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Ao volante: Renault Sandero ficou mais vistoso, mas ainda é racional

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Visual do hatch ficou mais interessante, porém seus maiores trunfos continuam sendo menos emocionais, como espaço interno e economia de combustível;  versão Expression 1.0 16V tem preço de compra competitivo frente à concorrência

teste_novo_renault_sandero_3Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Espaçoso e racional são palavras que sempre definiram muito bem o Sandero. Isso não mudou na nova geração: o hatch manteve todas essas qualidades, ainda que agora ele seja capaz de mexer um pouco também com o lado emocional do comprador, com um design mais agressivo e inspirado.  Quem prestar mais atenção ao carro, perceberá ainda outras melhorias, como a adoção de faróis bi-parábola e adoção de palhetas do tipo flat-blade nos limpadores do para-brisa. São itens que, embora corriqueiros, ainda não estão presentes em todos os populares, e que evidenciam evolução técnica, e não apenas estética. Mas em outros aspectos o hatch não subiu de nível. Tanto para o lado bom, considerando o preço, que continua acessível, tanto para o lado ruim, no caso das questões mecânicas. De modo geral, o que se vê é uma evolução com a manutenção das características gerais.

teste_novo_renault_sandero_8Certamente, a maior ressalva da reestilização do Sandero é que ela foi pouco além da questão visual. A mecânica é quase a mesma. A unidade avaliada estava equipada com o conhecido 1.0 16V, que foi nacionalizado no já longínquo ano de 1999, junto com o Clio. De lá pra cá, ele ganhou sistema flex, aperfeiçoamentos eletrônicos, taxa de compressão mais alta (12:1) e sistema de lubrificação mais eficiente (com jatos de óleo nos pistões), mas é só. São evoluções pequenas quando se leva em conta o tempo que o motor está no mercado. As quatro válvulas por cilindro, por exemplo, não têm comando variável, e a correia dentada é do tipo convencional, com prazo de troca máximo, segundo o site da Renault, de 80 mil quilômetros, enquanto, em alguns concorrentes, esse componente já supera os 100 mil quilômetros. O cabeçote é confeccionado em alumínio, e o bloco, em aço. Apesar da concepção já um tanto datada, porém, é verdade que o motor entrega números de potência e torque satisfatórios para a cilindrada: são  77/80 cv a 5.750 rpm e 10,1/10,5 kgfm a 4.250 rpm, com gasolina e etanol, na ordem. A direção, por sua vez, permaneceu com o sistema hidráulico, enquanto outros populares já aderiram à assistência elétrica, mas o fabricante afirma ter melhorado a sua progressividade. A suspensão é o único componente mecânico que evoluiu de modo mais evidente. Os componentes do sistema McPherson presente na dianteira são instalados em subchassis, e as bitolas também aumentaram: são 33 mm a mais no eixo dianteiro e 25 mm no traseiro.

SEM PRESSA Na prática, o que se percebe é um conjunto mecânico competente, mas que não consegue esconder algumas rugas. O desempenho, por exemplo, deixa um pouco a desejar mesmo para um carro 1.0, em parte porque as dimensões externas generosas fazem com que o Sandero seja mais pesado que outros hatches da mesma cilindrada (o Renault soma 1.013 kg na balança), em parte também porque o propulsor mostra melhor desempenho em alta rotação, principalmente acima de 3.000 rpm (característica típica de propulsores multiválvulas mais antigos). Assim, esse Renault mostra-se um tanto preguiçoso no trânsito urbano. Ao menos não é desconfortável explorar os regimes mais altos, pois o funcionamento é suave. E o câmbio manual de cinco velocidades continua deixando a desejar em alguns aspectos, como na transmissão de vibrações para a alavanca, que ainda tem curso muito longo. Mas os engates parecem nitidamente mais macios que os da geração anterior, o que pode indicar mudanças no trambulador do sistema, embora o fabricante não tenha informado se efetuou esse aperfeiçoamento quando lançou a atual geração. Além do mais, o escalonamento é correto, sem buracos entre as marchas, e a 120 km/h o tacômetro marca 4.000 rpm, valor aceitável dentro da proposta. Já a suspensão tem calibragem voltada para o conforto. O compacto encara desníveis e buracos da pista com desenvoltura, quase sem transmitir solavancos para o habitáculo. A contra partida vem na hora de fazer curvas, que poderiam ser contornadas com mais firmeza e menos inclinação da carroceria. Não pense, porém, que há insegurança nessas situações. Em uma estrada sinuosa, o modelo não chega a empolgar, mas é suficientemente estável para não transmitir sustos. Em situações extremas, ele revelou-se obediente a correções de trajetória.

teste_novo_renault_sandero_31O consumo merece elogios. Nas mãos do Autos Segredos, o Sandero cravou, após várias aferições, as médias de 13,2 km/l na cidade e de 15,1 km/l na estrada. Esses números foram obtidos com gasolina. Vale lembrar que o hatch também se saiu bem nos testes de eficiência energética do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), com marcas de 11,9 km/l em ciclo urbano e 13,4 km/l em trechos rodoviários, com o mesmo combustível. Os números obtidos na avaliação do Inmetro foram citados como informação complementar, pois a nota no quesito foi dada com base em nossas marcações Sempre vale lembrar: diversas variáveis, como relevo, condições das vias, características do trânsito e estilo de condução do motorista, entre outras, interferem diretamente no gasto de combustível dos automóveis.

MUDANÇAS POR FORA E POR DENTRO O design do Sandero não foi melhorado apenas por fora. Por dentro, também é perceptível que o modelo ganhou visual mais cuidado, com apliques em cinza e até em preto-brilhante, no centro do painel. Essa evolução, porém, mostra-se mais estética que construtiva, pois ainda é possível encontrar algumas falhas, como rebarbas plásticas em alguns locais (na unidade avaliada, elas se fizeram notar nas maçanetas e no console entre os bancos dianteiros) e parafusos à mostra. O material predominante é o plástico rígido, ainda que com diferentes texturas. O acabamento acaba sendo apenas razoável mesmo dentro da categoria de populares, no qual a maioria dos modelos passa longe de primar pela sofisticação. Outro indício da origem simplória do modelo está na coluna de direção: ela pode ser ajustada somente em altura, e não em profundidade. Mas o banco do motorista também traz ajuste de altura. E por falar em bancos, eles são confortáveis, com apoios adequados para pernas e colunas. As abas laterais são pequenas e não seguram o tronco em curvas, mas isso não chega a comprometer em um veículo sem pretensões esportivas. O quadro de instrumentos tem leitura clara, mas não dispõe de termômetro do fluido de arrefecimento do motor, item útil que foi sendo suprimido aos poucos e que, atualmente, já está ausente na maioria dos compactos. Mas ao menos há um indicador de trocas de marchas, que ajuda a dirigir de modo mais econômico. No mais, a ergonomia é benfeita, com acesso fácil aos comandos e postura alinhada ao volante, que tem boa pegada. A visibilidade é boa para a frente e para os lados, mas apenas razoável para trás, em virtude das colunas largas e do vidro pequenos. Ao menos os retrovisores bem-dimensionados ajudam a ampliar o campo visual traseiro.

teste_novo_renault_sandero_32Espaço interno sempre foi um dos pontos fortes do Sandrero e a atual geração mantém essa qualidade. O habitáculo é quase tão amplo quanto o de um hatch médio, e permite que quatro adultos, mesmo de grande estatura, se acomodem confortavelmente, sem que joelhos ou cabeças fiquem espremidos. Com três pessoas atrás, não há tanta folga, mas o resultado ainda pode ser considerado muito bom para um compacto. É pena que, nas versões equipadas com motor 1.0, o quinto ocupante não disponha nem de encosto de cabeça nem de cinto de três postos, um deslize injustificável em segurança. Seguindo a fórmula da amplitude interior, o porta-malas é simplesmente o maior da categoria, com 320 litros de capacidade. Mas poderia ser mais versátil, pois o banco traseiro é inteiriço; quem quiser o prático bi-partido terá de optar pela configuração top Dynamique. Uma das novidades da nova geração é que o estepe deixou de ser fixado sob o assoalho e agora é acessível por dentro do compartimento de carga, o que dificulta o furto.

De série, a versão Expression, avaliada, traz todos os equipamentos mais essenciais. O modelo inclui direção hidráulica, ar-condicionado, aberturas internas do porta-malas e reservatório de combustível, rádio/CD/MP3 player com entrada USB e Bluetooth, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, alarme e computador de bordo. Opcionalmente, é possível adicionar ainda central multimídia com tela de 7 polegadas e comando satélite na coluna de direção para manusear o equipamento e sensores de estacionamento. O pacote de segurança, porém, é pequeno e traz apenas os itens exigidos por lei, mais especificamente os airbags frontais e os freios ABS. Por falar em freios, os do Sandero, embora convencionais, com discos ventilados na frente e tambores atrás, mostraram-se eficiente, estancando o hatch em espaços curtos e de modo equilibrado. De qualquer modo, há pouco conteúdo voltado para a segurança. Itens como ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis ou controle eletrônico de estabilidade não estão presentes nem entre os opcionais. Nem mesmo a versão top de linha dispõe desses itens.

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APOSTA NO CUSTO/BENEFÍCIO Um fator essencial para definir se um automóvel vale ou não a pena é seu preço. O do Sandero Expression 1.0 16V, apesar de ter sido reajustado recentemente, ainda é competitivo:  sem opcionais, o modelo custa R$ 35.930. Completo, mas com a mesma motorização, o montante sobe para R$ 37.230. Diante dos valores dos rivais com propulsores de igual cilindrada, que às vezes superam a barreira dos R$ 40 mil, esse Renault torna-se até tentador. Não que ele seja perfeito. Seus maiores defeitos são a mecânica já um tanto defasada  e a pouca oferta de equipamentos de segurança. Mas, por outro lado, suas qualidades, como a economia de combustível e o espaço interno, são bastante consistentes. O resultado é um carro que, se não chega a ser referência, consegue agradar de modo geral. Quando seus atributos como produto são analisados em conjunto com o custo de compra, então,  o hatch da Renault mostra-se bastante interessante dentro de seu segmento.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 6 7
Consumo (cidade e estrada) 9 8
Estabilidade 7 7
Freios 7 7
Posição de dirigir/ergonomia 7 8
Espaço interno 8 9
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 8 9
Acabamento 7 7
Itens de segurança (de série e opcionais) 6 7
Itens de conveniência (de série e opcionais) 7 7
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 7 8
Relação custo/benefício 8 7

FICHA TÉCNICA

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 999 cm³ de cilindrada, 77 cv (g)/80 cv (e) de potência máxima a 5.750, 10,1 kgfm (g)/ 10,5 mkgf (e) de torque máximo a 4.250 rpm

»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

»ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
14,1 segundos com gasolina e 14,0 segundos com etanol

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
160 km/h com gasolina e 161 km/h com etanol

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica variável

»FREIOS
Discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Dianteira, independente,  McPherson; traseira semi-independente, por eixo de torção

»RODAS E PNEUS
Rodas em aço estampado aro 15, pneus 185/65 R15

»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,060; largura, 1,733; altura, 1,536; distância entre-eixos, 2,590; peso, 1.013 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 50 litros; porta-malas: 320 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 456 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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