Fiat Palio Way tem no preço seu principal atrativo, mas projeto ultrapassado impõe prejuízos à dirigibilidade; lista de equipamentos de série também é muito limitada Alexandre Soares Especial para o Autos Segredos
Versões aventureiras estão entre as especialidades da Fiat. Além de ter inaugurado o conceito em questão no Brasil, em 1999, com a (ex-Palio) Weekend Adventure, a marca italiana é atualmente a que mais tem modelos com esse tipo de proposta. Além da Weekend, que segue em produção, Idea, Doblò, Strada e Uno contam com variações com visual off-road. Diante de toda essa expertise, é até de se admirar que o Palio hatch tenha demorado tanto a aderir à onda. Somente neste ano o modelo passou a ser vendido na configuração Way, restrita à geração anterior, que já há algum tempo é batizada com o sobrenome Fire. A ideia é preencher a lacuna deixada pelo Mille Way, que deixou o mercado em dezembro último. A receita dos dois, aliás, é rigorosamente a mesma: atender a um público que quer um carro mais altinho para trafegar eventualmente em estradas de terra, mas gastando o mínimo possível. Até a roupagem dos dois é parecida, com direito a apliques plásticos nos paralamas e adesivos na parte de baixo das portas. Saiba como o aventureiro mais barato do Brasil se sai no teste do Autos Segredos.
Motor
Mecanicamente, o Way diferencia-se pela suspensão elevada, com molas e amortecedores mais altos, além de pneus maiores (175/65 R14). O resultado é uma altura livre do solo de 160 mm, 15 mm a mais que a versão Fire convencional.. No mais, ele é o mesmo Palio de sempre. A começar pelo motor 1.0, com 75 cv de potência com etanol e 73 com gasolina, a 6.250 rpm. O torque é de 9,9 kgfm com o combustível vegetal e de 9,5 kgfm com o derivado do petróleo, a 4.500 rpm. A concepção é datada: o propulsor tem quatro cilindros e oito válvulas, com acionamento por correia dentada. O bloco é de ferro fundido e o cabeçote, de alumínio. Não há qualquer tecnologia de variação do coletor ou do comando de válvulas e até o famigerado tanquinho da partida a frio ainda está presente. O câmbio é sempre manual de cinco marchas e a direção com assistência hidráulica, que equipava a unidade avaliada, é item opcional.
Sem pressa
Na prática, o conjunto mecânico limitado dá ao Palio um comportamento pacato. O desempenho, mesmo para um carro 1.0, fica aquém do esperado. No trânsito urbano, até que o modelo consegue proporcionar alguma (pouca) agilidade, em parte porque o motor gosta de trabalhar em baixas rotações, em parte porque as relações do câmbio, com as primeiras marchas bem curtinhas, privilegiam arrancadas e retomadas. Porém, na estrada, a situação muda de figura: o desempenho cai bastante acima de 4.500 rpm, exigindo cuidado redobrado nas ultrapassagens, e é preciso fazer reduções de marchas sempre que surge uma subida. O motorista que se prepare para usar bastante o câmbio, cujos engates são macios e silenciosos, mas um tanto imprecisos, em parte porque o curso da alavanca é longo.
Nas curvas, o comportamento é semelhante ao do Fire convencional, que tem suspensão mais baixa. Isso mostra bom trabalho por parte da engenharia da Fiat, que conseguiu elevar a altura do solo sem comprometer a estabilidade. Mas não se empolgue, porque ter comportamento semelhante ao do Fire convencional não significa ter estabilidade de sobra: nas curvas, a carroceria inclina consideravelmente e o hatch não demora a subesterçar. Mas é verdade que, em uma condução sem abusos, não haverá sustos. Por outro lado, a absorção das imperfeições do solo é muito boa, algo especialmente apreciável em um veículo aventureiro, que deve estar apto a enfrentar pisos ruins. Resultado da calibragem do sistema, nitidamente mais voltado para o conforto que para a esportividade.
O Autos Segredos costuma fazer avaliações de consumo com gasolina. Porém, com o Palio Fire, excepcionalmente tivemos que fazer as aferições com etanol, pois foi com esse combustível que o veículo avaliado nos foi entregue. Após esgotarmos o tanque, não houve tempo para fazer o número de medições adequado com o derivado do petróleo. Assim, queimando o combustível vegetal, obtivemos médias de 8,1 km/l na cidade e de 10,2 km/l na estrada. Resultado satisfatório, mas longe de ser impressionante. Não custa lembrar que o gasto de combustível de um carro é influenciado por vários fatores, entre os quais o relevo, o estilo de condução do motorista e as condições das vias
Novidades pontuais em um habitáculo antigo
Por dentro a versão Way traz as novidades introduzidas na linha 2015 do Palio Fire. O volante, que ganhou saliências para encaixar as mãos, permite ótima pegada, mas não oferece regulagens de altura e de profundidade sequer como opcionais. Assim, alguns motoristas, principalmente aqueles muito altos ou muito baixos, certamente não encontrarão a posição mais apropriada para dirigir. Uma das poucas distinções internas do Way em relação ao Fire convencional fica por conta dos bordados com o nome da versão nos encostos dos bancos dianteiros. Com espuma macia demais, eles tendem a cansar muito o corpo após longos períodos, fator que é reforçado pelo assento curto, que não acomoda as pernas de modo apropriado. Por outro lado, o apoio para a coluna é satisfatório, enquanto as abas laterais pequenas, que deixam o corpo um tanto solto em curvas, não comprometem em um modelo no qual é performance, definitivamente, não é prioridade. O que incomoda mesmo é a ausência do ajuste de altura; sim, ela também inexiste na poltrona do motorista.
Painel
O painel, outra novidade ainda recente do Palio Fire, é a grosso modo o mesmo que equipa a Strada e a Weekend, porém com simplificações, como saídas de ar redondas e quadro de instrumentos compartilhado com o Uno. Apesar do aspecto bastante despojado, o conjunto ainda parece superior ao anterior, que era utilizado desde que a primeira geração do hatch passou por sua segunda reestilização, no ano 2000. O acabamento, porém, deixa a desejar, nem tanto pelos plásticos rígidos, que são padrão na categoria, mas sim pelos encaixes desleixados. Na unidade avaliada, até a tampa do porta-luvas encontrava-se um pouco desalinhada. Além do mais, há muitos parafusos à mostra, nas portas e no console central. Por outro lado, voltando ao painel, o cluster agrada: funcional, traz velocímetro grande, com boa leitura, e o marcador de combustível e o termômetro do motor, mesmo digitais, também proporcionam visualização precisa. Vale destacar, inclusive, que esse último item citado, apesar de importante, já é raridade entre os populares. O ponto fraco da instrumentação é o conta-giros, muito pequeno e, consequentemente difícil de enxergar. Os comandos são bem-localizados, com exceção apenas dos difusores de ar centrais, muito baixos.
No mais, o habitáculo traz muitas heranças dos primórdios da linha Palio, que data da já longínqua década de 1990. A começar pelo espaço interno limitado, principalmente no banco traseiro. Ali, só crianças ou adultos de baixa estatura sentam-se confortavelmente. Pessoas de altura mediana já não conseguirão evitar esbarrões dos joelhos contra os bancos dianteiros, enquanto os mais altos sentirão a falta de área útil também para a cabeça. Os ocupantes da frente, por sua vez, vão bem, assim como a bagagem da turma, pois o porta-malas tem 290 l de capacidade, número satisfatório para um hatch compacto. E, verdade seja dita, nem todos os resquícios do projeto antiquado do Palio trazem desconforto. A ampla área envidraçada, por exemplo, reflete-se de modo muito positivo na visibilidade, boa para todos os lados e ainda beneficiada pelos retrovisores muito bem-dimensionados. Os faróis bi-parábola, que proporcionam ótima iluminação, também estão lá.
Poucos itens de série e muitos opcionais
A lista de itens de série do Palio Fire Way é composta praticamente pelos adereços off-road e pelos equipamentos obrigatórios por lei. Inclui, portanto, apenas airbags frontais e freios ABS. Todo o resto é vendido à parte: entre os opcionais, estão ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos (apenas na dianteira), travas elétricas, rádio com leitor MP3 e entrada USB, rodas de liga leve aro 14” e faróis de neblina. Pasme: até mesmo pormenores que deveriam equipar qualquer hatch, como limpador e desembaçador do vidro traseiro traseiro, alto-falantes, encostos de cabeça (dois) e cintos de três pontos retráteis (dois) no banco traseiro são opcionais. A versão aventureira é vendida apenas com carroceria de quatro portas.
O Palio Way sobrevive devido ao fator preço: ele é, disparado, o aventureiro mais barato do Brasil, com preço sugerido de R$ 28.250. Há de se destacar, contudo, dois pontos: o primeiro é que, devido à parca lista de itens de série, dificilmente o comprador irá levar para casa uma unidade básica; um veículo completo, como o avaliado, custa R$ 36.194, valor que já se torna bem menos convidativo. O segundo é o projeto ultrapassado, que coloca o modelo em nítida desvantagem frente a outros compactos . Mesmo mais caros e sem versão com suspensão elevada (ao menos por enquanto), rivais como Nissan March, Ford Ka e Volkswagen Up! parecem ser muito mais vantajosos.
AVALIAÇÃO
Alexandre
Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas)
5
7
Consumo (cidade e estrada)
8
7
Estabilidade
6
7
Freios
7
8
Posição de dirigir/ergonomia
7
7
Espaço interno
6
7
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade)
6
7
Acabamento
6
7
Itens de segurança (de série e opcionais)
5
6
Itens de conveniência (de série e opcionais)
6
8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)
6
7
Relação custo/benefício
7
6
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, 999cm³ de cilindrada; 73 cv de potência com gasolina e 75 cv de potência com etanol, a 6.250 rpm; 9,5 kgfm de torque com gasolina e 9,9 kgfm de torque com etanol, a 4.500 rpm.
» TRANSMISSÃO
Câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira
» ACELERAÇÃO A 100KM/H (dado de fábrica)
14,0 s com gasolina e 13,6 s com etanol
» VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
156 km/h com gasolina e 157 km/h com etanol
» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica (opcional)
» FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
» SUSPENSÃO
Independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente com barra de torção na traseira
» RODAS e PNEUS
Rodas de 5,5 x 14 polegadas, em liga leve (opcionais); pneus 175/65 R14
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