Versão Limited do Jeep Renegade é a mais equipada entre as opções com motor 1.8 flex; modificações mecânicas da linha 2017 melhoraram discretamente o desempenho

Por Alexandre Soares

Desempenho nunca foi o forte do Jeep Renegade flex, certo? Pois saiba que ele melhorou um pouco desde que o fabricante adotou a última versão do motor 1.8 flex, no quarto trimestre do ano passado. Um pouco, que fique claro: ele ainda está entre os mais lentos da categoria. Porém, a evolução em performance é sensível, especialmente para quem já dirigiu os modelos anteriores.

É no trânsito urbano, onde a grande maioria dos SUVs é utilizada, que as modificações promovidas pela Jeep se mostram mais perceptíveis. O Jeep Renegade está mais ágil, principalmente em situações como mudanças de faixa e arrancadas. Como, se o modelo só ganhou 5 cv de potência e 0,1 kgfm com gasolina (a diferença com etanol é pouco maior: 7 cv e 0,2 kgfm)? Simples: mais generoso que o aumento dos números totais foi a melhora na distribuição de força em rotações mais baixas: segundo o fabricante, 85% do torque máximo está disponível a 2.000 rpm. Além disso, a transmissão, que continua automática de seis velocidades, ganhou uma nova calibragem para responder mais rapidamente aos comandos do acelerador, fazendo trocas descendentes e ascendentes com maior frequência.

SUV compacto, mas pesado

Se mesmo assim o motorista ainda desejar mais disposição, é possível recorrer a outro novo recurso: a tecla Sport no painel, que muda o mapeamento do acelerador eletrônico, para tornar as respostas mais rápidas, e também faz com que a central eletrônica do câmbio “estique” mais as marchas. Até a direção fica um pouco mais firme. Vale lembrar, porém, que os valores de potência e torque não mudam. O veículo responde com mais agilidade, mas o rendimento do motor é o mesmo. Aliás, a pleno pedal, a diferença o desempenho entre o Jeep Renegade atual e os anteriores é praticamente imperceptível, mesmo quando se recorre à tecla Sport. É fácil perceber isso na estrada, ao enfrentar uma subida de serra ou uma ultrapassagem mais longa: nessas situações, o Jeep Renegade ainda exige paciência do motorista. Isso não chega a surpreender, afinal, apesar das dimensões externas contidas, o modelo continua sendo um peso pesado, com 1.469 kg. Para dar mais velocidade a toda essa massa corporal, só mesmo se a Jeep adotasse um motor maior (ou um turbo).

Mecanicamente, a solução adotada pelo fabricante foi bem menos radical, embora certamente bem-vinda. A melhor distribuição de torque, assim como o aumento de seu valor máximo – agora são 18,7 kgfm com gasolina e 19,3 kgfm com etanol, a 3.750 rpm – e também o ganho de potência – são 135 cv com o primeiro combustível e 139 cv com o segundo, a 5.750 rpm –, foram conseguidos devido à introdução de um sistema de variação no tempo de abertura das válvulas e da adoção de um coletor de admissão com geometria variável: até 4.000 rpm, o ar é direcionado para dutos mais estreitos e longos, e a partir daí, são utilizadas seções mais largas e curtas.

Resultados razoáveis em consumo

Há outras modificações que visam redução de consumo de combustível, como sistema start-stop, alternador e bomba de combustível que funcionam sob demanda, adoção de óleo de baixo atrito no propulsor e na transmissão e pneus de baixo atrito com sistema de monitoramento de pressão. Até o arcaico tanquinho auxiliar de partida a frio foi dispensado, em prol de um dispositivo de aquecimento dos bicos injetores. No mais, o 1.8 E.torQ, que na verdade tem 1.747 cm³, continua com bloco confeccionado em ferro fundido, cabeçote de alumínio com 16 válvulas de comando único e movimentação por corrente, com vida útil indeterminada.

Em consumo, aliás, elas parecem ter surtido efeito até melhor que em relação ao desempenho, pois o Jeep Renegade testado agora pelo Autos Segredos mostrou números condizentes para seu segmento:o modelo cravou 8,6 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada. Como o tanque tem 60 l de capacidade, a autonomia a chega a 678 km.

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Interior conhecido, mas agradável

O acabamento interno continua sendo um dos destaques do Jeep Renegade, com materiais e montagem de alto padrão. O painel é emborrachado e as portas, apesar de utilizarem plásticos rígidos, trazem fartas porções de estofamento, sempre em couro na versão Limited. Pontos de luz nos porta-objetos, que facilitam a localização à noite, além dos já conhecidos “easter eggs” espalhados pelo habitáculo, denotam atenção aos detalhes.

A ergonomia também agrada, com comandos bem-posicionados no painel e quadro de instrumentos completo e fácil de ler. Só o padrão das teclas do volante leva a alguns erros de manuseio, pois as que operam o sistema de áudio estão posicionadas atrás do aro: desse modo, o motorista não as vê, apenas as sente, o que torna impossível não confundi-las nos primeiros contatos. É preciso um período de adaptação para ganhar intimidade com elas. No mais, o volante tem ótima pegada e sua coluna traz ajustes em altura e profundidade. O banco do condutor apoia muito bem as pernas e a coluna e também traz regulagem de altura. A visibilidade para trás é ruim, mas a câmera de ré atenua um pouco essa deficiência.

Espaço interno

O espaço interno, por outro lado, não se destaca na categoria. Não que o habitáculo seja apertado: quatro adultos, mesmo de estatura elevada, se acomodam sem aperto para as pernas ou a cabeça. Porém, não há tanta folga como em alguns concorrentes, entre os quais o Honda HR-V e o Renault Captur. Um eventual quinto passageiro compromete o conforto de todos que se sentam atrás, devido ao espaço limitado na transversal. Mas ninguém ficará desprotegido, já que o SUV dispõe de cintos de três pontos e encosto de cabeça para os cinco ocupantes. O que deixa a desejar mesmo é o porta-malas: com apenas 260 litros de capacidade, ele é menor que o da maioria dos hatches compactos. Ao menos o banco traseiro é bipartido, o que aumenta as possibilidades de rebatimento.

Airbags laterais e de cortina são opcionais

A versão Limited traz decoração externa exclusiva: é a única com grade, rodas (de liga leve aro 18″) e rack de teto com pintura prateada. Entre os itens de série, ela vem com chave presencial, tela de TFT de sete polegadas colorida e configurável no quadro de instrumentos, faróis de xenônio, sensores de faróis e de chuva, rebatimento elétrico dos retrovisores e espelho interno eletrocrômico. No mais, há ar-condicionado automático com duas zonas de temperatura, central multimídia com tela de cinco polegadas com comandos por voz via celular e navegador GPS, freio de estacionamento elétrico, vidros, travas e retrovisores elétricos, cruise-control,  computador de bordo, volante multifuncional e assistente de partida em rampas.

Entre os equipamentos de segurança, há controles eletrônicos de tração, estabilidade e anti-capotamento, ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis e luzes diurnas de rodagem diurna. De série, há apenas os obrigatórios airbags frontais. Bolsas laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista são vendidas como opcionais, agrupadas em um pacote. Também são oferecidos à parte teto solar panorâmico e um outro pacote que reúne alerta de ponto cego e uma central multimídia com tela de 6,5″. Apenas com os itens de série, o Renegade Limited custa R$ 98.990, mas chega a R$ 115.439 com todo o conteúdo extra, incluindo pintura metálica.

Apesar de incapaz de transformar radicalmente o comportamento do modelo , o acréscimo de desempenho fez bem ao Renegade, principalmente em percursos urbanos. Porém, apesar do bom conteúdo, a versão Limited não parece ser a mais vantajosa em termos de custo-benefício: a de entrada Sport automática e a intermediária Longitude, que custam R$ 87.990 e R$ 92.990, já trazem pacotes interessantes, e também tiveram o upgrade mecânico que o Autos Segredos experimentou no top de linha.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 6 7
Consumo (cidade e estrada) 7 6
Estabilidade 8 9
Freios 8 9
Posição de dirigir/ergonomia 8 9
Espaço interno 8 9
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 5 6
Acabamento 9 10
Itens de segurança (de série e opcionais) 8 8
Itens de conveniência (de série e opcionais) 9 9
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 8
Relação custo/benefício 7 7

Ficha técnica

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, com diâmetro de 80,5 mm e curso de 85,8 mm 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.747 cm³ de cilindrada, 135cv (g)/139cv (e) de potência máxima a 5.750 rpm, 18,7 kgfm (g)/ 19,3 kgfm (e) de torque máximo a 3.750 rpm

»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático de seis marchas.

»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
Não informada pelo fabricante

»VELOCIDADE MÁXIMA 
Não informada pelo fabricante

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Independente do tipo McPherson na dianteira e na traseira

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 7″x17″, pneus 225/55 R18

»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,232; largura, 1,798; altura, 1,705; distância entre-eixos, 2,570; peso, 1.469 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 60 litros; porta-malas: 260 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 400 quilos

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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