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Ao volante: Renault Sandero Stepway Easy’R mescla altos e baixos

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Hatch aventureiro evoluiu em acabamento e design, mas mecânica, composta por motor 1.6 8V e câmbio automatizado de uma embreagem, mostra-se bastante limitada

teste_renault_sandero_stepway_easyr_13Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Quando um carro muda de geração, é esperado que ele evolua por completo. Às vezes, até pode ocorrer de um ou outro aspecto regredirem, desde que em prol de uma melhoria maior em outro sentido. Por exemplo, a capacidade do porta-malas pode diminuir um pouco, devido a um aumento no espaço do habitáculo, ou a visibilidade piorar, em decorrência do engrossamento das colunas, visando maior resistência a impactos. Não são bem esses os casos do Renault Sandero Stepway: é verdade que, por um lado, ele progrediu bastante em acabamento e em design, mas por outro lado, regrediu incoerentemente em mecânica, ao trocar um motor mais potente, equipado com cabeçote de 16 válvulas, por outro mais fraco, de oito válvulas (vale lembrar que, junto com a reestilização apresentada junto com a linha 2012, quando a antiga geração ainda estava no mercado, o motor 8V substituiu o 16V nas unidades equipadas com câmbio manual, mas prosseguiu nos veículos automáticos), e também o câmbio automático (que já era antiquado, destaca-se, com apenas quatro marchas), por outro automatizado monoembreagem, de cinco velocidades.

teste_renault_sandero_stepway_easyr_16Denominado mercadologicamente de Hi-Power, o propulsor 1.6 de oito válvulas do Stepway desenvolve 106 cv de potência com etanol e 98 cv com gasolina, sempre a 5.500 rpm. O torque é de 15,5 kgfm com o combustível vegetal e de 14,5 kgfm com o derivado do petróleo, a 2.850 rpm. Os números, portanto, são modestos, e isso se deve à arquitetura datada do propulsor, que tem comando de válvulas simples e não conta com dispositivos de sobrealimentação. No mais, esse motor utiliza ferro fundido no bloco e alumínio no cabeçote, e correia dentada para sincronização. O câmbio, automatizado de uma embreagem e cinco marchas, como dissemos, é fornecido pela renomada multinacional ZF, mas nem por isso traz muitos recursos. Não há, por exemplo, paddle-shifts no volante, para troca de marchas; para operar o sistema em modo sequencial, o motorista tem que dar toques na alavanca. A única função mais interessante dessa transmissão é a batizada de creeping, que faz o carro se mover lentamente quando se tira o pé do freio, como em uma caixa automática. O conjunto mecânico é complementado por direção com assistência hidráulica e suspensão 4 cm mais alta que a das demais versões do Sandero, com arquitetura do tipo McPherson, independente, na dianteira, e semi-independente, com barra de torção, na traseira.

teste_renault_sandero_stepway_easyrDINÂMICA

Em movimento, o Sandero mostra algumas virtudes, mas não consegue esconder as limitações do seu conjunto mecânico. O motor 1.6 8V, por exemplo, é bem-disposto em baixas rotações, porém apresenta nítida queda de rendimento em altos regimes, situação em que são notadas também asperezas. O resultado é um carro ágil no tráfego urbano, mas um tanto moroso na estrada. O câmbio também não agradou: além de a central eletrônica ter grandes dificuldades para compreender o que o motorista quer, segurando demais as marchas em algumas situações e trocando-as em momentos inoportunos em outras, há ainda soluços e solavancos durante as mudanças. Para amenizá-los, a solução é andar sem pressa, com o pé leve sobre o acelerador. Todavia, verdade seja dita, esse mal não acomete apenas o sistema Easy’R, da Renault. Outros modelos equipados com transmissões automatizadas de uma só embreagem que já foram testados pelo Autos Segredos (no caso, fabricados pela da Fiat e pela Volkswagen) apresentaram inconvenientes semelhantes, o que mostra as limitações desses sistemas, que aos poucos vão sendo substituídos pelas caixas automatizadas de dupla embreagem, mais tecnológicas e eficientes. Já a direção, mesmo com assistência hidráulica, é um pouco pesada em manobras. Em alta velocidade, ela apresenta peso correto. A suspensão é que merece elogios: mesmo elevada e com calibragem mais macia, voltada para o conforto, consegue deixar o hatch estável em curvas. Ademais, molas e amortecedores têm curso longo. Assim, o Stepway circula por vias malconservadas sem sacolejar ou “dar batente”, o que é coerente com sua proposta aventureira. Os freios, com discos na frente e tambores na traseira, mostraram-se bem dimensionados e imobilizaram o veículo com segurança.

O consumo, assim como o desempenho, foi apenas razoável para a cilindrada do motor do Stepway. Na cidade, o hatch obteve médias em torno de 9,1 km/l, enquanto na estrada, os números giraram em torno dos 13,3 km/l. A aferições foram realizadas com gasolina no tanque. Como sempre, destacamos que o gasto de combustível de um veículo está relacionado a diversos fatores, como as condições do tráfego, as características das vias e o estilo de condução do motorista.

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No habitáculo, estão as evoluções mais consistentes (e bem-vindas) que a Renault promoveu no Sandero. O painel agora exibe plásticos com diferentes texturas e tratamentos: há apliques em volta dos difusores de ar, e a porção central é em preto brilhante. Os materiais são todos rígidos, mas isso não chega a destoar dentro do segmento. As rebarbas plásticas, que eram muito evidentes na geração anterior, não foram notadas na unidade avaliada. Mas ainda há o que melhorar: é possível notar falhas em alguns encaixes, e também alguns parafusos, que seguem à mostra. As forrações das portas são inteiramente confeccionadas em plástico. Isso é até aceitável no segmento de entrada, mas vale lembrar que a versão Stepway é a top de linha e compete com hatches mais sofisticados. Ao menos os bancos têm conformação ergonômica, que proporciona apoio adequado para o corpo.

A posição de dirigir, como em todo Sandero, é correta. O banco do motorista traz ajuste de altura. O volante, revestido em couro em com boa pegada, também é regulável em altura, mas não em profundidade. O quadro de instrumentos tem leitura clara. O painel proporciona acesso fácil aos comandos, e a visibilidade é boa para a frente e para os lados, mas apenas razoável para trás, em virtude das colunas largas e do vidro pequeno. Mas isso não chega a ser um problema tão grande, pois os retrovisores são bem-dimensionados. Os faróis, que com a chegada da atual geração passaram a ser biparabólicos, iluminam bem e contam com a ajuda de um par para neblina. Os limpadores de para-brisa varrem boa área e são silenciosos.

O espaço interno, que sempre foi um dos maiores apelos do hatch, segue agradando. Quatro adultos de estatura elevada se acomodam com conforto, sem apertos para joelhos e cabeça. Com cinco a bordo, não há folga, principalmente para os ombros de quem se senta atrás,  mas o resultado ainda é bastante razoável para o segmento. O quinto ocupante não dispõe de cinto de três pontos (ali, o dispositivo é subabdominal), mas ao menos há encostos de cabeça para todos. O porta-malas, que tem 320 litros de capacidade, também é amplo para um compacto, e pode ser aumentado com o rebatimento do banco, cujo encosto é dividido em 1/3 e 2/3. O vão para a entrada de carga é grande, mas o batente não tem proteção, e fica vulnerável a danos provocados por operações de carga e descarga.

teste_renault_sandero_stepway_easyr_3O Sandero Stepway tem preço tabelado em R$ 51.350 com câmbio manual e em R$ 53.950 com o automatizado Easy’R. O pacote de itens de série é bem completo: traz vidros elétricos nas quatro portas, travas e retrovisores elétricos, alarme, ar-condicionado automático, computador de bordo, sensores de estacionamento traseiros e sistema multimídia Media NAV, com tela sensível ao toque, navegador GPS, conectividade via bluetooth, sistema de som com entradas USB e auxiliar e comando satélite na coluna de direção. A utilização, no geral, intuitiva e fácil, com ícones grandes. Há apenas dois opcionais: rodas aro 16 em liga leve, por R$ 690, e revestimento dos bancos em material que imita couro, por R$ 1.160. Já a lista de itens de segurança é pequena e inclui apenas os obrigatórios airbags frontais e freios ABS.

PODERIA SER MELHOR

Defeitos e qualidades colocados na balança, é chegada a hora de sentenciar o Sandero Stepway Easy’R. Suas vantagens, como em toda a linha Sandero, são a oferta adequada de itens de série, o espaço interno e o preço competitivo dentro da categoria. Não que os valores pouco acima dos R$ 50 mil sejam exatamente pechinchas, mas é preciso lembrar que alguns outros hatches com apelo aventureiro já estão na casa dos R$ 60 mil. O maior defeito, como já foi dito, é o conjunto mecânico ultrapassado. O motor 1.6 8V não se destaca nem em consumo nem em desempenho, enquanto a transmissão automatizada de uma embreagem desagrada tanto em relação à suavidade de funcionamento tanto quanto à programação eletrônica. O mais curioso é que a a Renault poderia buscar a solução dentro de casa, pois oferece sistemas melhores em outros de seus modelos vendidos no Brasil. Vem à mente a utilização do 1.6 16V do Duster, associado à caixa CVT do Fluence. Aliás, vale lembrar que há carca de um mês, quando foi lançada a linha 2016 do SUV, a marca francesa aprimorou esse propulsor, melhorando a distribuição de torque: os valores máximos são de 15,1 kgfm com gasolina e 15,9 kgfm com etanol, a 3.750 rpm, mas o fabricante informa que a 2.500 rpm, já há 14,1 kgfm com o derivado do petróleo e 14,6 kgfm com o combustível vegetal (ganhos, respectivamente, de 0,6 kgfm e de 1,0 kgfm). A potência máxima é de 115 cv com etanol e de 110 cv com gasolina, a 5.750 rpm. Sem dúvida, esses números fariam muito bem ao Sandero Stepway.

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AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 7
Consumo (cidade e estrada) 8 7
Estabilidade 7 8
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 7 7
Espaço interno 8 8
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) 8 8
Acabamento 7 8
Itens de segurança (de série e opcionais) 7 8
Itens de conveniência (de série e opcionais) 8 8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 6 6
Relação custo/benefício 7 7

FICHA TÉCNICA

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.598 cm³ de cilindrada, 98 cv (g)/106 cv (e) de potência máxima a 5.500, 14,5 kgfm (g)/ 15,5 mkgf (e) de torque máximo a 2.850 rpm

»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automatizado de uma embreagem e cinco marchas

»ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
11,5 segundos com gasolina e 11,1 segundos com etanol

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
177 km/h com gasolina e 179 km/h com etanol

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica variável

»FREIOS
Discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Dianteira, independente,  McPherson; traseira semi-independente, por eixo de torção

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve aro 16, pneus 195/60 R16

»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,091; largura, 1,751; altura, 1,578; distância entre-eixos, 2,590; peso, 1.117 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 50 litros; porta-malas: 320 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 456 quilos

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