InícioAvaliaçãoAo volante: Fiat Linea concilia prazer ao dirigir e preço convidativo

Ao volante: Fiat Linea concilia prazer ao dirigir e preço convidativo

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Derivado de um compacto e sem arroubos tecnológicos na parte mecânica, sedã apresenta limitações; ainda assim, convence ao oferecer,  na versão Essence manual, conjunto bem-acertado e bom pacote de equipamentos por valor de compra abaixo da média
teste_fiat_linea_2015_2Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Quando nós, do Autos Segredos, recebemos um carro para testar, já temos uma boa noção do que esperar dele. Seja porque já experimentamos algum outro modelo com a mesma mecânica, ou porque já conversamos sobre ele com algum colega que já o dirigiu, ou ainda porque já lemos alguma avaliação a respeito dele, o fato é que raramente um automóvel foge às nossas expectativas, tanto para o lado positivo quanto para o negativo. O Linea foi uma exceção: o sedã nos surpreendeu, mostrando-se muito mais agradável no convívio diário do que esperávamos. É verdade que nosso conceito sobre ele não era lá dos mais altos. Sabíamos que o Fiat em questão não tem o projeto mais atualizado do segmento, ou o maior espaço interno, ou a mecânica mais eficiente, ou ainda a maior quantidade de equipamentos. Também há de se considerar que seu desenvolvimento se deu a partir do Punto, que é um compacto, e não de um carro médio. Tudo isso é verdade, mas o grande trunfo do modelo da Fiat foi entregar um conjunto equilibrado – que se não chega a ser referência, tampouco passa vergonha frente aos rivais – por um preço bastante competitivo, ao menos na versão avaliada, a Essence manual. A seguir, veja mais sobre os pontos nos quais o três-volumes se destaca e os outros em que ele não se sai tão bem assim.

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O motor do Linea é o conhecido 1.8 16V (na verdade, a cilindrada é de 1747 cm³) E.torQ, cuja arquitetura já pede uma atualização: até o incômodo tanquinho de partida a frio, que já virou coisa do passado em vários dos concorrentes, segue presente embaixo do capô. Há um único comando de válvulas, o bloco é confeccionado em ferro fundido, e cabeçote, em alumínio. Sua maior vantagem é trazer corrente de acionamento, que substitui a temida correia dentada. As potências máximas são de 132 cv com etanol e 130 cv com gasolina, a 5.250 rpm, enquanto o torque fica em 18,9 kgfm ou em 18,4 kgfm, com os dois combustíveis, na ordem, a 4.500 rpm. Esses valores são razoáveis e estão condizentes com a capacidade cúbica do motor, o problema é que o rendimento em baixa rotação deixa a desejar. Até as 2.500 rpm, falta fôlego ao quatro cilindros da Fiat. A partir daí, porém, as respostas são nitidamente melhores. Ao menos o propulsor não reclama ao funcionar em rotações mais elevadas, pois o funcionamento é suave. Na unidade avaliada, o câmbio era manual de cinco marchas, que apresentou o mesmo comportamento já conhecido de outros modelos da marca italiana, com engates macios, mas não muito precisos, e com curso longo demais. O escalonamento, por sua vez, revela um “buraco” entre a segunda e a terceira. A 120 km/h, o tacômetro registra 3.400 rpm, valor coerente com a proposta.

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DINÂMICA EQUILIBRADA Se o motor e o câmbio do Linea não chegam a se destacar, a suspensão e a direção agradam bastante. A primeira, apesar de utilizar os conhecidos sistemas independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, mostrou excelente calibragem, com compromisso bem-equacionado entre conforto e estabilidade. O sedã transpõe as irregularidades do piso pouco transmitindo-as para os ocupantes, e na hora de fazer curvas, mostra-se obediente, sem inclinar demais a carroceria. Quando há abuso e consequente subesterçamento, é fácil fazê-lo voltar para a trajetória. Trata-se de um comportamento acima da média para um carro familiar sem pretensões esportivas. Já a direção, apesar de ter assistência hidráulica, enquanto os sistemas elétricos já começam a chegar até aos segmentos populares, também revela acerto eficiente e boa progressividade, com leveza em manobras e firmeza em alta velocidade.

Em consumo, o conjunto mecânico no Linea manteve os resultados medianos, sem se destacar para o lado positivo ou para o negativo. Com etanol, o sedã cravou 7,3 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada. Com gasolina, as médias giraram em torno de 8,6 km/l em ciclo urbano e 12,8 km/l em rodovias. Como é de praxe nos testes do Autos Segredos, destacamos que o gasto de combustível está relacionado a uma série de variáveis, como o estilo de dirigir do motorista, o relevo, as características da vias e as condições do trânsito.

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Posicionar o Linea no mercado, tomando como critério seu tamanho, é tarefa difícil. Apesar de ser derivado do Punto, o sedã tem algumas dimensões compatíveis com a de modelos médios, como o comprimento de 4,56 metros e a distância entre-eixos de 2,60 metros. A largura de 1,73 metros, porém, está mais para os compactos. Essas medidas refletem de modo muito direto no espaço interno: quatro adultos, mesmo mais altos, têm vãos mais que suficientes para acomodar as pernas com conforto. Tampouco haverá aperto para as cabeças da turma. Mas no sentido transversal, faltam alguns preciosos centímetros. Na dianteira, por exemplo, é nítida a proximidade entre os dois bancos. Mas onde a cabine realmente parece mais estreita que o desejável é no banco traseiro, que fica um tanto pequeno para três pessoas. O porta-malas, por outro lado, é bem grande, com 500 litros de capacidade, que podem ser totalmente aproveitados, pois as dobradiças da tampa são pantográficas e não roubam espaço do compartimento. O vão de entrada é que poderia ser maior, pois limita um pouco a entrada de objetos grandes, mas não chega a comprometer. O acabamento, embora não seja luxuoso, também agrada. No painel, há uma faixa emborrachada, macia ao toque. Nas portas, o plástico é rígido, mas ao menos há recortes generosos de couro (ou de tecido, dependendo da versão e da combinação de opcionais). Os arremates são caprichados e pontos de luz em frente ao passageiro e nas maçanetas transmitem sofisticação e ajudam na localização à noite.

VESTINDO O SEDÃ A derivação do Punto traz alguns problemas, mas também proporciona algumas vantagens. Uma delas certamente é a manutenção da ótima posição de dirigir do hatch. O motorista goza de um posto de comando muito ergonômico, até um pouco esportivo, com a alavanca de marchas localizada a menos de um palmo do volante, que por sinal tem ótima empunhadura. Os pedais também estão corretamente posicionados e há um descansa-pé bem-dimensionado. A única ressalva vai para os bancos, que têm assentos muito curtos, deixando parte das coxas sem apoio. E a grande área envidraçada dá ao Linea boa visibilidade, principalmente para a frente e para os lados. Para trás, o resultado é razoável, mas há o auxílio dos retrovisores, que são bem-dimensionados, além dos sensores de estacionamento com display gráfico. A visualização dos instrumentos, porém, poderia ser melhor, pois o conta-giros e o velocímetro são pequenos e dificultam um pouco a leitura. A posição dos demais comandos, todavia, é correta. Os limpadores varrem boa área e trabalham em silêncio. Os faróis, do tipo bi-parábola, também apresentaram resultado satisfatório. O isolamento acústico do habitáculo foi outro item que demonstrou qualidade: ruídos de rolagem e do ronco do motor são ouvidos com pouca intensidade.

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O pacote de itens de série comprova o apelo que o Linea faz ao bolso do consumidor. A versão Essence, avaliada, traz ar-condicionado manual, alarme antifurto, vidros, travas e retrovisores elétricos, rádio CD-Player com entrada auxiliar e Bluetooth, rodas de liga leve aro 15′, cruise-control e volante multifuncional revestido em couro, entre outros pormenores, como o sistema Lane Change, que aciona a seta por cinco vezes só com um toque na alavanca). Entre os equipamentos destinados à segurança, além dos obrigatórios airbags frontais e freis ABS, há encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos, faróis de neblina e sinalização de frenagem de emergência, que aciona o pisca-alerta em freadas bruscas. Por falar em freios, eles utilizam discos nas quatro rodas e imobilizam o modelo com bastante eficiência, em espaços curtos e sem desvios de trajetória. Não há ganchos padrão Isofix e controles eletrônicos de tração e estabilidade nem como opcionais, mas é possível adquirir à parte airbags laterais e do tipo cortina, ainda que eles estejam condicionados à compra do revestimento dos bancos em couro. Somados, esses itens adicionam R$ 7.308 ao preço final.

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PREÇO MAIS PARA OS COMPACTOS QUE PARA OS MÉDIOS Até aqui, ficou claro que o Linea é capaz de agradar, apesar de suas limitações. Um dos fatores mais vantajosos é o preço: a versão Essence parte de R$ 55.850, valor que se aproxima do cobrado por sedãs compactos, com dimensões e motores menores. É verdade que nem o valor de compra convidativo parece convencer o consumidor a escolher o Fiat, que mantém vendas discretas, abaixo das 1.000 unidades mensais, mesmo após a reestilização. Porém, quem quiser um três volumes acima dos modelos de entrada, mas não pode (ou não quer) desembolsar valores exorbitantes, tem aqui uma opção válida e interessante.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas)  7 8
Consumo (cidade e estrada)  7 6
Estabilidade  8 8
Freios  8 8
Posição de dirigir/ergonomia  9 9
Espaço interno  8 7
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade)  9 9
Acabamento  7 7
Itens de segurança (de série e opcionais)  7 7
Itens de conveniência (de série e opcionais)  7 7
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)  7 7
Relação custo/benefício  8 7

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FICHA TÉCNICA

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.747 cm³ de cilindrada, 130cv (g)/132cv (e) de potência máxima a 5.250 rpm, 18,4 kgfm (g)/ 18,9 mkgf (e) de torque máximo a 4.500 rpm

»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,3 segundos com gasolina e 9,9 segundos com etanol

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
190 km/h com gasolina e 192 km/h com etanol

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira semi-independente, por eixo de torção

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 6.5 x 16″, pneus 205/55 R16 (opcionais)

»DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,560; largura, 1,730; altura, 1,505; distância entre-eixos, 2,603; peso, 1.310 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 60 litros; porta-malas: 500 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 400 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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