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Encontro de antigos de Araxá teve modelos de tirar o fôlego

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Brazil Classics Fiat Show reuniu raridades e apaixonados pelos automóveis antigos. Evento é um dos mais importantes do Brasil

Tucker Torpedo
Tucker Torpedo

Eduardo Zanetti
Especial para o Autos Segredos

A cidade mineira de Araxá, estância hidromineral localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, recebeu entre os dias 19 e 22 deste mês de julho o XXI Encontro Nacional de Automóveis Antigos, parte do Brazil Classics Fiat Show, promovido a cada dois anos nesta cidade. O conhecido Grande Hotel do Barreiro, atual Tauá Grande Hotel, foi a tradicional arena da exposição, encabeçada pelo VeteranCar Club de Minas Gerais, pela Fiat Automóveis, Confederação Brasileira de Veículos Antigos, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e pela Prefeitura Municipal de Araxá.

Dodge Kingsway Woodie
Dodge Kingsway Woodie

Este é o mais importante evento de veículos antigos do Brasil, também um dos mais importantes das Américas, apesar da pouca adesão do público estrangeiro. Viu-se obras de arte sobre rodas inimagináveis em solo tupiniquim pela maior parte da população. Os eternos Rolls-Royce, os imponentes Cadillac, muitas Ferrari, Porsche, Bugatti e toda sorte de automóveis de altíssimo padrão estavam presentes. Eram carros com várias décadas de fabricados, reluzentes e totalmente operacionais, alguns até mesmo centenários, expostos ao público nas áreas de estacionamento do Grande Hotel.

A premiação do evento aconteceu na noite do dia 21 e, claro, houve algumas surpresas para nós, meros mortais do mundo automotivo, cegos-apaixonados, que gostaríamos de ver na premiação a maior parte daqueles carros maravilhosos, que despertavam sorrisos e faziam o coração bater mais forte só de chegarmos perto. Muitos ficaram de fora, mas mesmo assim não há o que discutir: todos premiados tinham um motivo muito justo e perfeito para estar ali. Fosse a raridade do modelo, o primoroso nível de restauro ou originalidade daqueles nunca restaurados, a beleza da carroceria ou a combinação dela com o conjunto mecânico faziam de cada modelo ali exposto uma estrela deslocada do firmamento para Araxá.

Grande parte da história nacional esteve ali representada. Carros que pertenceram a figuras ilustres como Getúlio Vargas, aos Mattarazzo, a grandes industriais e que fizeram história em corridas brasileiras como a do Circuito da Gávea no Rio de Janeiro são uma pequena mostra do potencial da exposição e da importância dela não só para os antigomobilistas, mas também para a memória nacional.

Aqui não pretendo falar somente dos “Best in Show”, como o Bugatti 1938 de 12 cilindros em “V”, que desde o primeiro avistamento me roubou a atenção e do Packard 1927 pertencente ao Museu Roberto Lee da cidade de Caçapava, que também nos presenteou com o único Tucker Torpedo da América Latina e um Hispano Suiza nunca restaurado de encher os olhos. Trago aqui, um pouco daqueles que me tiraram o fôlego. Tomem ar!

Lotus Eclat 522
Lotus Eclat 522

LOTUS ECLAT modelo 522 ano 1979

Sempre os esportivos são aqueles que mais atingem o ponto fraco de qualquer entusiasta: o pé direito. Este Lotus concebido por Colin Chapman, de motor 4 cilindros com 2-Litros de deslocamento, bastante inclinado, cabeçote de quatro válvulas por cilindro, alimentada por um par de belíssimos Dellorto45 e ainda na cor vermelha é, para mim, o alter-ego britânico das Ferrari Dino de cor amarela. A clássica cor verde dos carros de corrida ingleses deu lugar ao vermelho vivo, que conferiu uma roupagem especialmente bela à bem vincada carroceria coupé 2+2 lugares, de enorme área envidraçada e cintura baixa que faz com o ar aquilo que uma enxó faz com a madeira. Esta carroceria teve origem no Lotus Elite de segunda geração. Os 170cv são levados ao chão pela caixa de cinco marchas vinda do pacato quatro-portas Austin Maxi, e empurram os pouco mais de 1050kg do Eclat 522 com desenvoltura além de, como é de se esperar de um Lotus, serem o casamento perfeito entre uma ótima dinâmica de curvas e o tesão que só um motor muito sadio e sonoro pode proporcionar.

Britânico como deve ser, a direção no lado direito, mão inglesa, coloca um véu na imaginação, que não acompanha a lógica de tocada esportiva a qual estamos acostumados. Trambular com a mão esquerda não me parece algo natural, mesmo eu sendo canhoto, mas me instiga ainda mais a pilotar uma máquina dessas.

Ferrari 225S Barchetta V12 1952
Ferrari 225S Barchetta V12 1952

FERRARI 225S BarchettaVignale 1952

Não sei ao certo quais eram os automóveis mais rápidos do Brasil nos primeiros anos da década de 1950, mas quaisquer que fossem, em um circuito, poucos seriam páreo para essa Ferrari de doze cilindros em V, com quase 3-litros de deslocamento (os primeiros modelos 225 deslocavam ao redor de 2,8-litros), duas válvulas por cilindro, um comando por bancada de cilindros, carroceria Vignale e uma dinâmica que só um cavalo dirazzapode ter. Conta a história que este carro chegou ao Brasil trazido pelo piloto português Cassimiro de Oliveira e passou nas mãos dolusitano Jorge Seixas e do carioca Henrique Casini, que começou sua vida nas pistas com um Maserati 2-litros que fora do Mestre Fangio.

Nada de cavalarias astronômicas como estamos habituados a ver hoje. Este Ferrari produzia em sua sonora usina aproximadamente 210cv a 7200rpm, sabendo que girava, em máxima, próximo dos 8000rpm. O câmbio, um cinco marchas e o peso raramente ia além dos 950kg com piloto e combustível.

Foi o predecessor das famosas (e mais velozes) 250 de corrida (S ou MM – Mille Miglia, da mesma época) e começou sua vida automobilística no já importante Giro diSicilia. Foi o primeiro automóvel na marca a correr em Imola, mesmo que para testes. Também contam que nas 12 horas de Sebring em 1953, o hábil e quase cirúrgico Phill Hill fez um comprometedor passeio na grama com um carro desse, que era dividido com Bill Spears, atingindo as fundações de uma antiga unidade militar, o que lhes custou a corrida.

Aston Martin DB6
Aston Martin DB6

Aston Martin DB6

Mesmo havendo mais de um representante deste modelo no encontro de Araxá, a admiração não foi menor. Eu gostaria de ter evitado falar de dois carros ingleses, contudo o Aston Martin DB6 é o Gran Turismo mais elegante que já estive perto, e parece tão veloz estacionado quanto seria nas mãos do agente secreto mais famoso do mundo (que protagonizou um de seus filmes com um modelo DB5) e foi o modelo de produção mais longa já feito pela marca inglesa (de 1965 a 1971).

Infinitamente superior em desenvolvimento aerodinâmico que o DB5, modelo que ele substituiu, o DB6 ainda me lembra a aparência devoradora das Ferrari 250 e conta com uma mecânica de seis cilindros em linha, com 4-litros de deslocamento, duplo comando de válvulas no cabeçote, alimentado por um trio de carburadores SU e desenvolvendo mais de 280cv. O DB6 não é exatamente um carro leve e pesa quase 1500kg em ordem de marcha. Havia ainda um opcional de mecânica chamado de Vantage, que dotava o carro de um propulsor de 325cv e fazia o carro ultrapassar a barreira dos 230km/h (145 milhas/hora), havendo registro de uma média superior a 152 milhas/hora (243km/h) conseguido pelo intrépido John Bolster em uma dupla passagem.

Elegante, definitivo e voraz como só ele mesmo pode ser, é o carro ideal para um gentleman desfrutar de sua dama e dirigir-se a qualquer lugar da maneira mais britânica possível.

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Fotos | Eduardo Zanetti/Especial para o Autos Segredos

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