Por Marlos Ney Vidal (*)
De São Paulo (SP)

A Fiat aposta suas fichas no Argo para voltar a liderar o mercado brasileiro. O hatch pode representar a redenção da marca no país. Porém, faltou um pouco de ousadia em relação ao preço da versão de entrada. Os preços das opções 1.3 e 1.8 estão páreos aos da concorrência. Entretanto, quando se compara o preço da versão de entrada com o dos concorrentes diretos, o Fiat Argo só é mais barato que o Chevrolet Onix 1.0 LT, com preço sugerido de R$ 47.950. No entanto, o hatch italiano é mais caro que os outros dois líderes: o Hyundai HB20 1.0 Comfort tem preço inicial de R$ 42.500 e o Ford KA 1.0 SE parte de R$ 43.760.

Pesquisa

Na apresentação do Fiat Argo a marca apresentou uma pesquisa que indica que o baixo consumo de combustível é a primeira questão apontada pelos compradores de hatch – 38% dos entrevistados apontam o quesito como fator principal de compra. O quesito preço vem em segundo lugar, com 28% de influência fator de decisão. Neste caso, o Argo só ganha do Onix. Aliás, 60% das vendas do Chevrolet Onix são de versões equipadas com motor 1.0.

Diferenciais

Vale ressaltar que o Fiat Argo oferece alguns itens de série a mais que os concorrentes e tem espaço interno maior que o trio Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka. A capacidade do porta-malas empata com o modelo coreano e é maior que a dos dois modelos americanos. O sistema Start&Stop, de série em todas as versões, também é um diferencial. Mas o sistema de rádio, por exemplo, foi deixado de lado e nem mesmo um equipamento mais simples é ofertado entre os itens de série do Argo 1.0 Drive – ao contrário dos concorrentes, que tem sistema de rádio disponível em suas versões mais básicas.

O Argo, contudo, leva vantagem por oferecer controles de tração e estabilidade entre seus equipamentos de segurança. Os equipamentos são de série a partir da versão 1.3 GSR, mas não estão disponíveis nem como opcionais para as versões 1.0 e 1.3 Drive.

Vantagens

O Fiat Argo também leva vantagens em relação aos seus concorrentes pelo fator novidade, por ser um projeto mais atual e por ter mais opções de motores que seus rivais diretos. A central multimídia de série, a partir das versões 1.3, também é um chamariz para o modelo.

Fiat Argo 2018 – Confira a lista dos itens de série e opcionais

Acabamento

Quem entra no Fiat Argo não encontrará materiais sensíveis ao toque em seus forros de porta e painel. Entretanto, encontrará acabamento bem cuidado, bem montado e com encaixes perfeitos. Os plásticos usados na construção do painel e dos forros de porta são de boa qualidade e têm boa aparência. As portas têm fechamento suave. Alguns comandos são velhos conhecidos: os dos vidros elétricos são os mesmo usados por Punto, Palio e Uno, bem como o comando de ajuste dos retrovisores elétricos.

Vida a bordo

O Fiat Argo trata bem o condutor e todos os comandos são bem posicionados e de fácil ao alcance das mãos. O painel foi construído de modo que o motorista não tenha que desviar seus olhos para acionar algum comando. A central multimídia destacada está bem posicionada e no campo de visão do condutor.

O painel tem linhas modernas e faz jogo com os forros de porta, ficando integrado às maçanetas internas. Há saídas de ar horizontais instaladas nas extremidades do painel e outras redondas no meio.

Quadro de instrumentos

O quadro de instrumentos conta com tecnologia TFT para alta definição de imagens. Nas versões Drive o display de 3,5 polegadas tem configuração personalizável de acordo com as preferências do motorista. Já nas versões 1.8 (Precision e HGT) a tela passa a ter 7 polegadas. Independentmente do tipo de tela, o computador de bordo é de série em todas as versões, com informações e controles detalhados do carro e da forma de condução.

O volante do Fiat Argo, dependendo da versão, pode abrigar os comandos de som, telefone e computador de bordo. O volante tem boa espessura e empunhadura. Nas versões Drive a coluna de direção tem ajuste de altura. Uma pena é o ajuste de profundidade estar disponível somente para as versões Precision e HGT.

Tamanho e peso

O Fiat Argo tem 4 metros de comprimento; 1,75 m de largura; 1,5 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. A capacidade do porta-malas é de 300 litros. Já o tanque de combustível tem capacidade para 48 litros. A versão 1.0 Drive pesa 1.105 kg; a 1.3 Drive, 1.140 kg; 1.3 Drive GSR, 1.148 kg; 1.8 Precision, 1.229 kg; 1.8 Precision AT6, 1.264 kg; 1.8 HGT, 1.243 kg; 1.8 HGT AT6, 1.279 kg e 1.8 HGT Opening Edition, 1.279 kg.

Confira os preços do Fiat Argo 2018:

• Argo 1.0 Drive (manual) – R$ 46.800
• Argo 1.3 Drive (manual) – R$ 53.900
• Argo 1.3 GSR (automatizado) – R$ 58.900
• Argo 1.8 Precision (manual) – R$ 61.800
• Argo 1.8 Precision AT6 (automático) – R$ 67.800
• Argo 1.8 HGT (manual) – R$ 64.600
• Argo 1.8 HGT AT6 (automático) – R$ 70.600
• Argo 1.8 HGT AT6 Opening Edition (automático) – R$ 75.200 (limitada a 1.000 unidades)

Motores e câmbios

As versões Drive podem ser equipadas com os motores 1.0 e 1.3 Firefly. O propulsor 1.0 rende potência de 72 cv a 6.000 rpm e torque de 10,4 kgfm a 3.250 rpm quando abastecido com gasolina e 77 cv a 6.250 rpm e torque 10,9 kgfm a 3.250 rpm com etanol no tanque. Com motor 1.0 o câmbio será sempre o manual de cinco velocidades.

Já o 1.3 Firefly tem potência de 101 cv 6.000 rpm e torque de 13,7 kgfm a 3.250 rpm rodando com gasolina e 109 cv a 6.250 rpm e torque de 14,2 kgfm a 3.500 rpm com etanol. No caso do propulsor 1.3 os câmbios serão o manual de cinco velocidades e automatizado GSR também de cinco posições.

As versões Precision e HGT são equipadas com o motor 1.8 E.torQ que rende potência de 135cv a 5.750 rpm e torque de 18,8 kgfm a 3.750 rpm com gasolina no tanque. Já com etanol a potência é de 139 cv a 5.750 rpm e torque de 19,3 kgfm a 3.750 rpm. Os câmbios podem ser o manual de cinco velocidades ou o automático de seis posições.

Bancos

Os bancos dianteiros são confortáveis e apoiam bem o corpo dos passageiros. O assento também tem bom apoio para as pernas. Tanto o motorista quanto o passageiro têm bom espaço para as pernas.

Os passageiros do banco traseiro estão bem servidos com cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos – de série em todas as versões. A nova plataforma MP1 permitiu maior espaço lateral para os ocupantes. O túnel central mais baixo baixo facilita o transporte de três adultos no banco traseiro. Já passageiros de maior estatura que estiverem nas extremidades sentirão falta de espaço para as cabeças por conta do formato da carroceria.

O entre-eixos de 2,52 m oferece bom espaço para as pernas no banco traseiro até mesmo para os mais altinhos. Porém, o assento do banco traseiro é curto e não tem bom apoio para as pernas dos ocupantes.

Desenho

Gosto é subjetivo, mas o Fiat Argo tem linhas que agradam. Mesmo sem desenho revolucionário, o hatch tem design bem agradável aos olhos. Na dianteira a grade em formato colmeia deixa o Argo com cara agressiva.

De lado

Visto de lado, as portas são vincadas como no Tipo europeu. O Argo tem uma linha de cintura alta e na porta traseira ela fica ainda mais elevada, com o ressalto no fim da porta.  Tal característica de design também se faz presente na Toro e no Jeep Compass.

Na traseira, as lanternas remetem aos modelos da Alfa Romeo. A peça ainda faz jogo com o vinco lateral que se estende por todo o carro. A visibilidade traseira em manobras é boa e, se a versão for equipada com câmera de ré, não há desculpas para pequenos esbarrões. A imagem fica perfeita e sem distorções.

Andando com o Fiat Argo 1.3

A versão intermediária Drive 1.3 talvez seja a melhor opção. A 1.8 anda bem sem empolgar, mas o desempenho não vai além do que se espera. A 1.0, que ainda não está disponível, pode ficar aquém do esperado pelo peso (1.105 kg). A 1.3 com câmbio manual realmente surpreende para a massa de quase 1.150 kg do carro. Esse motor da Fiat tem exatos 1.332 cm³ de cilindrada e poderia ser denominado 1.33. Na maioria das vezes o fabricante arredonda para cima, só que a Fiat optou pelo valor menor. O Argo 1.3 surpreende com acelerações vigorosas e boa retomada de velocidade nas ultrapassagens.

O funcionamento do motor de quatro cilindros e cabeçote simples (duas válvulas por cilindro) é muito equilibrado, sem vibrações e baixo consumo de combustível – mesmo com a queda de rotação evidente entre a segunda e a terceira marcha. Contudo, a Fiat ainda fica devendo um câmbio mais moderno, com engates mais precisos e curso mais curto de alavanca. Nem isso tira o brilho do motor de 109 cv de potência com etanol e 14,2 kgfm de torque. Com gasolina, são 101 cv e 13,7 kgfm de torque. O desempenho vai além do esperado, o que é muito bom. (Com Paulo Eduardo)

(*) O jornalista viajou à convite da Fiat.

 Fotos | Fiat/Divulgação