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Ao volante: Volvo XC60 vai bem com motor a diesel

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Versão D5 Kinetic do primeiro modelo sueco movido por esse combustível no Brasil agrada pelo conforto e pela dirigibilidade, mas demorou muito a ser lançada

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Alexandre Soares

Quando a versão D5 do XC60 foi lançada, há cerca de um mês, a primeira pergunta que veio à cabeça foi: por que só agora? Afinal, o modelo está no mercado brasileiro desde 2009 (o lançamento mundial ocorreu no ano anterior) e nunca havia sido oferecido com motorização a diesel no país. A Volvo explica que começou a viabilizar importação há cerca de dois anos, mas sofreu com os trâmites de homologação do propulsor sem centelha, que tem restrições legais por aqui. Aliás, segundo o próprio fabricante sueco, havia todo o interesse em começar as vendas o quanto antes, devido às estatísticas bastante favoráveis a essa configuração: o percentual de SUVs movidos a diesel comercializados no Brasil (excluindo os modelos compactos de marcas generalistas) deve saltar de 14% em 2015 para 34% no fim deste ano, e a expectativa é de que essa participação chegue a 50% em 2017. Associe isso ao fato de o XC60 responder, sozinho, por mais da metade dos emplacamentos da empresa no Brasil e ateste que, em termos mercadológicos, mais vale a configuração D5 chegar tarde do que nunca chegar.

teste_volvo_xc60_diesel_22O motor em questão é um 2.4 de cinco cilindros, sobrealimentado por um turbocompressor de geometria variável, capaz de desenvolver 220 cv de potência a 4.000 rpm e 44,9 kgfm de torque entre 1.500 e 3.000 rpm. Bloco e cabeçote são confeccionados em alumínio, mas o duplo comando que movimenta as 20 válvulas não tem tecnologias de variação, e o acionamento se dá por meio de uma correia dentada convencional. Acoplado a ele, há um câmbio automático de seis velocidades, com possibilidade de trocas sequenciais por meio de paddle-shifts. Esse conjunto mecãnico é sempre associado a um sistema de tração integral do tipo permanente, que, em situações normais, trabalha com 95% de atuação no eixo dianteiro e 5% no traseiro, mas pode fazer com que essa equação chegue a 50% em cada eixo, dependendo da necessidade. Embora propulsor e transmissão não sejam a última palavra em termos de tecnologia, conseguem proporcionar ótimo desempenho ao XC60. Seja nas arrancadas em semáforos em trechos urbanos ou em ultrapassagens e subidas de serra na estrada, o modelo sempre entrega disposição de sobra. Além do mais, o funcionamento é muito suave, sem qualquer tipo de vibração, que costumam ser mais sentidas em veículos a diesel.

teste_volvo_xc60_diesel_12Em consumo, a versão a diesel também se saiu muito bem: cravou, nas aferições do Autos Segredos, 8,9 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada. Ainda que ligeiramente inferiores, nossos números são parecidos com os fornecidos pelo Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, de 9,5 km/l e 12,4 km/l, respectivamente. Como o tanque tem capacidade para 70 litros de combustível, a autonomia supera os 850 km.

Terra e asfalto

Durante o período de avaliação, o XC60 D5 circulou por cerca de 200 km em vias sem pavimentação. A maioria delas estava em boas condições, mas houve trechos de subida com terra fofa, acessíveis apenas por veículos equipados com tração integral. As fotos que ilustram essa matéria, inclusive, foram feitas em um desses locais: uma estrada que passa pelo topo de uma serra, que começa aclive com pedras soltas e tem algumas lombadas e erosões. Não chega a formar um percurso de off-road radical, mas, vale lembrar, nem é essa a proposta do modelo. Tendo isso em vista, ele se comportou muitíssimo bem: completou o trajeto sem tocar o solo uma vez sequer – graças ao bom vão livre de 23 cm -, e, mesmo calçado com pneus para asfalto, quase não derrapou onde o solo estava mais escorregadio. Nesse tipo de situação, só há dois pontos a melhorar: o curso da suspensão, que é curto e rapidamente faz com que as rodas “fiquem no ar” em obstáculos, e os freios ABS sem função off-road, que, na terra, fazem a distância de frenagem aumentar em alguns momentos.

teste_volvo_xc60_diesel_14No asfalto, piso sobre o qual a maioria dos donos do XC60 D5 irá utilizá-lo, o comportamento é ainda mais apreciável. A julgar pela dinâmica veicular, nem parece o projeto já tem oito anos de idade: equilibrado, o conjunto suspensivo, composto por conjuntos independentes do tipo McPherson na dianteira e multilink na traseira, consegue conjugar muito bem a absorção de impactos à contenção da rolagem da carroceria. O resultado é um rodar suave sobre pavimentação maltradada e estabilidade adequada em curvas. Por questões físicas, é claro que um utilitário com centro de gravidade elevado (a altura total é de 1.713 mm) e quase duas toneladas de massa corporal não poderia ser referência em handling, mas a Volvo honrou seu renome de cuidado com a segurança, pois o modelo é obediente em trechos sinuosos. Segurança também é a palavra de ordem no que diz respeito às frenagens em vias pavimentadas: nessa situação, o desempenho do sistema com discos ventilados nos dois eixos é excelente. A direção com assistência elétrica também tem acerto muito bom, com relação correta e grande progressividade.

teste_volvo_xc60_diesel_7Luxo a bordo, com algumas ressalvas

Quando se entra na cabine, o acabamento enche os olhos: coerente com a proposta premium do XC60, o interior mescla material emborrachado com couro e apliques metálicos no painel e nos forros das portas. Na unidade avaliada tinha estofados na cor creme, de muito bom gosto, mas um tanto incoerente em um veículo que se propõe, ainda que só eventualmente, a transitar por estradas sem pavimentação. Na própria unidade avaliada, que marcava pouco mais de 1.000 km no hodômetro, o apoio para o pé esquerdo do motorista e a parte inferior da porta dianteira esquerda já estavam consideravelmente sujos. Todavia, além de bem-cuidado, o habitáculo é confortável. Há espaço suficiente para que cinco pessoas viajem com dignidade, sem aperto para ombros, pernas e cabeças. A turma do banco traseiro conta com saídas de de ar-condicionado dedicadas, nas colunas B e, além de cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos, há dois boosters para crianças embutidos no assento; solução prática e segura. O espaço para bagagem também é amplo: são 490 litros até a cobertura, que é retrátil e não precisa ser retirada do veículo se for preciso transportar algum objeto alto. De quebra, o compartimento ainda traz uma tomada 12V.

teste_volvo_xc60_diesel_11O posto de comando é funcional e agradável. O motorista encontra rapidamente a posição correta para dirigir, graças ao banco com ajuste de altura e de apoio lombar (ambos elétricos) e à coluna de direção regulável em altura e profundidade. O volante tem ótima pegada, e, uma vez instalado, o condutor desfruta de uma postura ergonomicamente perfeita, com apoios corretos para coluna e coxas. A reclamar, apenas do quadro de instrumentos, que apesar de trazer uma legível tela circular no centro só velocímetro, onde é possível visualizar algumas funções do computador de bordo, tem um simplório marcador de combustível com oito barrinhas que vão se apagando (solução que está sendo abandonada até pelos modelos de entrada), além de um conta-giros pequeno, com escala de 2.000 em 2.000 rpm. Vale ressaltar que esse inconveniente só ocorre na versão Kinetic, avaliada, pois a Momentum, mais luxuosa, traz um cluster totalmente digital e configurável. É compreensível Volvo queira diferenciar as duas configurações em termos de conteúdo, mas não custava ter desenvolvido marcadores analógicos melhores para o XC60 de entrada. Outro item que não deveria ficar restrito ao top de linha é a câmera de ré, que faz falta em um veículo de 4,64 m de comprimento, ainda mais se ele tiver colunas grossas e vidro traseiro pequeno, como o utilitário da Volvo, que prejudicam a visibilidade. Mas os faróis de xênon direcionais, que equipam toda a gama, merecem destaque: são excelentes.

teste_volvo_xc60_diesel_3Alguns detalhes, porém, denunciam, implacavelmente que o modelo é fruto de um projeto da década passada, caso, por exemplo, do excesso de botões no console central. É por meio deles, inclusive, que se opera a tela da central multimídia, de sete polegadas, que não é das mais intuitivas e tem apenas uma porta USB. Por outro lado, há entradas AUX, USB e IPOD, além de DVD Player e Bluetooth. E o sistema de áudio é de primeira, com oito alto-falantes e alta fidelidade. Alguns mimos presentes a bordo também acabam não oferecendo toda a comodidade que poderiam. É o caso, por exemplo, do freio de mão elétrico sem acionamento automático e do botão de partida que exige a inserção da chave no painel para dar a partida no motor.

Venda e pós-venda

O XC60 Kinetic traz de série, além dos itens já citados, ar-condicionado digital com duas zonas e controle de qualidade do ar, sistema start-stop, retrovisores eletricamente retráteis, controlador de velocidade de cruzeiro,rodas de alumínio de 18 polegadas e monitoramento de pressão dos pneus, assistente ativo anticolisão (que aciona imediatamente os freios quando há risco iminente de acidente), seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), controle avançado de estabilidade, controles dinâmicos de estabilidade e tração, sistemas de proteção contra lesões cervicais e contra impactos laterais, ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas e o Volvo OnCall, um dispositivo de rastreamento que, por meio de um chip de celular, oferece assistência, envia socorro se houver um acidente e até imobiliza o veículo em caso de roubo. Ele é gratuito nos dois primeiros anos; a partir daí, o proprietário tem de pagar anuidade de R$ 1.299 para manter o serviço. Até outubro, o modelo está sendo vendido pelo valor promocional de R$ 199.950. A partir de então, o valor irá subir para R$ 215.950.

teste_volvo_xc60_diesel_10O plano de manutenção da versão D5 ainda não consta no site da marca sueca: há apenas uma planilha relativa aos modelos equipados com propulsores da linha Drive-E, a gasolina. Todavia, segundo a assessoria de imprensa da marca sueca, o esquema é idêntico, inclusive nos custos, ao da configuração T5. Assim, são previstas seis revisões, com espaçamentos de 10 mil quilômetros ou seis meses (o que ocorrer primeiro). As de 10 mil, 30 mil e 50 mil quilômetros têm preço fixo de R$ 949 cada. As demais são mais caras: a de 20 mil quilômetros custa R$ 1.849, a de 40 mil quilômetros, R$ 2.349 e a de 60 mil quilômetros, R$ 3.499. A garantia de fábrica é de dois anos.

teste_volvo_xc60_diesel_28Eu vejo o seu destino

O valor de R$ 199.950 cobrado pelo XC60 D5 Kinetic pode parecer exorbitante, mas fica bem mais razoável quando visto no contexto do mercado: seu único concorrente direto é o Land Rover Discovery Sport, que parte de R$ 217.696 mil. Há ainda dois concorrentes indiretos, o Toyota SW4 2.8 turbodiesel, por R$ 236.150, e o Chevrolet Trailblazer LTZ 2.8 turbodiesel, por R$ 189.990. Com padrão premium e preço na média, o maior problema do modelo não é o valor de compra, e sim a chegada da nova geração, que está prevista para ser lançada no exterior já no ano que vem; o desembarque no Brasil deverá ocorrer em 2018. Ainda que a grande participação do XC60 dentro do line-up da Volvo, associada à maior aceitação que os veículos a diesel têm no mercado de usados, tendam a atenuar uma possível desvalorização, (problema que assola automóveis no fim do ciclo de vida), o fato é que, infelizmente, as versões D5 vieram muito tarde para o país. Assim, a compra é mais indicada para consumidores que têm o hábito de ficar mais tempo com o veículo antes de revendê-lo. Se for esse o caso, vale a pena considerar o utilitário sueco: ainda que demonstre algumas marcas de idade, ele mantém boas qualidades.

AVALIAÇÃO

Alexandre

Marlos

Desempenho (acelerações e retomadas)

9

10

Consumo (cidade e estrada)

8

 9

Estabilidade

8

 9

Freios

9

 9

Posição de dirigir/ergonomia

9

 9

Espaço interno

10

 10

Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade)

9

 9

Acabamento

9

 9

Itens de segurança(de série e opcionais)

9

 9

Itens de conveniência(de série e opcionais)

8

 9

Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)

9

 10

Relação custo/benefício

6

 7

FICHA TÉCNICA

»MOTOR
Dianteiro, transversal, cinco cilindros em linha, 20 válvulas, a diesel, 2.400 cm³ de cilindrada, com diâmetro de 81 mm e curso de 93,2 mm, 220 cv de potência máxima a 4.000 rpm, 44,9 mkgf de torque máximo entre 1.500 rpm e 3.000 rpm

»TRANSMISSÃO
Câmbio automático de seis marchas, tração integral do tipo permanente

»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
8,2 segundos

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
210 km/h

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, independente, multilink

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 18″, pneus 235/60 R18

»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,644; largura, 1,891; altura, 1,713; distância entre-eixos, 2,774; altura em relação ao solo, 230 mm; peso, 1.903 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 70 litros; porta-malas: 490 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 495 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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