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Ao volante: Chevrolet Cruze mostra evolução tímida

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Versão hatch, conhecida como Sport6, já não impressiona mais diante da concorrência, principalmente em termos dinâmicos; lista de equipamentos e espaço interno ainda são pontos fortes

teste_chevrolet_cruze_sport6_19Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

É sempre interessante voltar a dirigir, anos depois, um carro que você já avaliou. É isso que acontece agora com o Chevrolet Cruze: em 2012, o Autos Segredos já havia publicado testes das versões hatch e sedã.  De lá pra cá, o modelo passou por um leve face-lift, que alterou e deu mais cromados (talvez até em demasia) à grade e ao para-choque frontal. Esse último ainda ganhou luzes diurnas de LEDs. Nas laterais, há apenas novas rodas. Porém, os aperfeiçoamentos não foram unicamente estéticos. Vamos a eles:

teste_chevrolet_cruze_sport6_20Assim como no design, o médio da Chevrolet evoluiu discretamente na mecânica.  A mudança mais importante foi a adoção do câmbio automático de seis marchas de segunda geração (GF6-2), com gerenciamento atualizado, para fazer com que as trocas ocorram em momentos mais oportunos e de modo mais rápido e suave . O segundo foi um novo mapeamento eletrônico do motor 1.8 16V Ecotec, em conjunto com uma recalibragem do acelerador, para otimizar as respostas em baixas rotações, embora o fabricante não tenha revelado exatamente qual ganho foi obtido em qual faixa de rotação. Os valores máximos, todavia, não mudaram: são 144/140 cv de potência, ambos a 6.300 rpm, e  18,9/17,9 kgfm de torque a 3.800 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.

Quando o Cruze foi avaliado pela primeira vez, o Autos Segredos elogiou a concepção de seu motor, que traz comando de admissão variável e duplo comando de válvulas continuamente variável, acionados por correia dentada. O cabeçote é confeccionado em alumínio, enquanto o bloco é de ferro fundido. Atualmente, devido ao dinamismo do mercado, ele já não impressiona mais. Isso porque tecnologias como injeção direta e turboalimentação já estão sob o capô de alguns rivais. Trata-se, hoje em dia, de uma mecânica na média da concorrência. E, apesar da atualização do câmbio, ele está mais ou menos na mesma situação: não faz feio, mas tampouco se destaca frente a outros hatches médios.

teste_chevrolet_cruze_sport6_27TOCADA TRANQUILA

Esse conjunto mecânico mostrou resultados igualmente medianos quando foi colocado para funcionar. O Cruze tem desempenho satisfatório, com arrancadas ágeis e boas respostas em todas as faixas de rotação, mas apenas dentro de uma tocada mais pacata. Quem curte uma performance mais esportiva irá achar que falta brilho, principalmente frente aos concorrentes mais potentes. Além do mais, o funcionamento continua ruidoso em demasia e um tanto áspero, principalmente em giros mais elevados.

A transmissão automática, embora tenha sido atualizada, também poderia ter ido além. É verdade que as trocas de marchas realmente parecem ter ficado mais rápidas e suaves, mas a central eletrônica ainda parece ter dificuldades para “compreender” o que o motorista deseja. O sistema continua um tanto inquieto, fazendo trocas sem necessidade. E, apesar de existir a possibilidade de operar a caixa de marchas sequencialmente, isso só é possível por meio de toques na alavanca. Seria melhor fazer isso operando paddle shifts no volante: a falta deles já havia sido apontada pelo Autos Segredos durante a primeira avaliação com o modelo, mas a Chevrolet não aproveitou a atualização para inserí-las. Ao menos a sexta marcha faz as rotações caírem em alta velocidade, o que ameniza a já citada aspereza do motor: a 120 km/h, o tacômetro marca 2.500 rpm.

teste_chevrolet_cruze_sport6_12A suspensão não sofreu mudanças. Nem precisava mesmo, porque esse já era um dos elementos mecânicos com melhor acerto no Cruze. Ele segue o tradicionalíssimo esquema independente McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção (Z-link) na traseira. A calibragem é firme e garante ótima estabilidade em curvas. É verdade que uma ou outra imperfeição do solo acaba sendo transferida para o habitáculo, mas isso ocorre em nível aceitável, sem excessos a ponto de gerar grandes desconfortos. Já a direção, com assistência elétrica, é igualmente eficiente: direta e muito progressiva, entrega sempre o  peso ideal, independentemente da velocidade a qual se trafega.

teste_chevrolet_cruze_sport6_24Em consumo, o Cruze voltou a obter resultados medianos, sem se destacar de modo negativo ou positivo. Abastecido com gasolina, ele cravou, em média, 8,7 km/l em ciclo urbano e 11,6 km/l em trajetos rodoviários. Como o tanque de combustível tem 60 litros de capacidade, a autonomia pode chegar a aproximadamente 700 km. Nunca é demais lembrar que o gasto de combustível de um veículo está relacionado a diversas variáveis, como o relevo, as características das vias, as condições do tráfego e o estilo de condução do motorista.

MUDANÇA DE COR

O interior do Cruze quase não sofreu alterações. A maior delas é a forração em couro dos bancos: a cor preta, que dominava a versão LTZ do Spot6 anteriormente, deu lugar ao marrom. O material é bonito e de boa qualidade, mas poderia ter vindo acompanhado de mais evoluções. O painel, por exemplo, apesar de apresentar plásticos de bom toque e encaixes perfeitos, não é emborrachado, como na maioria dos concorrentes. Em termos de ergonomia, todavia, ele agrada, com fácil acesso aos comandos e instrumentação legível e completa, com direito a termômetro do fluido de arrefecimento do motor, que os modelos mais baratos da Chevrolet não possuem. A posição de dirigir é corretíssima, graças ao banco do motorista com regulagem de altura e ao volante que, além de ser ajustável em altura e profundidade, ainda têm boa pegada. A visibilidade é boa para frente e para os lados e razoável para trás, o que é amenizado pelos retrovisores bem-dimensionados e pela câmera de ré.

teste_chevrolet_cruze_sport6_22O espaço interno não mudou, e não há problema nisso: afinal, o Cruze sempre foi amplo. Quatro adultos, mesmo que de estatura elevada, viajam sem apertos, graças aos bons vãos para pernas e cabeças. Só haverá algum desconforto com lotação máxima, pois não há folgas para os ombros do quinto ocupante, tampouco para seus pés, uma vez que o túnel da transmissão é elevado e rouba centímetros preciosos. Mas é verdade que todos gozam da proteção de cintos de segurança de três pontos e de encostos de cabeça. O porta-malas também é generoso: com 402 litros de capacidade, está acima da média para um hatch médio.

A versão LTZ, top de linha, traz muitos equipamentos. Entre os voltados para o conforto, há ar-condicionado digital, sistema multimídia MyLink com bluetooth, comandos de voz em português e navegador GPS, sensores de estacionamento, chuva e crepuscular, chave presencial com botão de partida, retrovisores rebatíveis eletricamente e teto solar elétrico. O pacote destinado à segurança também é completo, e inclui airbags frontais, laterais e do tipo cortina, pedais desarmáveis, controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios ABS com EBD e PBA e ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis.

teste_chevrolet_cruze_sport6_25CARREIRA AVANÇADA

O Cruze Sport6 LTZ tem preço sugerido de R$ 89.750, que não foge muito ao praticado pela concorrência.  O problema dele diante dos rivais é a mecânica, que está longe da vanguarda do segmento.  É verdade que o modelo tem trunfos, como o amplo pacote de itens de série, mas o peso da idade é inexorável. Tanto que a Chevrolet já prepara uma nova geração, cuja versão sedã já foi mostrada no exterior e que deve chegar ao Brasil em pouco mais de um ano. E é bom que chegue mesmo, pois, ao final da avaliação, a conclusão a que se chega a respeito  do hatch médio é a de que ele é um produto maduro e de qualidade, com renome estabelecido no mercado, porém com uma carreira já sem muito futuro, devido, principalmente, à chegada de adversários mais jovens.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 6
Consumo (cidade e estrada) 7 6
Estabilidade 8 8
Freios 8 8
Posição de dirigir/ergonomia 8 7
Espaço interno 8 8
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade)  8 8
Acabamento 8 9
Itens de segurança (de série e opcionais) 9 8
Itens de conveniência (de série e opcionais) 9 8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 7
Relação custo/benefício 7 6

 FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com comando de admissão variável e duplo comando de válvulas continuamente variável, gasolina/etanol, 1.796 cm³ de cilindrada, 140cv (g)/144cv (e) de potência máxima a 6.300 rpm, 17,9 kgfm (g)/ 18,9 mkgf (e) de torque máximo a 3.800 rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de seis marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,9 segundos com gasolina e 10,2 segundos com etanol

VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
196 km/h tanto com gasolina quanto com etanol

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos nas quatro rodas, com ABS, EBD e PBA

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção com dois braços de controle

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 7j x 17 polegadas, pneus 225/50 R17

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,528; largura, 1,790; altura, 1,477; distância entre-eixos, 2,685

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 60 litros; porta malas: 402 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 442 quilos; peso: 1.450 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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