgfm (g)/ 15,6 mkgf (e) de torque máximo a 2.500 rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
11,2 segundos com gasolina e 10,9 segundos com etanol

VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
169 km/h com gasolina e 171 km/h com etanol

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio de 15 polegadas, pneus 205/60 R15 (opcionais)

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,493; largura, 1,708; altura, 1,539; distância entre-eixos, 2,753

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; caçamba: 580 litros; carga útil (passageiros e carga): 667 quilos; peso: 1.073 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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