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Ao volante: Volkswagen Gol evolui no interior e na mecânica

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Motor 1.0 de três cilindros, que chegou junto com a reestilização, melhora desempenho e consumo, enquanto novo painel tornou o habitáculo mais agradável; pouca oferta de equipamentos de série ainda é ponto fraco

teste_vw_gol_1.0_26Por Alexandre Soares

Após deixar de ser o automóvel mais vendido do Brasil, em 2014, e cair ainda mais, para a quinta posição, no ranking de 2015, muita gente passou a considerar o Gol uma carta fora do baralho. Porém, bastou uma leve reestilização exterior, um novo painel e a adoção do motor 1.0 de três cilindros que já equipava o up! e o Fox para que o modelo voltasse a subir na tabela: em maio, ele foi o terceiro carro mais emplacado do país, atrás apenas de Onix e HB20. Trata-se de um feito mercadológico, principalmente quando se considera que, apesar das benfeitorias recentes, o compacto da Volkswagen tem projeto bem mais antigo que os líderes: a atual geração foi lançada no já distante ano de 2008, enquanto os concorrentes da Chevrolet e da Hyundai datam de 2012. Mas, afinal, as melhorias promovidas pelo fabricante de origem alemã surtiram tanto efeito assim? Além do sucesso de público, o hatch é capaz de alcançar também sucesso junto à crítica especializada?

teste_vw_gol_1.0_38Bem, a resposta a essas perguntas passa por muitas esferas: na primeira delas, a performance, não há dúvida de que a resposta é sim. Do mesmo modo que já havia feito com o Fox, a troca do velho 1.0 de quatro cilindros e oito válvulas pelo novo 1.0 de três cilindros e 12 válvulas deu novo ânimo ao Gol. O desempenho é sensivelmente superior, com respostas ágeis em qualquer faixa de rotação (para um propulsor aspirado de baixa cilindrada, é claro). Além do mais, o funcionamento é suave, sem as vibrações que, em décadas passadas, assolavam os tricilíndricos. Basta comparar os números para entender a melhora no comportamento: a potência máxima é de 82 cv com etanol e de 75 cv com gasolina, a 6.250 rpm, o que representa ganhos de 6 cv e de 3 cv com cada combustível, na ordem. Já o torque, de 10,4 kgfm com o derivado da cana e de 9,7 kgfm com o refinado do petróleo, a 3.000 rpm, praticamente não mudou, mas, segundo a Volkswagen, 85% do valor máximo está disponível já a parcas 2.000 rpm. Em termos de arquitetura, esse motor tem comando de válvulas variável na admissão (mas não no escape), movimentado por correia dentada, boco e cabeçote em alumínio e sistema de partida a frio sem tanquinho.

CONSUMO

Outro reflexo da troca do propulsor é a maior economia de combustível. A unidade avaliada cravou médias de 10,2 km/l na cidade e de 11,7 km/l na estrada, com etanol no tanque. Só para efeito de comparação, uma vez que as notas foram dadas com base em nossas aferições, o Gol obteve bons resultados também nos testes do programa de etiquetagem veicular do Inmetro, com 8,8 km/l no ciclo urbano e 10,3 km/l no rodoviário, com o combustível vegetal, e 12,9 e 14,5 km/l nas mesmas situações, respectivamente, com gasolina, o que lhe rendeu nota A.

teste_vw_gol_1.0_15Como os demais componentes mecânicos não foram trocados, o comportamento dinâmico não mudou em outros aspectos. A estabilidade continua muito boa para um compacto sem pretensões esportivas, permitindo que o motorista se divirta bastante em estradas sinuosas. Mas a calibragem bastante firme da suspensão independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, que explica, em parte, o equilíbrio do Gol em curvas, cobra seu preço ao se trafegar por vias em más condições ou sem pavimentação, com a transferência de grande parte das imperfeições do solo para o habitáculo. Até aí, tudo bem, vai da preferência do consumidor.

Criticável mesmo é o fabricante não ter aproveitado a troca do motor para substituir também o sistema de assistência da direção, que mantém o sistema hidráulico. Além de proporcionar menor eficiência energética, esse sistema, de modo geral, permite menor progressividade que em um elétrico (embora, vale lembrar, existam ajustes bons e ruins com ambas as soluções). No caso do compacto da Volkswagen, o volante mostra peso ideal em alta velocidade, mas deveria ser mais macio em manobras. Já quanto ao câmbio, nada a reclamar. A caixa manual de cinco velocidades MQ-200, como já foi dito em outras avaliações, tem engates extremamente macios e precisos. As relações de marchas foram alongadas em até 10% com a adoção do novo motor, mas o escalonamento ainda é correto, sem “buracos” entre elas, e a 120 km/h, o motor gira a 3.850 rpm, valor que não é alto para a cilindrada. Os freios, por sua vez, trazem o tradicional esquema de discos na frente e tambores atrás, com ABS, e apresentam resultados satisfatórios dentro do segmento: as frenagens ocorrem sem desvio de trajetória e em espaços corretos.

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PAINEL NOVO, INTERIOR VELHO

Por dentro, a novidade fica mesmo por conta do painel. Ele é bem mais vistoso que o antigo, e embora seja composto unicamente por materiais rígidos (algo comum no segmento), traz mais texturas e cores. Todavia, mantém a posição de praticamente todos os comandos, o que inclui as teclas dos vidros elétricos das portas traseiras. O cluster também pouco mudou, o que, nesse caso, é bom: continua completo, com termômetro do fluido de arrefecimento, e proporcionando leitura fácil. No mais, ficou a impressão de que a Volkswagen poderia ter investido na melhoria de outros itens também: os forros das portas, que não mudaram, ficaram simplórios perto do novo painel, e mantêm, inclusive, a guia para instalação de manivelas em veículos sem vidros elétricos. Ao menos eles exibem uma faixa de tecido e não deixam parafusos à mostra. E os bancos, que tampouco foram melhorados, permanecem desconfortáveis, graças ao assento curto, que não acomoda bem as coxas, e ao encosto sem apoio lombar. Isso sem falar que o do motorista manteve o ajuste da altura que lembra uma gangorra, movimentando apenas as extremidades. Já o volante, que também foi alterado, tem boa pegada, porém é ajustável só em altura, e não em profundidade.

Sem alterações profundas no projeto, é natural que o espaço interno tenha permanecido o mesmo. A habitabilidade nos bancos da frente é boa: os ocupantes se assentam em posição mais baixa que nos modelos mais recentes, mas não há problema algum. Atrás, todavia, o espaço para as pernas e a cabeça dos passageiros é um tanto acanhado, mesmo para um hatch compacto. O cinto de segurança central-traseiro continua sendo subabdominal, porém, ao menos, há encostos de cabeça para todos. Já o porta-malas, com 285 litros de capacidade, é bem-dimensionado para um compacto, embora o banco traseiro inteiriço limite a versatilidade.

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CONECTIVIDADE

Na lista de equipamentos, o destaque são as ferramentas de conectividade e de infotainment. O Gol Comfortline avaliado estava equipado com o Discover Media, com tela sensível ao toque e comandos de voz, vendido como opcional por R$ 2.360. Há também um sistema mais simples, o Composition Touch, com espelhamento para celulares, também vendido à parte, por R$ 1.100. O suporte para celulares no painel, que acomoda aparelhos de diferentes tamanhos, vem associado a esses sistemas, e se revelou bastante prático: o motorista pode espelhar a tela do aparelho e desfrutar da conexão de dados via bluetooth. Todavia, vale lembrar que, de série, essa versão traz apenas o sistema de áudio Media Plus, que integra bluetooth, MP3 e entradas USB, SD-card e AUX-IN.

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Aliás, um dos principais problemas do Gol permanece sendo a pouca oferta de equipamentos de série. Além do aparelho de som, a configuração Comfortline 1.0 traz, de relevante, somente direção hidráulica e ar-condicionado. Itens como vidros elétricos, travas elétricas com acionamento por controle remoto, retrovisores elétricos, sensores de estacionamento traseiros, computador de bordo, volante multifuncional e rodas de liga leve são opcionais, agrupados em um kit batizado de Urban Completo pela Volkswagen, que adiciona R$ 3.350 ao valor final. O conteúdo destinado à segurança é ainda mais pobre: inclui, além dos obrigatórios por lei freios ABS e airbags frontais, apenas sinalização de frenagem de emergência. Infelizmente, não foi dessa vez que o hatch ganhou ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis ou controle eletrônico de estabilidade, indisponíveis até na lista de opcionais.

Não restam dúvidas de que o Gol passou, realmente, por uma evolução. Eficiente, o novo motor melhorou a experiência de dirigir e também reduziu o consumo, ao passo que o interior ficou mais agradável, ainda que pudesse ter evoluído mais. Mas o fabricante insiste em oferecer poucos equipamentos de série, sobretudo os de segurança, já presentes em alguns concorrentes. Do jeito que está, o modelo justifica sua subida na tabela de vendas, mas não parece ser capaz – nem tampouco merecedor – de retomar a liderança.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 8
Consumo (cidade e estrada) 9 9
Estabilidade 8 8
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 8 6
Espaço interno 6 7
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 6 7
Acabamento 7 8
Itens de segurança (de série e opcionais) 6 6
Itens de conveniência (de série e opcionais) 6 7
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 9
Relação custo/benefício 7 8
FICHA TÉCNICA

» Motor
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, com diâmetro de 74,5 mm e curso de 76,4 mm,  8 válvulas, gasolina/etanol, 999 cm³ de cilindrada, 75 cv (g)/82cv (e) de potência máxima a 6.250  rpm, 9,7 kgfm (g)/ 10,4 mkgf (e) de torque máximo a 3.000  rpm.

» Transmissão
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

»Aceleração até 100 km/h (dado de fábrica)
12,3 segundos com etanol e 12,6 segundos com gasolina

»Velocidade máxima (dado de fábrica)
170 km/h com etanol e 168 km/h com gasolina

»Direção
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

»Freios
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS

»Suspensão
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção

»Rodas e pneus
Rodas em liga de alumínio 6J×15, pneus 195/55 R15 (opcionais)

»Dimensões 
Comprimento: 3,897 metros; largura, 1,656 metros; altura: 1,467 metros; distância entre-eixos: 2,466 metros; peso: 998 quilos.

»Capacidades
Tanque de combustível: 50 litros; porta malas: 285 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 412 quilos.

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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