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Ao volante: Toyota Etios Platinum encara 1.400 quilômetros de estrada

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O Autos Segredos utilizou o sedã em uma viagem até o litoral durante o feriadão da Semana Santa. Versão top de linha mostra evolução em acabamento e equipamentos, mas ainda é preciso melhorar outros pontos

teste_etios_sedan_platinum_22Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Os testes do Autos Segredos sempre incluem percursos rodoviários, para que os carros sejam submetidos a variadas situações de uso. Nenhum automóvel avaliado pelo site, contudo, foi tão longe quanto o Etios Platinum: a  bordo do sedã, percorri mais de 1.400 quilômetros, quase todos em rodovias. É que, por coincidência, a Toyota cedeu o modelo para avaliação na véspera do feriadão da Semana Santa. Eu já estava com uma viagem planejada (jornalistas às vezes também gozam de uma folga merecida) de Belo Horizonte, MG, a Itaúnas, ES (destino turístico que se revelou belíssimo, por sinal), e diante da situação, aproveitei para colocar o modelo na estrada. Como o Autos Segredos já  havia experimentado o Etios Sedan XLS, que tem exatamente o mesmo comportamento do Platinum ­­- ambos compartilham toda a parte mecânica; as diferenças entre eles ficam por conta apenas de alguns equipamentos e dos materiais de acabamento -, decidimos publicar uma avaliação diferente, com foco nas experiências adquiridas no longo percurso trilhado durante o recesso.

teste_etios_sedan_platinum_19Logo que entrei no carro, notei boas novidades. A atual versão top evoluiu em acabamento. O painel exibe plástico preto brilhante e apliques cromados em torno dos difusores de ar, nas maçanetas e no console central. Nenhum desses itens chega a ser sofisticado, é verdade, mas é inegável que fazem boa figura em um veículo com proposta popular. A unidade avaliada também apresentava bons encaixes entre as peças plásticas, sem rebarbas ou desalinhamentos. Nos bancos e no volante multifuncional, há revestimento em couro sintético, um verdadeiro luxo para um veículo de origem tão simples quanto esse Toyota. Quando fui ajustar os retrovisores, me deparei com comandos elétricos, que eram indisponíveis para a linha Etios há até pouco tempo. Na hora de manobrá-lo, outra surpresa: a central multimídia, com tela sensível ao toque, que equipa a versão, também traz câmera de ré. São novidades muitíssimo bem-vindas, mas é fato que ainda há muito a evoluir: se o painel agrada quanto aos materiais empregados, continua deixando a desejar em relação ao leiaute, que não mudou. Lá estão os difusores de ar centrais deslocados para a direita, muito distantes do motorista e próximos demais do passageiro, e ainda os instrumentos agrupados em posição central (que desagradam a muitos, embora eu, particularmente, nunca tenha tido dificuldade para visualizá-los). Também merecem críticas os parafusos à mostra nas maçanetas das portas e no console central, perto do freio de mão. E, por fim, enquanto bancos e volante ostentam couro, as portas mantiveram a forração em tecido.

teste_etios_sedan_platinum_28NA ESTRADA O Etios Platinum rodou pouco na cidade. Após retirá-lo, cedinho, na quarta-feira Santa, cumpri meu expediente no jornal onde trabalho e, em seguida, busquei minha companheira de viagem (no caso, minha namorada) em casa para seguirmos em direção ao extremo norte do Espírito Santo. Logo nos primeiros quilômetros na temida BR-381, conhecida aqui em Minas Gerais como Rodovia da Morte, um congestionamento típico dos feriadões nos fez gastar mais de duas horas para percorrer algumas dezenas de quilômetros. Sem outra opção, o jeito foi desfrutar do sistema de som do sedã, que embora disponha de apenas dois alto-falantes e dois twitters, traz recursos como CD/DVD Player, TV digital, conexão Bluetooth e duas entradas USB. Quando o tráfego enfim melhorou, foi possível reconfirmar que as maiores qualidades do modelo da Toyota realmente surgem quando ele é colocado em movimento. O câmbio tem ótimos engates, macios e muito precisos, enquanto a suspensão consegue proporcionar muita estabilidade em curvas. O desempenho também merece elogios: apesar de entregar potência e torque modestos para a sua cilindrada (são 92/96,5 cv a 5.600 rpm, com gasolina e etanol, na ordem, e 13,9 kgfm a 3.100 rpm com ambos os combustíveis), o motor 1.5 16V se destaca pelas boas respostas em todas a faixas de rotação. O propulsor, que tem bloco e cabeçote em alumínio e corrente de sincronização, que dispensa a correia dentada, ainda apresentou funcionamento bastante suave, algo muito bem-vindo, uma vez que o acústico não é lá dos mais eficientes (como é comum em veículos populares). Na hora de parar, o resultado também é positivo. O sedã freia em espaços curtos e sem desvios de trajetória. Tanto em desempenho quanto em frenagem, os bons resultados podem ser atribuídos também ao baixo peso do veículo (ele tem menos de uma tonelada de massa corporal). No conjunto mecânico, só a direção merece ressalvas: embora disponha de assistência elétrica com boa progressividade, o sistema é muito indireto.

teste_etios_sedan_platinum_3Boa parte do percurso de ida foi realizado à noite e sob chuva. Mas não houve sobressaltos, pois os faróis do Etios, embora sejam monoparabólicos, apresentam resultado correto em iluminação, ao passo que o limpador de para-brisa único, do tipo pantográfico, é bastante competente; são provas de que um projeto simples não tem, necessariamente, que ser ruim. Já em território capixaba, foi a vez de colocar o GPS à prova: nossa rota incluía muitas mudanças de rodovias, a maior parte delas estaduais. O itinerário já estava mais que esmiuçado por minha namorada (que se mostrou uma navegadora nata durante a viagem), mas o aparelho provou que, se estivéssemos totalmente dependentes dele, também não ficaríamos perdidos. Já bem perto de nosso destino, outra prova de fogo: os últimos 20 quilômetros do percurso seriam em uma estrada sem pavimentação. Ali, o que chamou a atenção foi a boa absorção de impactos do conjunto suspensivo, que até chegou a “dar batente” em algumas depressões, mas não provocou sacolejos. Nesse sentido, aliás, o acerto do sedã da Toyota mostra-se muito bem-feito, com compromisso muito bem-equacionado entre conforto e estabilidade. E, embora o modelo não tenha qualquer pretensão de uso fora do asfalto, a altura em relação ao solo mostrou-se satisfatória, pois não houve nenhum esbarrão contra o solo.

teste_etios_sedan_platinum_9O que não faltaram, aliás, durante a viagem de feriadão, foram vias de terra. Além de cerca de 80 quilômetros rodados na ES-010 entre idas e voltas a Itaúnas, andamos por aproximadamente outros 10 na BR-474, no trajeto de volta, que foi diferente do de ida. Em vez de chegar a Belo Horizonte pela BR-381 e enfrentar seus constantes congestionamentos, optamos por fazê-lo pela BR-040, que via de regra tem trânsito mais fluido. Isso, contudo, acrescentou cerca de 90 km ao nosso percurso. Foi nesse último trecho sem pavimentação, aliás, que ocorreu a situação mais inusitada da jornada: o Etios ficou atolado em um areião. Por sorte, alguns homens que trabalhavam justamente para melhorar as condições da via de dispuseram a empurrar, literalmente, o sedã para fora do banco de areia, e tudo não passou de um breve susto. Mais uma vez, vale lembrar que o sedã não é voltado para o uso em estradas sem pavimentação. Finalmente de volta à capital mineira, constatamos na pele um dos inconvenientes do modelo: os bancos com pouco apoio para a região lombar. A viagem deixou uma incômoda dorzinha na coluna, tanto em mim quanto em minha companheira namorada. O forte dos bancos não é o encosto, e sim o assento, que acomoda bem as coxas. No mais, o corpo chegou íntegro ao destino. Os pedais, leves e bem-posicionados, não cansaram pés e panturrilha, e o volante, com boa pegada e alinhado ao painel, garantiu o conforto das mãos e dos braços. Sem dúvida, colaboram muito para a posição de dirigir correta as regulagens de altura do banco do motorista e da coluna de direção, embora essa última deixe de fora o ajuste em profundidade.

SALDO DA JORNADA A gasolina gasta pelo sedã popular da Toyota não pesou muito no saldo da viagem. A média do modelo foi de 13,3 km/l, que consideramos boa, tendo em vista que o percurso incluiu unicamente rodovias de pista simples, que exigiram bastante do motor em ultrapassagens, e ainda que a maior parte dele cruzou regiões montanhosas, com muitos aclives e declives. Para calcular o consumo, porém, não foi possível contar com o computador de bordo, por um motivo simples: nenhuma versão do modelo dispõe desse equipamento. A ausência dele trouxe ainda outra dificuldade: a impossibilidade de saber com exatidão a autonomia do veículo, obrigando-nos a antecipar as paradas para abastecimento. As últimas considerações vão para o espaço interno e para o pacote de itens de segurança. O primeiro merece elogios: embora a jornada tenha sido efetuada com apenas duas pessoas a bordo e com pouca bagagem, havia espaço no banco traseiro para acomodar dois adultos com sobras, ou três com algum aperto, mas sem martírio. O porta-malas, com 562 litros de capacidade, também tinha potencial para ser muito melhor aproveitado. O segundo quesito, porém, é alvo de críticas, pois inclui apenas os obrigatórios airbags frontais e freios ABS. É verdade que o Etios se saiu bem no crash-test do latin NCAP, que lhe concedeu quatro estrelas. Todavia, é lamentável não encontrar sequer encosto de cabeça e cinto de três pontos para o quinto ocupante, mesmo na versão top.

teste_etios_sedan_platinum_13Carro devolvido e avaliação terminada, digo que o Etios revelou mais pontos positivos que negativos ao longo de nossa intensa convivência. Sua maior qualidade, como já havíamos apontado em outras avaliações, é o conjunto mecânico atual e muito bem-acertado, que o torna bastante agradável de dirigir. Há de se destacar, ainda, a boa oferta de itens de conforto para a versão Platinum, cujo preço, de R$ 54.340, está na média do segmento. Porém, se o modelo é capaz de satisfazer às necessidades de um casal que vai curtir o feriadão no litoral, teria ficado devendo se a viagem tivesse sido feita em família. Isso porque a ausência de equipamentos de segurança que já começam até a chegar a automóveis populares, como mais airbags, controle de estabilidade e ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas, além dos banais cintos de três pontos e encostos de cabeça para o quinto ocupante, torna-se ainda mais grave em um veículo de proposta familiar como o sedã em questão. Os dois primeiros, aliás, poderiam ter feito a diferença até mesmo para mim e minha namorada, caso alguma situação de maior risco tivesse ocorrido em nossa viagem.

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FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.496 cm³ de cilindrada, 92 cv (g)/96,5 cv (e) de potência máxima a 5.600  rpm, 13,9 kgfm (com ambos os combustíveis) de torque máximo a 3.100  rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h
11s3 (dado de fábrica)

VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora

RODAS E PNEUS
Rodas em aço estampado 15×5,5, pneus 185/60 R15

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,265; largura, 1,695; altura, 1,510; distância entre-eixos, 2,550

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 45 litros; porta malas: 562 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 422 quilos; peso: 980 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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