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Ao Volante: Chevrolet Sonic Hatch LTZ tem estilo e personalidade, mas deveria oferecer mais equipamentos

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Dirigibilidade é um dos pontos fortes, proporcionada por um conjunto mecânico agradável e atual. Importado da Coreia, modelo deverá sofrer adequações quando ganhar nacionalidade mexicana

Há pouco tempo, o tamanho de um automóvel era o principal parâmetro para definir seu segmento de atuação. Ao longo da última década, contudo, determinadas categorias, especialmente a de compactos, passaram por uma verdadeira multiplicação: algumas marcas mantém três, até quatro  modelos de dimensões semelhantes, diferenciando-se por outras questões, como acabamento, mecânica e nível de equipamentos. O Chevrolet Sonic compete na subclasse mais elevada, a dos chamados compactos premium.

Uma das armas do Sonic para conquistar o consumidor mais exigente é o visual. Nem todos gostam da enorme grade bipartida e dos faróis circulares, mas é inegável que o design tem personalidade e consegue chamar a atenção. Sem dúvida, trata-se do veículo mais ousado que a Chevrolet comercializa no Brasil. Mas será que, além dos olhares, o modelo atende à proposta de oferecer muito em uma carroceria de dimensões contidas? Bem, ele se mostrou premium em alguns aspectos, mas deixou a impressão de que poderia ter entregado mais em outros.

CORAÇÃO NOVO Na parte mecânica, o Sonic faz jus à alcunha premium. É o único compacto da Chevrolet a disponibilizar um propulsor da linha Ecotec, bem mais avançado que os nacionais. O motor 1.6 16V tem duplo comando de válvulas variável (Dual CVVT) e coletor de admissão variável, resultando em potência máxima de 120/116 cv a 6.000 rpm e torque máximo de 16,3/15,8 kgfm a 4.000 rpm, sendo que 90% do valor total já está disponível a partir das 2.200 rpm, segundo o fabricante. O bloco é confeccionado em ferro fundido e há utilização da temida correia dentada, mas tais características não chegam a desabonar o conjunto.

Na prática, as informações sobre entrega de torque divulgadas pelo fabricante parecem ser verdadeiras. O Sonic responde com agilidade aos comandos do acelerador desde os regimes  baixos, crescendo com linearidade até as rotações mais altas, onde se nota alguma aspereza. A boa dirigibilidade é completada pelo câmbio manual de cinco velocidades, que casa muito bem com o motor e atua com eficiência: os engates são macios e precisos, ao passo que o escalonamento é correto, sem “buracos” nas trocas nem sensação de “esgoelamento” em alta velocidade: a 120 km/h, o motor trabalha a 3.400 rpm, número contido, mas que poderia ser mais baixo se houvesse uma sexta marcha. Merece ressalva o acionamento do pedal da embreagem, que se mostrou mais duro que o desejável.

As suspensões seguem o tradicionalíssimo esquema McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Assim como na versão sedã, que avaliamos em setembro (veja aqui), o hatch tem acerto bastante rígido, proporcionando estabilidade muito boa. O Sonic encara curvas com muita desenvoltura: a carroceria inclina pouco e a tendência ao subesterço só aparece depois de abusos. A contrapartida cobrada pela calibragem mais esportiva é a baixa absorção de impactos, com transferência de grande parte das irregularidades do solo para o habitáculo. A direção com assistência hidráulica merece parte dos créditos para a boa dirigibilidade, oferecendo boa progressividade e firmeza em velocidade, sem se mostrar desconfortável em manobras.

DIREÇÃO GOSTOSA A posição correta do motorista contribui para o prazer ao dirigir o Sonic. Volante e pedais estão alinhados com o volante. Banco e direção são ajustáveis em altura e a segunda também pode ser regulada em profundidade. Os assentos são bem dimensionados e os encostos acomodam bem a coluna. Há abas laterais generosas, para segurar o corpo nas curvas. O único instrumento analógico é o conta-giros. Todos os demais são digitais, organizados em um cluster que começa a ser compartilhado com vários veículos da marca. A visualização é boa, com exceção do marcador de combustível, em forma de barras. Ao menos o computador de bordo informa a autonomia do veículo, o que ameniza a situação. Ausência descabida é a do termômetro do fluido de arrefecimento, que pode ser decisivo em caso de superaquecimento do motor. A visibilidade é boa para frente e para os lados, mas apenas razoável para trás, devido à vigia estreita e às colunas largas. Os retrovisores externos são generosos, mas o interno poderia cobrir área um pouco maior.

Se em termos de mecânica e dirigibilidade o Sonic é coerente com a proposta premium, no quesito de equipamentos o modelo deixa a desejar. É verdade que, logo após a chegada do Sonic para nossa avaliação, a Chevrolet fez alterações no conteúdo das versões, fazendo com que o LTZ venha de série com bancos em couro e transmissão automática (a unidade testada por nós dispunha de revestimentos em tecido e transmissão manual). Ainda assim, a sensação é de que o fabricante deveria ter sido mais generoso com a oferta de itens de série. O ar-condicionado tem comandos analógicos, os espelhos retrovisores são elétricos mas têm rebatimento manual, enquanto os vidros elétricos, presentes nas quatro portas, têm função um toque apenas para o motorista.  Há rádio/cd player com bluetooth, entrada USB e controles no volante, mas não há tela integrada ao painel com GPS. Também não há teto solar, nem mesmo como opcional. Vale lembrar que estamos falando da versão LTZ, top de linha. No mais, há sensores de estacionamento traseiros, sistema de destravamento das portas por radiofrequência e alarme antifurto.

DESPOJAMENTO No pacote de equipamentos de segurança, há o básico. O hatch vem com airbags frontais, mas não há possibilidade de adquirir sidebags e controle eletrônico de estabilidade sequer como opcionais.  O Sonic até faz bonito ao oferecer de série o ainda raro sistema isofix para fixação de cadeirinhas, mas derrapa ao não disponibilizar cinto de três pontos e encosto de cabeça para o quinto ocupante. Os freios dotados de ABS são de série e apresentaram resultados corretos, mas sem destaque. No mais, o modelo é dotado de conjunto óptico eficiente, composto por faróis de dupla parábola, auxiliados por luzes de neblina na frente e atrás, além de repetidores de seta posicionados nos para-lamas. Os fachos, porém, não têm regulagem de altura. Os limpadores de para-brisa varrem boa área e são silenciosos. Novamente, fica a impressão de que o hatch deveria entregar mais para ser chamado de premium.

O acabamento, embora não possa ser classificado como luxuoso, é bom. Os revestimentos internos são confeccionados em plástico, que embora seja rígido, tem texturas agradáveis e aparenta resistência a riscos. O painel é bicolor, assim como os forros das portas. Os encaixes são precisos e não há rebarbas aparentes. Embora o resultado geral não decepcione, alguns concorrentes demonstram mais qualidade em seus habitáculos, como Punto e New Fiesta, que oferecem materiais emborrachados e macios. O isolamento acústico é bom no que diz respeito à rodagem, mas deixa a desejar quando o motor atinge altas rotações.

O espaço interno é limitado pelas dimensões externas reduzidas, mas não chega a ser ruim. Dois adultos se acomodam com folga na frente. Atrás, outros dois conseguem se sentar com algum conforto, desde que não sejam muito altos. Ali, quem tiver estatura elevada irá raspar os joelhos nos bancos dianteiros e a cabeça no teto, inconvenientes que, no entanto, são comuns em hatches compactos e não chegam a comprometer. O porta-malas é que se mostrou pequeno demais: com 265 litros, tem volume inferior ao de veículos menores. Ao menos o vão de abertura é bem grande e há uma rede para fixar pequenos objetos. O compartimento é todo forrado em carpete e os bancos traseiros são rebatíveis nas proporções de 1/3 e 2/3, favorecendo o transporte de objetos maiores.

No consumo, o Sonic agradou. Sempre abastecido com gasolina, o modelo cravou marcas de 9,0 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada. A média rodoviária foi exatamente a mesma registrada pelo sedã que avaliamos em outubro, mas em ciclo urbano o hatch foi cerca de 11% mais econômico,  diferença que pode ser explicada, em parte, pelo menor peso e pelos diferentes câmbios utilizados pelas duas unidades (o três volumes tinha caixa automática). Apesar dos resultados satisfatórios, a autonomia é limitada, pois o tanque tem apenas 46 litros de capacidade.

MÃO NO BOLSO Ao final de nosso convívio com o hatch, chegamos à mesma conclusão de quando experimentamos a variante sedã: o Sonic é um automóvel atual, inclusive em termos mecânicos, e bastante gostoso de dirigir, mas vem mal equipado pelo preço cobrado pelo fabricante, que parte de R$ 53.600 na versão LTZ. Embora tenha acabado de fazer alterações no pacote de equipamentos da linha, a Chevrolet não deverá tardar a fazer outras concessões ao consumidor, como a adoção do sistema multimídia My Link, que já é disponibilizado no irmão Onix. A ampliação da oferta de conteúdo provavelmente chegará ao mercado quando o modelo deixar de ser importado da Coreia e passar a vir do México, em meados do ano que vem. Se não houver aumento de preço, aí sim, teremos um concorrente muito competitivo no segmento dos compactos premium.

Avaliação Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 7 8
Consumo(cidade e estrada) 8 7
Estabilidade 8 8
Freios 7 7
Posição de dirigir / Ergonomia 8 7
Espaço interno 7 6
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 6 6
Acabamento 8 8
Itens de segurança(de série e opcionais) 7 7
Itens de conveniência(de série e opcionais) 7 8
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 9 8
Relação custo/benefício 6 6

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com comando de admissão variável e duplo comando de válvulas continuamente variável, gasolina/etanol, 1.598 cm³ de cilindrada, 116cv (g)/112cv (e) de potência máxima a 6.000 rpm, 15,8 kgfm (g)/ 16,3 mkgf (e) de torque máximo a 4.000 rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h 
Não informada pelo fabricante

VELOCIDADE MÁXIMA 
Não informada pelo fabricante

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio 6 x 16, pneus 205/55 R16

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,039; largura, 1,735; altura, 1,517; distância entre-eixos, 2,525

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 46 litros; porta malas: 265 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 429 quilos; peso: 1.186 quilos

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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