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Ao volante: Citroën C4 Picasso traz virtudes cada vez mais raras no mercado

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Pontos fortes do modelo são os mimos a bordo e a habitabilidade típica dos monovolumes; pelo valor cobrado, pacote de itens de série poderia ser mais caprichado

teste_citroen_c4_picasso_27Alexandre Soares

As peruas não foram as únicas vítimas da expansão dos SUVs no mercado brasileiro. Os monovolumes também sentiram o golpe e têm ficado cada vez mais escassos no país. Ok, eles nunca chegaram a conquistar tanta participação quanto as stations, mas é certo que já tiveram muito mais representantes por aqui. Nesse contexto, o C4 Picasso é um sobrevivente, e segue sozinho, sem concorrentes diretos, em sua subcategoria: a Spin, mais simples, ocupa uma faixa inferior, enquanto Carnival e Town&Country são superiores em tamanho e em sofisticação. Por valor pouco acima da marca de R$ 100 mil, a minivan da Citroën está longe de ser uma escolha óbvia para a maioria dos consumidores, tanto pela retração do segmento quanto pela baixa penetração da marca francesa no país. Porém, quem topar fugir do óbvio será recompensado com todas as características que um bom monovolume tem que ter, entre as quais praticidade, versatilidade e amplo espaço interno.

teste_citroen_c4_picasso_37A habitabilidade é realmente o ponto alto da C4 Picasso, fazendo jus à sua proposta familiar. Há todo o aparato típico do segmento, como mesinhas do tipo avião nos encostos dos bancos dianteiros, espelhinho retrovisor adicional para monitorar crianças no banco traseiro e uma quantidade enorme de porta-objetos. O banco traseiro não é único, como na maioria dos carros: ele é composto por três bancos individuais, todos com cinto de três pontos, encosto de cabeça e ganchos Isofix. Assim, trata-se de um raro caso de veículo capaz de acomodar, com conforto, cinco ocupantes. A turma de trás ainda conta com mimos como difusores dedicados, posicionados nas colunas B, com regulagem da vazão de ar, tomada 12V e persianas nas janelas. Já o passageiro da frente goza de um apoio para as pernas, oferecido como opcional, para esticá-las se quiser.

teste_citroen_c4_picasso_20O desenho do painel, associado aos instrumentos digitais, ajuda a dar certo ar futurista ao habitáculo: é vistoso, mas não exatamente luxuoso, uma vez que os materiais de revestimento são comuns em veículos dessa faixa de preço, e incluem emborrachamento no painel e nas forrações das portas. A montagem, vale destacar, é muito boa. Além de arrojado, o interior também é versátil, uma vez que é possível rebater os bancos traseiros um por um, ou ainda corrê-los para frente e para trás, priorizando o espaço para passageiros ou para bagagem, dependendo da necessidade. Assim, o volume do compartimento varia de 537 litros a 630 litros, de acordo com o fabricante. Ou seja, é amplo em qualquer situação. Se for preciso ainda mais espaço para carga, os três assentos traseiros podem ser totalmente dobrados, e, nessa situação, formam uma superfície plana com o assoalho do porta-malas. Mimo presente na área destinada à bagagem é uma lanterna removível, útil, por exemplo, se for preciso trocar um pneu à noite.

teste_citroen_c4_picasso_39Outra característica típica dos monovolumes encontrada no C4 Picasso é a posição de dirigir elevada, porém relaxada, que induz o motorista a guiar de modo mais passivo. O volante grande, típico dos modelos do Grupo PSA, também colabora para reduzir a empolgação do condutor. Tudo bem, afinal, monovolumes são, por natureza, modelos familiares, e não esportivos. E, com a grande área envidraçada proporcionada pelo para-brisa panorâmico, dirigir com calma, curtindo a paisagem, fica mais prazeroso. Mas seria melhor se fosse mais fácil mexer no sistema multimídia, para controlar de modo mais intuitivo a trilha sonora do passeio, pois o manuseio da interface não é dos mais simples. O excesso de botões no volante (são nada menos que 16!) também requer costume para não gerar confusão. Todavia, o acesso aos demais comandos é fácil e direto, e o cluster, formado por uma tela digital de 12 polegadas, embora posicionado em posição central, tem boa leitura. Ele é configurável: o condutor pode escolher entre diferentes tipos de visualização, e a instrumentação é completa.

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POTENTE, MAS PACATA

Assim como o ambiente interno, o conjunto mecânico do Citroën C4 Picasso também contribui para uma tocada tranquila. O motor não é fraco: sob o capô, há o conhecido 1.6 THP do grupo PSA, capaz de entregar 165 cv de potência a 6.000 rpm e 24,5 kgfm de torque a 1.400 rpm, O problema é que o veículo pesa 1.405 kg, o que prejudica o desempenho. Não que o monovolume seja lerdo: ele mostra muitas desenvoltura na cidade, e, na estrada, consegue fazer ultrapassagens com muita segurança e manter boa velocidade em subidas de serra. Porém, o resultado passa longe da empolgação e da esportividade encontradas nos hatches da marca equipados com o mesmo propulsor. No mais, a arquitetura mecânica é a mesma de sempre, e inclui  turbocompressor, intercooler, comando variável para as válvulas de admissão, injeção direta de combustível, construção de bloco e cabeçote em alumínio e acionamento das válvulas por meio de corrente. O funcionamento é suave, mesmo em alta rotação. Já os freios, com discos ventilados no eixo dianteiro e sólidos no traseiro, auxiliados por ABS, atuam muito bem revelam bom-dimensionamento para o modelo.

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O câmbio automático de seis velocidades tampouco tem quaisquer pretensões esportivas. A começar pela posição da alavanca, na coluna de direção, solução que melhora o aproveitamento de espaço do habitáculo, mas causa algum estranhamento no manuseio.  As trocas prezam mais pela suavidade que pela rapidez. Característica já observada em outros veículos do Grupo PSA equipados com a mesma transmissão é a programação eletrônica que segura muito as marchas, deixando de cambiar em alguns momentos. O escalonamento, porém, é bom, e há paddle-shifts no volante para que o motorista possa comandar o sistema por conta própria. A suspensão, por sua vez, está em sintonia com o espírito familiar do carro, e proporciona grande suavidade ao rodar. Mesmo equipada com rodas de 17 polegadas calçadas com pneus de perfil 55,  a minivan filtra bem as imperfeições do solo. Outra vantagem é que essa característica não prejudica a estabilidade: o comportamento em curvas do C4 Picasso é previsível e seguro, mesmo com uma solução simples de engenharia – o conjunto suspensivo é formado por sistema McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira -, o que indica uma calibragem bem-equacionada. Já a direção, com assistência elétrica, é ótima, bastante leve em manobras e firme em alta velocidade.

teste_citroen_c4_picasso_2Em consumo, o C4 Picasso obteve médias condizentes com seu porte e sua motorização. No ciclo urbano, as aferições ficaram em torno de 9,1 km/l, enquanto no rodoviário, foram de 12 km/l.  Vale lembrar que, ao contrário dos modelos equipados com o motor THP fabricados em países do Mercosul, o  monovolume não tem sistema flex, e consome apenas gasolina; por razões óbvias, esse foi o combustível utilizado. Como o tanque tem 57 litros de capacidade, a autonomia é de bons 684 km. Como sempre, lembramos que o consumo de qualquer automóvel relaciona-se diretamente a uma série de variáveis, como as condições do trânsito, as características das vias, o relevo e o estilo de condução do motorista.

PREÇOS E CONTEÚDO 

O Citroën C4 Picasso é vendido em duas versões: Seduction, por R$ 110,9 mil, e Intensive, por R$ 117,9 mil, que se diferem apenas pelo nível de equipamentos, pois a mecânica é a mesma. A segunda, mais luxuosa, foi a avaliada pelo Autos Segredos. De série, ela traz sistema de partida sem chave, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, faróis com acendimento automático, retrovisores com regulagem e rebatimento elétrico, travas e vidros elétricos, central multimídia com tela touch de 7 polegadas, MP3 player, entradas auxiliar e USB, Bluetooth e seis alto-falantes, sensores e câmera de ré, limpadores de para brisa com acionamento automático, assistente de partida em rampas, freio de mão elétrico e para-brisa panorâmico Zenith. Entre os itens destinados à segurança, há seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), controles eletrônicos de estabilidade e tração e os já citados ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas em todas as poltronas. O fabricante disponibiliza outros equipamentos à parte, como opcionais, entre os quais revestimento interno em couro, bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e massageador, tampa do porta-malas com abertura elétrica, teto solar panorâmico, faróis bi-xênon e assistente de estacionamento com câmeras em 360 graus. Com todo o conteúdo extra, mais pintura metálica, o preço da configuração top chega a R$ 141.840! A garantia é de três anos, sem limite de quilometragem.

teste_citroen_c4_picasso_7Para se estacar mais no mercado, o C4 Picasso poderia vir um pouco mais equipada: pelo preço cobrado, a versão Intensive deveria trazer de série ao menos o teto solar panorâmico e os bancos revestidos em couro. A seu seu favor, o modelo tem justamente o fato de estar sozinho dentro de sua proposta: graças à sua carroceria monovolume, ele é imbatível em quesitos como versatilidade e espaço interno. Talvez, se a Citroën fosse mais generosa com o conteúdo, pudesse fazer o consumidor enxergar melhor as demais qualidades do produto, e levá-lo a descobrir que a ótima habitabilidade das minivans tende a trazer mais benefícios no uso diário que a maior altura livre do solo dos SUVs.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 8 9
Consumo(cidade e estrada) 7 8
Estabilidade 8 7
Freios 8 8
Posição de dirigir/ergonomia 9 8
Espaço interno 10 10
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 10 10
Acabamento 9 10
Itens de segurança(de série e opcionais) 8 9
Itens de conveniência(de série e opcionais) 8 8
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 9
Relação custo/benefício 7 7

FICHA TÉCNICA

» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina, 1.598 cm³ de cilindrada, 165 cv a 6.000 rpm de potência máxima, 24,5 kgfm de torque máximo de 1.400 a 4.000 rpm.

» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático sequencial de seis marchas

» ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
8,4 segundos.

» VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
210 km/h.

» DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica.

» FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS.

» SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora.

» RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio de 17 polegadas, pneus 205/55 R17.

» DIMENSÕES 
Comprimento, 4,428 metros; largura, 1,826 m; altura, 1,625 m; distância entre-eixos, 2,785 m; peso, 1.405 quilos.

» CAPACIDADES
Tanque de combustível: 57 litros; porta malas: 537 litros a 630 litros.

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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