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Avaliação: Jeep Compass flex é competente, mas não tem o brilho do similar a diesel

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Confira nossa avaliação do Jeep Compass equipada com motor 2.0 Tigershark Flex. Versão mantém padrão de construção e conjunto mecânico entrosado como destaques

Alexandre Soares

As versões flex são as mais vendidas do Jeep Compass: segundo a marca, elas correspondem por aproximadamente 70% do mix. O motivo, bastante óbvio, é o preço: enquanto um Longitude movido a etanol e gasolina custa R$ 109.990, o similar com motor a diesel sai por R$ 136.590. Diferença relevante de 19,4%, que corresponde a R$ 26,6 mil. O Autos Segredos avaliou exatamente essas duas configurações (em dezembro, testamos a mais cara, e, agora, a mais em conta) e, após conhecê-las bem, não tem dúvida em afirmar que a equipada com propulsor Multijet justifica o valor mais elevado. Se o comprador tiver condições, não se arrependerá de fazer parte do grupo de 30% dos consumidores que preferem o propulsor Multijet.

Não que o Jeep Compass flex seja ruim, pelo contrário. O problema é que, quando comparado ao similar, ele não tem o mesmo brilho, devido ao desempenho sensivelmente inferior, ao consumo significativamente mais alto e à pouca capacidade off-road (lembramos que o SUV médio da Jeep, quando movido a diesel, é sempre 4×4, e, quando equipado com motor a gasolina ou etanol, necessariamente 4×2). Um olhar mais superficial pode até apontar que os dois propulsores têm números de potência bastante próximos: enquanto um desenvolve 166 cv com o combustível vegetal e 159 com o derivado do petróleo, a 6.200 rpm, o outro entrega 170 cv a 3.750 rpm com o óleo destilado. Porém, considerando os valores de torque, há um verdadeiro abismo entre eles: são 20,5 kgfm e 19,9 kgfm, a 4.000 rpm, respectivamente, no primeiro, ante 35,7 kgfm a 1.750 rpm no segundo. O fato de o Multijet ser acompanhado por um câmbio automático de nove marchas e o Tigershark vir acoplado a uma transmissão de seis velocidades também contribui para essa diferença de performance.

É verdade que, apesar da inferioridade em relação à mecânica das versões a diesel, o Tigershark entrega bons valores de potência e torque para um 2.0 16V aspirado. Isso reflete, em parte, as tecnologias aplicadas à mecânica, como comando de válvulas variável na admissão e no escape, acionado por corrente; há ainda bloco e cabeçote em alumínio e árvores de balanceamento para anular vibrações. O problema é que, apesar de estar longe de ser fraco, o motor tem de empurrar muito peso: a massa do veículo avaliado é de nada menos que 1.541 kg. Assim, o desempenho é adequado, mas longe de ser empolgante; trata-se de um comportamento coerente com a proposta do modelo, com acelerações e retomadas típicas de um veículo familiar, mas sem o fôlego extra do Compass Multijet, que responde bem sempre que o pedal da direita é acionado. Vale destacar a boa programação eletrônica do câmbio, de modo que as mudanças de marchas ocorrem em momentos oportunos e de modo suave. Porém, em trechos de subida de serra ou em ultrapassagens, é necessário pisar fundo e fazer o propulsor trabalhar em giros mais altos, com prejuízo ao conforto acústico a bordo. Felizmente, o funcionamento é suave, sem asperezas. E, graças ao escalonamento correto do câmbio, ele é capaz de girar pouco quando não é exigido: a 120 km/h, em sexta marcha, o tacômetro marca apenas 2.500 rpm.

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Altas doses de álcool

Se, em relação ao desempenho, o Compass flex consegue apresentar resultado coerente, em consumo ele não se sai bem. Durante as aferições, o veículo cedido para avaliação, que veio com o tanque cheio de etanol, obteve médias de 5,9 km/l na cidade e de 8,7 km/l na estrada. Culpa do peso elevado (1.541 kg, conforme já citado), que faz o 2.0 Tigershark empurrar muita carga mesmo quando o SUV está vazio. Antes que alguém pergunte, vale ressaltar que as médias divulgadas segundo o padrão de medição do Inmetro foram ainda mais altas: 5,5 km/l e 7,2 km/l, respectivamente, com o combustível vegetal. Com gasolina, combustível que a reportagem não chegou a utilizar, o programa divulga  8,1 km/l e 10,5 km/l; índices melhores, mas ainda mais altos do que se espera considerando o nível técnico do propulsor. Vale destacar que a nota nesse quesito foi dada, como de praxe, com base nos números obtidos pelo Autos Segredos.

A notícia boa é que, apesar das diferenças em termos de desempenho e consumo, no mais a versão flex mantém a boa dirigibilidade do similar a diesel. A suspensão, com arquitetura independente do tipo McPherson na dianteira e na traseira, tem um acerto intermediário, muito agradável: consegue conter rolagem excessiva da carroceria em curvas, garantindo que, para um SUV, o Jeep Compass tenha boa estabilidade em curvas , sem comprometer a absorção de imperfeições do solo. Desse modo, além de se sair bem no asfalto, o modelo proporciona rodar confortável também em vias sem pavimentação, desde que a aventura não seja lá muito radical (lembre-se que, na versão em questão, a tração é dianteira). A direção, que tem assistência elétrica, é bastante progressiva. Firme em alta velocidade e leve em baixa, ela também colabora para o comportamento previsível. Por fim, os freios com discos nos dois eixos, fundamentais em um veículo com peso elevado, cumprem com eficiência seu papel: o pedal tem boa modularidade, o ABS atua bem e os espaços de frenagem são satisfatórios.

Interior bem-resolvido

Em relação à habitabilidade, o Jeep Compass também se sai bem. O acabamento segue o bom padrão visto na unidade a diesel avaliada anteriormente (o que era de se esperar, pois os dois veículos são da versão Longitude), com arremates perfeitos e materiais de boa qualidade. No painel e nas forrações das portas dianteiras, as superfícies são emborrachadas, e, apesar de as portas traseiras serem mais simples, com forros confeccionados em plástico comum, todas as quatro trazem uma porção de estofamento. Algumas peças, entre as quais comandos do ar-condicionado, manopla do câmbio, chaves de seta e limpador de para-brisa e maçanetas internas, são compartilhadas com Jeep Renegade e Fiat Toro, mas, ainda assim, o nível de construção é coerente com o esperado de um SUV médio. Os chamados “easter eggs”, imagens em relevo que o fabricante distribui pelo veículo, estão presentes sob o limpador de para-brisa, onde há um calango; no vidro traseiro, onde se vê a silhueta do Monstro do Lago Ness; e na face interna da tampa do porta-malas, ornamentada com a frente estilizada do primogênito utilitário da Jeep.

O espaço interno do Jeep Compass também agrada, com acomodações folgadas para quatro ocupantes e ainda razoáveis mesmo com cinco a bordo. Além de vãos amplos para a cabeça e as pernas, os passageiros do banco de trás contam com difusores de ar dedicados. Todos são protegidos por cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça, como deveria ocorrer em qualquer carro. Há boa quantidade de porta-objetos no habitáculo, apesar de a Jeep ter se esquecido de instalar um nicho para óculos no teto. O porta-malas não chega a se destacar, é condizente com o porte do modelo:  tem 410 litros, alem de dois pontos de iluminação e tomada 12V. A ergonomia completa o bem-estar a bordo, a começar pelos os bancos, que apoiam confortavelmente tanto as pernas quanto a coluna. O motorista, por sua vez, conta com comandos à mão e um painel completo e de leitura fácil, com direito a termômetro do fluido de arrefecimento e a tela de 3,5 polegadas, que exibe informações do computador de bordo e outras funções. O volante tem boa empunhadura e pode ser ajustado tanto em altura quanto em profundidade; por sua vez, o banco do motorista também conta com regulagem de altura. A boa visibilidade facilita a vida do motorista, e, para trás, onde o vidro pequeno limita o alcance dos olhos, os retrovisores bem-dimensionados e a câmera de ré amenizam bastante as dificuldades.

Mecânica não altera pacote de equipamentos

Independentemente da motorização, Tigershark ou Multijet, o Jeep Compass Longitude traz o mesmo conjunto de equipamentos. De série, há central multimídia com tela tátil de 8,4 polegadas, com navegador GPS, rádio, duas entradas USB, Bluetooth e comandos de voz, freio de estacionamento elétrico, chave presencial com botão de partida, sistema monitoramento da pressão dos pneus, ar-condicionado com duas zonas de temperatura, vidros, travas e retrovisores elétricos, alarme, cruise-control, limitador de velocidade, luzes de rodagem diurna (sem LEDs), faróis de neblina, rodas de liga de 18 polegadas, volante multifuncional e assistente de partida em rampa. Dentro da categoria, trata-se de um pacote interessante, mas não impressionante. Em relação aos itens de segurança, o modelo é apenas razoável considerando sua faixa de preço: há controles eletrônicos de tração, estabilidade e anticapotamento e ancoragem padrão Isofix para cadeirinhas infantis, mas os airbags se resumem a apenas dois, frontais, obrigatórios por lei. Ao menos o fabricante oferece, opcionalmente, bolsas infláveis laterais, de cortina e para os joelhos do motorista, agrupadas no chamado Kit Segurança, por R$ 3.000. Também são oferecidos à parte faróis com acendimento automático, retrovisor interno eletrocrômico, revestimento interno em couro, sensores de chuva  e sistema de som de 506 W da marca Beats, que vêm juntos no Pacote Premium, por 3.500. O teto solar panorâmico é um opcional livre, que acrescenta R$ 6.800 ao valor final. Assim, o preço de uma unidade com todo o recheio extra, considerando inclusive pintura metálica, chega a R$ 124.790.

O Jeep Compass Longitude flex é um SUV médio cumpridor. Dono de um bom conjunto mecânico e de um interior bem-resolvido, ele faz jus aos seus números de vendas. Quem pretende adquirir um veículo do segmento, mas não pode passar muito da faixa dos R$ 100 mil, encontrará nele uma boa opção. Porém, para consumidores que podem ir um pouco além, não há dúvida de que a mesma configuração equipada com motor a diesel é muito mais interessante. Afinal, além de ter melhor desempenho e maior capacidade off-road, ela ainda irá amortizar parte do investimento extra na hora de abastecer, não só devido ao preço mais baixo desse combustível, mas também por causa do consumo de combustível significativamente mais baixo.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 7
Consumo (cidade e estrada) 6 5
Estabilidade 8 9
Freios 8 8
Posição de dirigir/ergonomia 8 9
Espaço interno 9 9
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 7 8
Acabamento 9 9
Itens de segurança (de série e opcionais) 7 7
Itens de conveniência (de série e opcionais) 7 7
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 7
Relação custo/benefício 8 7

Ficha técnica Jeep Compass 2.0 Flex

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha com 88 mm de diâmetro e 82 mm de curso, 1.995 cm³ de cilindrada, 16 válvulas, 159 cv (g)/166 cv (e) de potência máxima a 6.200 rpm, 19,9 kgfm (g)/20,5 kgfm (e) de torque máximo a 4.000 rpm

»TRANSMISSÃO
Câmbio automático de seis marchas, tração dianteira

»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,9 segundos com gasolina e 10,6 segundos com etanol

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
188 km/h com gasolina e 192 km/h com etanol

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Independente do tipo McPherson na dianteira e na traseira

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 18″ x 7J, pneus 225/55 R18

»DIMENSÕES 
Comprimento, 4,416 m; largura, 1,819 m; altura, 1,638 m; distância entre-eixos, 2,636 m; altura em relação ao solo: 20,9 cm; peso, 1.541 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 60 litros; porta-malas: 410 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 400 quilos

 Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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