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Ao Volante: Nissan Kicks tem bons atributos para enfrentar os rivais

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teste-nissan-kicks-sl-46Alexandre Soares

O Kicks preencheu, de uma só vez, duas lacunas na gama da Nissan. Uma delas era entre os modelos de entrada  (March e Versa) e o médio Sentra, mas a empresa precisava também um SUV. Com o lançamento, a marca não só ocupou o degrau que estava vazio, mas também passou a ter um utilitário, ainda por cima um do segmento compacto, que, atualmente, é a bola da vez do mercado. Seguindo a receita que vem sendo adotada por praticamente todos os fabricantes, une-se plataforma e conjunto mecânico de veículos acessíveis a equipamentos e um padrão de construção um pouco superiores, com um preço também maior. No caso do Kicks, a versão top de linha SL, que até pouquíssimo tempo era a única oferecida, custa R$ 89.990; é justamente ela a avaliada pelo Autos Segredos. Durante o Salão do Automóvel de São Paulo, foi lançada a SV, por R$ 84.990, que ainda não tivemos a oportunidade de experimentar.

teste-nissan-kicks-sl-42Apesar de ainda ser novidade, o Kicks tem um conjunto mecânico bem conhecido. O motor  1.6 16V, designado internamente pela Nissan como HR16DE, é o mesmo que equipa os irmãos March e Versa. Porém, graças à calibragem exclusiva, ele desenvolve um pouco mais de potência e de torque: tanto com gasolina quanto com etanol, são 114 cv a 5.600 rpm e 15,5 kgfm a 4.000 rpm (segundo o fabricante, 90% desse valor está disponível já a 2.400 rpm). Sua concepção, com bloco e cabeçote confeccionados em alumínio, comando de válvulas de admissão com variador de fase, sincronização por corrente metálica e sistema de partida a frio por meio de aquecimento dos bicos injetores (que dispensa o tanquinho de gasolina) ainda é bem atual. Acoplado a ele, há unicamente um câmbio automático continuamente variável (CVT), que também equipa o hatch e o sedã de entrada da marca. As demais soluções arquitetônicas, como direção eletricamente assistida e suspensão independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira são igualmente comuns aos “irmãos” de plataforma.

teste-nissan-kicks-sl-18Vai bem na cidade, mas nem tanto na estrada

Confesso que eu estava pessimista quanto ao desempenho d o Kicks antes de dirigi-lo. Afinal,  ele é 14% mais pesado que um March com o mesmo conjunto mecânico. Minha  desconfiança, contudo, se desfez logo nas primeiras voltas com  modelo. No trânsito urbano, ele é bem ágil, inclusive em uma cidade de relevo acidentado como Belo Horizonte. Isso porque, mesmo com o ganho de massa corporal em relação ao hatch, ele ainda é, disparado, o SUV compacto mais leve da categoria, com moderados 1.142 kg. Na prática, nem é preciso colocar a alavanca na posição Low, que faz a transmissão operar com relações mais curtas.  Além do mais, a programação eletrônica eficiente faz com que as variações se alternem entre seis relações definidas, atenuando a sensação de monotonia que costuma ser inerente a esse tipo de câmbio.

teste-nissan-kicks-sl-22Na estrada, minha previsão sobre a performance do utilitário se confirmou: é preciso usar bastante o pé direito, principalmente em subidas, o que resulta em maior nível de ruído proveniente do propulsor. Para obter melhor performance,  é possível pressionar a tecla Sport, para eliminar o overdrive, diminuindo a relação final. Isso, porém, eleva ainda mais os giros, e, consequentemente, o barulho a bordo. Por outro lado, sem esse recurso acionado, com o pé leve no acelerador, é possível andar a 120 km/h com o motor girando a apenas 2.800 rpm.

No mais, em termos dinâmicos, o Kicks agrada. A suspensão tem um acerto um pouco mais firme que o do March e do Versa, para conter a rolagem da carroceria de altura elevada em curvas. Funciona: a estabilidade do utilitário é boa, e só ocorre subesterço se a tocada estiver sendo bastante entusiasmada. A vantagem é que não há dureza excessiva, de modo que, em pisos irregulares, o rodar não é desconfortável. Já a direção, como já foi observado em avaliações com outros modelos da Nissan, poderia ser mais progressiva, pois em alta velocidade o volante fica mais leve que o desejável, sensação que é acentuada pelas relações bastante diretas do sistema. Já os freios, mesmo com e tambores na traseira (há discos ventilados só na dianteira), estancam o veículo em distâncias adequadas, o que pode ser creditado, mais uma vez, ao peso contido para um SUV.

teste-nissan-kicks-sl-32Limitações

Também experimentei o utilitário em alguns percursos de terra batida (afinal, mesmo com proposta urbana, um veículo com altura elevada deve se comportar minimamente bem nesse tipo de situação). Nas vias rurais, o Kicks voltou a mostrar que sua vocação é realmente urbana: a suspensão tem curso curto para rodar fora do asfalto, e “dá batente” com facilidade, enquanto os pneus on-road fazem o carro derrapar em subidas e arrancadas. Mas o generoso vão em relação ao solo, de 20 cm, fez com que não houvesse esbarrão algum contra valetas e outros pequenos obstáculos.

Em consumo de combustível, a união entre motor de baixa cilindrada, carroceria leve e câmbio CVT mostrou resultado. Abastecido com etanol, o Kicks rodou, em média, 8,3 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada durante nossas aferições. A ressalva nesse quesito vai para a autonomia, prejudicada pelo tanque bastante pequeno, de apenas 41 litros (a mesma capacidade do irmão March). Assim, o alcance do veículo em uma viagem, quando abastecido com o derivado da cana, fica limitado a 426 km.

teste-nissan-kicks-sl-26No meio-termo

A posição intermediária que o Kicks passou a ocupar dentro da linha Nissan fica evidente no habitáculo. A ambientação traz alguns elementos que remetem ao Sentra, como os bancos encorpados e construídos com excelentes espumas, que apoiam muito bem as pernas e a coluna, sendo o do motorista regulável em atura, e o volante com desenho algo esportivo e de boa pegada, ajustável em altura e em profundidade. A ergonomia é muito boa, com todos os comandos acessíveis e posição correta para dirigir (mais verticalizada, como é de praxe na categoria); faz falta apenas um apoio de braço no console central. A visibilidade é boa, menos para trás, em função das colunas C muito largas e do vidro vigia pequeno demais. Mas a configuração SL conta com câmeras laterais e de ré, que dão uma visão de 360° ao redor do veículo.

Os materiais de revestimento, entretanto, estão mais para o March e o Versa, com plásticos rígidos, embora sem falhas de montagem. O toque de sofisticação fica por conta de uma faixa estofada que atravessa o painel, exclusiva da versão SL (na unidade SV exibida no Salão do Automóvel de São Paulo, essa peça era dura). Um deslize que salta aos olhos é a falta de iluminação no porta-luvas. A unidade avaliada tinhas as peças da carroceria muito bem-alinhadas, mas apresentou infiltração de água em um dos faróis de neblina (esperamos que seja um caso pontual). Ou seja, a Nissan ainda tem pontos a melhorar. Já o cluster configurável, uma das novidades do Kicks, é um dos recursos mais interessantes a bordo: com exceção do velocímetro, que é analógico, todos os instrumentos são mostrados em uma tela de LCD de sete polegadas e alta resolução. Ela tem 12 modos de visualização, que mostram informações como estação do rádio, conta-giros, temperatura do motor, dados de consumo, etc. A central multimídia, por sua vez, é simples de operar e relativamente completa, com tela touch colorida de 7 polegadas, rádio, CD e MP3 Player, entrada auxiliar para iPod, USB, Bluetooth e navegador GPS, mas não há conexão Wi-Fi à internet pela plataforma Android, como em outros modelos da marca.

O espaço interno é bom para a categoria, equiparável ao do Honda HR-V e pouco superior ao do Jeep Renegade. Quatro ocupantes altos conseguem se acomodar confortavelmente, com alguma folga para cabeça e joelhos. A situação só fica mais complicada com lotação máxima, pois o habitáculo não tem largura suficiente para que três adultos se sentem no banco traseiro sem acotovelarem-se. Mas todos têm cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça à disposição. O porta-malas também está entre os mais amplos da classe, com 432 litros, e sua modularidade é garantida pelo banco traseiro bipartido. Um detalhe que denota capricho do fabricante é o estepe com roda de liga leve, posicionado abaixo do assoalho do compartimento, embora esse recurso, infelizmente, tenda a despertar maior cobiça de arrombadores.

teste-nissan-kicks-sl-35Muitos equipamentos de segurança

O Kicks SL vem de série com chave presencial e botão de partida, bancos e volante multifuncional revestidos em couro, ar-condicionado digital (mas com apenas uma zona de temperatura), vidros travas e retrovisores elétricos, faróis de neblina, alarme, acendimento automático dos faróis (eles têm assinatura em LED, que não cumpre o papel de luz diurna), sensor de estacionamento, assistente de partida em rampa, sensores de ré e rodas de liga leve de 17 polegadas. Há ainda os itens já citados ao longo da reportagem, como o cluster com tela configurável, que cumpre o papel de computador de bordo, a central multimídia e as câmeras com visão de 360°. Porém, faltam alguns itens disponíveis em carros mais simples, como controlador de velocidade, teto solar, retrovisor eletrocrômico e paddle-shifts no volante para permitir que o motorista troque as “marchas virtuais” do câmbio CVT.

O pacote de segurança, por outro lado, é campeão, com seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas, controles eletrônicos de estabilidade e tração, controle dinâmico do chassi, que engloba o controle dinâmico em curvas (que regula a rolagem sobre os eixos), o estabilizador ativo de carroceria (que contém os movimentos do monobloco em vias onduladas) e o controle dinâmico de freio motor (que reduz a velocidade em descidas quando o motorista tira o pé do acelerador). O plano de manutenção prevê revisões a cada 10.000 km, com preços alternados de R$ 419 e R$ 579 até os 60.000 km. Os únicos opcionais são as opções de pintura: tonalidades metálicas acrescentam R$ 1.350 ao preço de R$ 89.990, enquanto a combinação bicolor, com teto em tom diferente do restante do veículo, adiciona R$ 3.850.

teste-nissan-kicks-sl-30Opção a ser considerada

O convívio com o Kicks mostrou que a Nissan entrou no segmento dos SUVs compactos com um produto de peso. Em espaço e equipamentos, ele está entre os melhores da classe. Há alguns deslizes, mas o maior problema é a oferta única do motor 1.6, que apesar de ter se mostrado econômico, limitou do desempenho do veículo na estrada. Seria interessante se ao menos a versão top de linha dispusesse do 2.0 da marca, pois, embora muitos compradores circulem apenas em vias urbanas – e, nesse caso, o modelo se mostra uma opção bem interessante -, há também os que apreciam um veículo familiar com características mais estradeiras. Além disso, se a ideia é ter um veículo entre as linhas March/Versa e Sentra, seria mais que justificável as configurações que se aproximam do sedã médio em preço se equipararem a ele também em performance.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 7
Consumo (cidade e estrada) 9 8
Estabilidade 8 8
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 8 9
Espaço interno 8 8
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 9 9
Acabamento 7 8
Itens de segurança (de série e opcionais) 9 9
Itens de conveniência (de série e opcionais) 8 9
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 8
Relação custo/benefício 8 9
FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, 1.598cm³ de cilindrada,quatro cilindros em linha, com 78 mm de diâmetro e 83,6 mm de curso, 16 válvulas, gasolina/etanol,  114 cv de potência máxima a 5.600  rpm, 15,5 kgfm de torque máximo a 4.000  rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático do tipo CVT

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h 
12 segundos (dado de fábrica)

VELOCIDADE MÁXIMA 
175 km/h (dado de fábrica)

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora

RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve de 17 polegadas, pneus 205/55 R17

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,295; largura, 1,760; altura, 1,590; distância entre-eixos, 2,610

CAPACIDADES

Tanque de combustível: 41 litros; porta malas: 432 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 427 quilos; peso: 1.142 quilos; altura em relação ao solo, 20 cm

teste-nissan-kicks-sl-11Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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