InícioAvaliaçãoAo volante: Volkswagen Voyage é um sedã simples, mas bem acertado

Ao volante: Volkswagen Voyage é um sedã simples, mas bem acertado

- publicidade -
- publicidade -

Modelo é prazeroso para dirigir, com câmbio preciso e suspensão corretamente calibrada. Versão Comfortline, avaliada pelo Autos Segredos, oferece pouco conteúdo e disponibiliza vários equipamentos apenas como opcionais

A categoria de sedãs compactos é uma das mais importantes do mercado brasileiro. Nos últimos anos, o segmento viveu uma verdadeira multiplicação de concorrentes e deu origem até a subdivisões, com os chamados modelos premium e também com os espaçosos, que em termos de tamanho se aproximam mais dos veículos médios. Dentro da linha Volkswagen, o Voyage é a opção mais em conta para quem quer um carro com carroceria três volumes. Como é de praxe nos automóveis de entrada, ele tem mecânica tradicional e construção sem grandes doses de refinamento. O projeto, contudo, é bem acertado e chega até a surpreender em alguns aspectos, embora pudesse ser melhor em outros.

Como sempre, vamos começar falando da parte mecânica. O motor é o conhecido 1.6 EA-111, batizado mercadologicamente como VHT (Very High Torque). Sem grandes alterações desde que foi lançado por aqui, há cerca de uma década, o propulsor tem fama de longevidade e baixa manutenção, mas não esconde a concepção um tanto simplória, com cabeçote de oito válvulas, sem variação de comandos e movimentação por correia dentada. O maior destaque é o torque elevado em baixas rotações: são 15,4/15,6 kgfm a 2.500 rpm, enquanto a potência é de 101 cv com gasolina e 104 com etanol, a 5.250 rpm, valores satisfatórios considerando a cilindrada e o número de válvulas.

BEM CASADOS O motor vive um casamento feliz com o câmbio manual de cinco marchas, bastante preciso e muito bem escalonado. As primeiras marchas são bem curtas, mas as demais vão ficando gradualmente mais longas, de modo a não fazer com que o veículo esgoele em alta velocidade. A 120 km/h, o tacômetro marca moderadas 3.200 rpm.  As relações corretas e os bons engates da transmissão, associados ao baixo peso do veículo, que fica em 1.029 kg na versão avaliada, tornam o Voyage muito esperto, principalmente em meio ao trânsito urbano. Na estrada, o desempenho é apenas satisfatório, pois o rendimento do bloco  1.6 é nitidamente melhor nas baixas e médias rotações. Em alta, sente-se a perda de performance, mas ao menos o propulsor é suave em todas as faixas de giro.

A suspensão adota conjunto independente, do tipo Mc Pherson, na dianteira e semi-independente, por eixo de torção, na traseira. Trata-se de um sistema tradicional, presente na grande maioria dos automóveis nacionais. Seguindo uma fórmula adotada pela Volkswagen em vários de seus modelos, o acerto é mais firme e deixa de filtrar parte das imperfeições da pista, mas por outro lado, beneficia a estabilidade. A unidade avaliada estava equipada com rodas e pneus 195/50 R16, que tornam mais perceptíveis tanto a boa aderência quanto a transferência dos impactos do pavimento. Em curvas, o sedã entrega comportamento neutro e transmite bastante segurança, sem tendência exagerada à ocorrência de subesterço ou a grande inclinação da carroceria. Colabora para o bom equilíbrio do modelo a direção com assistência hidráulica, que tem calibragem correta: não é pesada em manobras ou leve demais em alta velocidade.

O Voyage não foi exatamente econômico durante o período em que esteve conosco, apresentando consumo apenas razoável. Contudo, suas marcas foram consideravelmente melhores que as da Space Cross avaliada pelo Autos Segredos em setembro, equipada com o mesmíssimo conjunto motriz. Com etanol no tanque, o sedã obteve médias de 7,0 km/l na cidade e 11 km/l na estrada. Com gasolina, os números naturalmente apresentaram melhora: 8,5 km/l e 12 km/l, respectivamente. Nossas medições foram feitas com o ar-condicionado ligado durante a maior parte do tempo. Vale ressaltar que o consumo de combustível é afetado por diversas variáveis,  tais como condições de tráfego, de pista e de relevo, além do tipo de condução do motorista.

VIDA A BORDO A ergonomia do Voyage é correta, com posição de dirigir centralizada em relação aos pedais e ao câmbio. O acesso aos comandos é fácil, assim como a leitura dos instrumentos. A visibilidade é boa para frente e para os lados, mas apenas razoável para trás. Trata-se de um inconveniente que é comum em sedãs, devido ao terceiro volume da carroceria, mas os retrovisores bem dimensionados ajudam a amenizar a questão. Os faróis de dupla parábola iluminaram nossos caminhos com eficiência, auxiliados por luzes de neblina na frente e atrás. Os limpadores também funcionaram de modo satisfatório, varrendo boa área e em silêncio.

O quadro de instrumentos é analógico e inclui marcador de temperatura do fluído de arrefecimento, item que está se tornando raro entre os automóveis mais em conta. O volante tem boa pega, é regulável em altura e profundidade e traz botões para manusear o aparelho de som, que inclui entrada USB e conexão bluetooth, embora todo o sistema de som seja vendido como opcional. Os bancos são forrados com tecido agradável, feito com material derivado de garrafas PET. O encosto segura bem o corpo nas curvas, mas o assento é muito curto e não apoia corretamente as pernas. Painel e revestimentos das portas são confeccionados em plástico rígido, material que predomina entre os modelos de entrada no Brasil. Os arremates são bons, com encaixes precisos e sem rebarbas protuberantes.

A Voyage não tem entre-eixos alongado: a medida é a mesma do Gol, do qual o modelo é derivado. Assim sendo, o espaço interno é suficiente para quatro adultos, desde que os que se sentem atrás não sejam muito altos. Para cinco passageiros ou para pessoas de estatura elevada, a viagem será apertada. O porta-malas comporta 480 litros de bagagem, boa capacidade para o segmento. A unidade avaliada dispunha de um compartimento separado no bagageiro, que a Volkswagen chama de “elevação do assoalho” e vende como opcional por R$ 465. Pode até ser útil para guardar pequenos objetos, mas acaba deixando a base irregular, o que prejudica a acomodação das malas, além de dificultar o acesso ao estepe. A tampa e seu batente não têm revestimento e ficam vulneráveis a danos causados pela movimentação da carga.

LISTA PEQUENA No Voyage, a maior parte dos equipamentos de conforto é oferecida à parte. De série, o sedã vem com poucos itens, entre os quais computador de bordo, direção assistida, travas elétricas e vidros elétricos nas portas dianteiras. Ar-condicionado, chave com telecomando, vidros elétricos traseiros, espelhos retrovisores  elétricos, sensores de estacionamento (com gráfico de aproximação exibido no display do cd-player) e rodas de liga leve, mesmo em medida menor, aro 15”, são vendidos como opcionais. Recheado com tudo que se tem direito, o preço salta dos R$ 40.890,00 e bate na casa dos R$ 50 mil. Bem que a Volkswagen poderia ser mais generosa com o pacote, afinal o Comfortline é o top de linha, ainda que estejamos tratando de um sedã de entrada.

O Voyage, contudo, é mais generoso quanto aos itens de segurança. Airbag duplo e freios ABS são de série e o banco traseiro dispõe de três apoios de cabeça, embora o cinto central seja subabdominal. O modelo ficou devendo o sistema isofix, composto por ganchos para fixação de cadeirinhas infantis. Os freios se mostraram bem dimensionados e sempre foram capazes de imobilizar o sedã com segurança.

No fim da avaliação, fica uma impressão positiva sobre o Voyage. Mesmo sem grandes doses de sofisticação e tecnologia, ele consegue proporcionar condução bastante prazerosa e mostra competência, principalmente em ciclo urbano. A manutenção do entre-eixos do Gol faz com que o modelo não ofereça mais espaço interno que o hatch, mas por outro lado, resulta em dimensões externas mais contidas, algo vantajoso em meio ao trânsito das grandes metrópoles.  O problema, mais uma vez, é o preço:  os R$ 40.890,00 pedidos pelo sedã aparentemente são competitivos, mas uma olhada na lista de equipamentos logo revela que a versão Comfotline é despojada demais. Deveria incorporar, no mínimo, o ar-condicionado aos itens de série, sem que haja reajuste de preço.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 8  7
Consumo(cidade e estrada) 7  6
Estabilidade 8  8
Freios 8  7
Posição de dirigir/ergonomia 8  8
Espaço interno 7  6
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 9  9
Acabamento 7  8
Itens de segurança(de série e opcionais) 7  7
Itens de conveniência(de série e opcionais) 6  6
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8  7
Relação custo/benefício 6  6

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ cm³ de cilindrada, 101cv (g)/104cv (e) de potência máxima a 5,250, 15,4 kgfm (g)/ 15,6 mkgf (e) de torque máximo a 2.500 rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,1 segundos com gasolina e 9,8 segundos com etanol

VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
189 km/h com gasolina e 191 km/h com etanol

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 6 x 16 polegadas, pneus 195/50 R16 (opcionais)

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,215; largura, 1,656; altura, 1,462; distância entre-eixos, 2,465

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; porta malas: 480 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 440 quilos; peso: 1.029 quilos

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Fique por dentro das novidades.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

- publicidade -
- publicidade -

ARTIGOS RELACIONADOS

20 COMENTÁRIOS

- publicidade -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

SEGREDOS

- publicidade -