Menor modelo da Fiat, Mobi passa a ser equipado com motor de três cilindros Firefly sem tanquinho de partida a frio e direção elétrica em versão única de acabamento. Mas limitações persistem

Paulo Eduardo

Finalmente o Mobi passa a ser equipado com o pequeno e eficiente motor de alumínio de três cilindros em vez do antigo de quatro cilindros. Na ocasião do lançamento, representante da montadora até negou a existência do motor de três cilindros, que não ficou pronto a tempo. Estratégia equivocada proporciona declaração patética. Mas, enfim, chegou o que o mercado esperava. Motor de ótimo desempenho na cidade e avesso a bebedeira equipa somente a versão Drive.

Se o motor Firefly é moderno e com muita tecnologia, o mesmo não se pode dizer da carroceria. A arquitetura antiga é evidente pelo tamanho do compartimento do motor. A montadora nega, mas o Mobi não passa de um Uno com menor espaço interno e porta-malas reduzido. Isso não se deve apenas à distância entre-eixos de 2,30 metros. O grande compartimento do motor diminui espaço para passageiros e também do porta-malas. O carro não foi projetado para o motor. Há espaço de sobra no compartimento. Aquela caixa dentro do pequeno compartimento de bagagem é um estorvo. Idealizada para levar as compras para dentro de casa é literalmente uma mala sem alça. Será quem teve a infeliz ideia? Além disso, os elementos muito grandes da carroceria (faróis, lanternas, grade e para-choques) deixam o visual com aspecto esquisito. Falta harmonia às linhas da carroceria. Gosto é pessoal, mas…

Câmbio

Outro detalhe esquecido há muito pela montadora é o sistema de transmissão. Os engates estavam precisos na unidade avaliada, mas o curso da alavanca permanece muito longo, fazendo o motorista esbarrar o cotovelo no banco da primeira para a segunda marcha e da terceira para a quarta. O pior é a falta de afinação entre motor e câmbio que exige do motorista cuidado ao soltar a embreagem nas reduções de terceira para segunda e dessa para a primeira. Se não for suave, passageiros sacolejam, ou seja, são projetados para frente, o que gera desconforto. A posição dos pedais também impede dirigir confortavelmente, pois distantes exigem esforço da musculatura da perna além do normal. Mais uma vez, arquitetura moderna leva em consideração esse item básico de ergonomia, que é a adaptação das ferramentas de trabalho ao corpo humano. Não é o caso do Mobi.

Um dos itens mais bem-vindos no Mobi é a direção elétrica com a função City, que deixa a direção levíssima em baixa velocidade e não atua em velocidades mais altas, sendo firme nessa condição. Está bem calibrada. O motor de alumínio usa corrente (durabilidade prevista de 200 mil quilômetros) em vez da correia dentada. Muito bom. O tanquinho de partida a frio foi dispensado. Um estorvo a menos. O motor tem durabilidade mínima prevista pela fabricante de 240 mil quilômetros.

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Desempenho

O desempenho do Mobi é muito bom na cidade. Apesar de o torque estar disponível em rotação elevada (3.250rpm) para motor com apenas duas válvulas por cilindros, o carro encara aclives sem cerimônia. Basta pisar fundo no acelerador para ter surpresas agradáveis. O Mobi encara adversidades sem cerimônia também pela altura do solo. Na estrada, empolga menos pela falta da elasticidade, que é comum aos motores multiválvulas. Esse motor da Fiat tem mais torque do que o três cilindros da Volkswagen, mas com menos potência. A economia de combustível é característica dos três cilindros, que têm mais eficiência energética em relação aos de quatro cilindros. Vibração e ruído de funcionamento são evidentes e também característicos do bloco de três cilindros. A suspensão firme faz o carro contornar curvas sem sustos. A inclinação da carroceria é aceitável. As imperfeições do piso não são totalmente absorvidas pela distância entre-eixos muito curta.

URBANO

A vocação urbana fica evidente pelo espaço justo para pernas no banco traseiro, mais indicado para percurso curto do que viagens. As portas traseiras abrem em ângulo de 90 graus, o que facilita entrar e sair. O encosto do banco traseiro fracionado possibilita levar um ou dois passageiros e bagagem, o que é muito prático. O carro está homologado para cinco ocupantes, mas falta apoio de cabeça no assento central e o cinto ali é abdominal. Retrovisores enormes compensam a falta de visibilidade lateral traseira. O acabamento é bom para a proposta do carro e o plástico duro do painel tem aparência aceitável. Há também elementos grandes e protuberantes no painel central, seguindo a tendência da carroceria. O quadro de instrumentos tem boa visualização. O volante abriga comandos de som, computador de bordo e telefone. A pega é muito boa.

A versão Drive é muito bem equipada e vem de série com ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos com sistema um toque e antiesmagamento nas portas dianteiras, entre muito outros. O único opcional é o sistema multimídia, além da pintura metálica. Com o motor de três cilindros, o Mobi revela sua verdadeira face. Fácil de dirigir e estacionar.

Ficha técnica Fiat Mobi

Motor
De três cilindros em linha, 999cm³ de cilindrada, flex, de 77cv (álcool)/72cv (gasolina) de potências máximas a 6.250rpm e torques máximos de 10,9kgfm (a) e 10,4kgfm (g) a 3.250rpm

Transmissão
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

Direção
Tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica

Freios
Disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira

Suspensão
Dianteira, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; traseira, eixo de torção

Rodas/pneus
5×14”em aço (liga leve acessório)/175/65R14

Peso
945kg

Carga útil (passageiros+ bagagem)
400kg

Dimensões (metro)
Comprimento, 3,56; largura, 1,63; altura, 1,50; distância entre-eixos, 2,30

Porta-malas
215 litros

Desempenho
Velocidade máxima, 164km/h (álcool)/161km/h (gasolina); aceleração até 100km/h, 12 (a)/12,8 (g)

Consumo (km/l)
Urbano, 9,6 (a) e 13,7 (g); estrada, 11,3 (a) e 16,1 (g)

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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