As duas edições especiais do hatch compacto têm várias características em comum, mas acabam se destacando em alguns pontos distintos
Alexandre Soares Especial para o Autos Segredos
Séries especiais são artifícios que os fabricantes geralmente usam para marcar um acontecimento de destaque (as últimas unidades de um modelo, por exemplo) ou para oferecer um pacote extra de equipamentos ao consumidor por um preço convidativo. A Nissan resolveu apostar em ambas as estratégias com as edições Rio 2016 e Colors do March: enquanto a primeira é baseada na versão SL 1.6, limitada a 1.000 unidades, numerada e feita para comemorar as Olimpíadas na capital fluminense, que são patrocinadas pela marca japonesa, a segunda não tem tiragem pré-determinada: disponível para as configurações SL 1.6 e SV 1.0, é, na verdade, um pacote a ser acrescentado ao modelo.
Em termos visuais, ambas são chamativas, embora de modos diferentes. A Rio 2016 traz um body kit inédito, composto por volumosos spoilers dianteiro e traseiro, com detalhes em laranja, além de saias laterais, teto preto, retrovisores pretos com faixas laranja e rodas grafite; já a carroceria pode ter as cores branca, prata ou preta. O toque final fica por conta da grade com a numeração da série (curiosamente, o Autos Segredos avaliou a unidade 002). Já a Colors não traz componentes exclusivos: a particularidade fica por conta da pintura extravagante em frisos, maçanetas e capas dos retrovisores, combinada à pintura da carroceria seguindo quatro padrões pré-estabelecidos: branco com detalhes em vermelho, vermelho com branco, preto com branco e branco com azul. As rodas são diamantadas, como nas versões convencionais do March.
Interior discreto
Por dentro, as duas versões são bem menos chamativas que por fora. A edição Rio 2016 ainda traz alguns detalhes próprios, como costuras na cor laranja nos bancos e um jogo de tapetes específico. Já o habitáculo do Colors é rigorosamente idêntico ao das configurações convencionais: traz apenas um jogo de tapetes com a identificação da série. Assim, a vida a bordo é rigorosamente a mesma do restante da linha: estão lá o volante com aro muito fino (que prejudica a empunhadura) e sem ajuste em profundidade (apenas em altura), os bancos com assentos muito curtos (que não apoiam bem as pernas), mas com boa acomodação para a a coluna, sendo o do motorista regulável em altura, o cluster com leitura clara, mas sem termômetro do fluido de arrefecimento, o painel com botões dos retrovisores em posição ruim, parcialmente encoberto pelo volante, mas com os demais comandos acessíveis, e a boa visibilidade geral, inclusive para trás, graças, também, aos retrovisores bem-dimensionados.
O acabamento segue o padrão visto desde o lançamento do March, com componentes bem-encaixados e sem rebarbas. O material predominante é o plástico rígido, mas o resultado geral pode ser considerado satisfatório para um modelo de entrada. Só não é melhor porque existem alguns parafusos à mostra no console central. O espaço interno do modelo também é conhecido: o teto alto faz com que ninguém raspe a cabeça no forro interno, nem mesmo os passageiros que viajam atrás. Ali, porém, a área para as pernas é limitada, assim como a largura do banco, o que torna desconfortável a acomodação de um quinto ocupante, mas a verdade é que esses inconvenientes são comuns em compactos. E, frente à maioria dos concorrentes, o modelo da Nissan está longe de ser apertado. O porta-malas, por outro lado, com 265 l, tem capacidade um pouco abaixo da média da categoria.
Comportamento conhecido
Em termos mecânicos, nenhuma das séries traz modificações. Ambas as unidades avaliadas estavam equipadas com o conhecido motor 1.6 16V da Nissan, que tem concepção atual, com recursos como comando de válvulas variável na abertura e no escape, movimentado por corrente metálica (cuja durabilidade prevista pelo fabricante é equivalente à vida útil do propulsor). Bloco e cabeçote são confeccionados em alumínio. No passado o motor perdeu o tanquinho de partida a frio que foi substituído pelo sistema Flex Start® Bosch.Tanto com gasolina quanto com etanol, são gerados 111 cv de potência a 5.600 rpm e 15,1 kgfm de torque a 4.000 rpm (segundo a Nissan, 90% desse valo está disponível já a 2.400 rpm). Esses números são mais que suficientes para proporcionar um desempenho muito bom ao hatch: em qualquer faixa de rotação, basta acelerar para ganhar velocidade com agilidade, o que é explicado, também, pelo baixo peso do March, inferior a uma tonelada. O funcionamento, como já havia sido observado em outras avaliações, é suave.
Os demais componentes mecânicos também não passaram por mudanças, e são idênticos tanto no Rio 2016 quanto no Colors. Assim, não surpreende que as séries Rio e Colors tenham comportamento exatamente igual ao do restante da linha. O câmbio manual de cinco velocidades, com relações curtas, é outro fator que ajuda a dar fôlego ao compacto da Nissan, embora faça o motor trabalhar sempre em alta rotação durante viagens: a 120 km/h, em quinta marcha, o tacômetro registra elevadas 3.500 rpm. Assim como foi notado em outras avaliações, os engates são um tanto imprecisos, ainda que macios. Já a direção com assistência elétrica é bastante leve em manobras, mas deveria ser mais progressiva, pois oferece pouca firmeza em alta velocidade. A suspensão segue a mesma lógica: os conjuntos do tipo McPherson, independente, na dianteira, e por barra de torção, semi-independente, na traseira, têm calibragem macia, e faz o hatch rodar com suavidade em pisos malconservados, mas permite que a carroceria incline em curvas. Assim, apesar de entregar bom desempenho, o March instiga a uma tocada tranquila. Na edição Rio 2016, é bom ter paciência também na hora de entrar e sair de rampas de garagem, pois o spoiler frontal toca o solo com facilidade (aconteceu durante o teste). Já os freios, com discos ventilados no eixo da frente e tambores no de trás, imobilizam o veículo com eficiência; mais uma vez, parte do mérito vai para o baixo peso do modelo.
Como ambos os veículos avaliados tinham exatamente a mesma mecânica, não surpreende que eles tenham apresentado números de consumo muito parecidos, com médias em torno de 10 km/l na cidade e de 14 km/l na estrada, com gasolina. Nunca é demais ressaltar que o gasto de combustível depende de diversos fatores, entre os quais as características das vias e do tráfego, além da tocada do motorista.
Pacote fechado
Como a versão SL serviu de base para série Rio 2016 e também a unidade avaliada da edição Colors – essa última, como já foi dito, pode ainda partir da configuração SV -, pouco muda na lista de equipamentos de série. O pacote inclui ar-condicionado digital, direção elétrica, retrovisores elétricos, vidros elétricos nas quatro portas (mas com sistema one-touch só na do motorista, para descer o vidro), computador de bordo, travas elétricas, chave com telecomando, rodas de liga leve aro 16′, volante multifuncional, faróis de neblina e alarme. Mas há um plus presente em ambas: a central multimídia diferenciada, com tela de 6,2 polegadas sensível ao toque, que não requer espelhamento de smartphones, graças a 13 aplicativos que vêm instalados de fábrica, além de entradas para iPod e do tipo USB, SD card, conexão Bluetooth, conexão à internet através de Wi-Fi pela Plataforma Android, GPS e câmera de ré. Porém, os dois têm poucos itens de segurança: trazem apenas o que é exigido por lei, como airbags frontais e freios ABS. Controle eletrônico de tração e ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas não são oferecidos sequer como opcionais. Aliás, o March não traz nem mesmo cinto de três pontos e encosto de cabeça no centro do banco traseiro.
Um March Colors baseado na versão SL 1.6, como o avaliado pelo Autos Segredos, tem preço sugerido de R$ 51.790. Já a série Rio é sensivelmente mais cara: custa R$ 55.540. Nos dois, a garantia é de três anos, sem limite de quilometragem, com intervalos de revisão a cada 10 mil quilômetros. Considerando a diferença de preço significativa, fica claro que a primeira tem foco no volume de vendas, enquanto a segunda vale como opção mais para quem valoriza o visual externo diferenciado e a aquisição de uma edição limitada e numerada.
NOTAS DO NISSAN MARCH RIO 2016
Alexandre
Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas)
8
9
Consumo(cidade e estrada)
8
8
Estabilidade
7
7
Freios
7
8
Posição de dirigir/ergonomia
7
8
Espaço interno
7
7
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade)
6
7
Acabamento
6
7
Itens de segurança(de série e opcionais)
6
7
Itens de conveniência(de série e opcionais)
8
8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)
7
8
Relação custo/benefício
7
8
NOTAS DO NISSAN MARCH COLORS
Alexandre
Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas)
8
9
Consumo(cidade e estrada)
8
8
Estabilidade
7
7
Freios
7
8
Posição de dirigir/ergonomia
7
8
Espaço interno
7
7
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade)
6
7
Acabamento
6
7
Itens de segurança(de série e opcionais)
6
7
Itens de conveniência(de série e opcionais)
8
8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)
7
8
Relação custo/benefício
8
8
FICHA TÉCNICA (idêntica para as duas configurações, segundo o fabricante)
MOTOR Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ de cilindrada, 111 cv de potência máxima a 5.600 rpm, 15,1 kgfm de torque máximo a 4.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
9,8 segundos com gasolina e 9,3 segundos com etanol (dados de fábrica)
VELOCIDADE MÁXIMA
182 km/h (dado de fábrica)
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS Rodas em liga leve, 5,5 x 16, pneus 185/55 R16
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