InícioNostalgiaNostalgia: Histórias a bordo de um clássico, como produzir um automóvel

Nostalgia: Histórias a bordo de um clássico, como produzir um automóvel

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Por Júnior Almeida/Esporte Automotor
Especial para o Autos Segredos

A década de 1930 teve grande importância no estopim da 2º guerra mundial, a grande depressão afetou a economia global causando grandes taxas de desemprego que levaram à queda da produção industrial, em consequência a queda do produto interno bruto.

Com a retração do consumo no continente Europeu, os Estados Unidos que lucraram com a exportação de alimentos e produtos industrializados para os países aliados até 1928 quando a economia do velho continente se reestabeleceu e passou a importar menos os produtos norte-americanos , logo passou a haver mais mercadoria e menos consumidor levando a uma crise de superprodução.

Esta crise econômica, levou a mudanças de caráter social e politico ao redor do globo, Itália e Alemanha viram nas doutrinas Nazistas e Fascistas a solução para o reflexo da crise de 1929 que devastou as economias de ambos os países dando forças para regimes totalitários que levou em 1º de setembro de 1939 o inicio de um conflito que deixou mais de 61 milhões de vitimas.

O mercado automobilístico se direcionou para suprir as necessidades de automóveis, aeronaves e embarcações náuticas para o conflito.

A produção de automóveis de passeio foi totalmente paralisada até 1946 quando se estabeleceu o pós-guerra.

Neste mesmo período, a empresa sueca Svenska Aeroplan Aktiebolaget que produzia aeronaves desde 1937 com foco no uso militar teve uma grande baixa na produção com o fim do conflito militar e para suprir essa baixa, os diretores da SAAB criaram em 1947 a divisão de automóveis com o intuito de motorizar a população Sueca e mostrar que a empresa poderia usar de seu know-how na área de aviação para produzir automóveis.

Os projetistas logo passaram a fazer uma serie de pesquisas de mercado, para entender onde estavam pisando e que tipo de veiculo iria desenvolver. O chefe do departamento de design da marca Bror Bjurströmer desenvolveu um projeto com codinome de XP92 “experiment-personbil 92” e apresentou um modelo em escala 1:25 com linhas inspiradas claramente nas aeronaves 91 Safir e 90 Scandia.

Mas sem nenhuma noção de como era produzido um automóvel e com 16 dos 20 engenheiros que não tinham habilitação para guiar um automóvel o jeito foi aprender com a concorrência.

O primeiro passo foi visitar a AB Nyköpings Automobilfabrik que montava automóveis de origem norte-americana desde 1937, mas a visita mal sucedida levou os engenheiros a procurar nas literaturas existentes como eram produzidos os automóveis antes da 2º guerra mundial.

Através de uma serie de pesquisas, os engenheiros aeronáuticos se especializaram em como era realizado e produzido o processo de manufatura, para intender a fundo o sucesso dos futuros concorrentes o departamento de engenharia adquiriu os automóveis mais vendidos do continente europeu como DKW , Opel , Volkswagen e Hanomag.

Com base no que puderam apreender, em 1946 antes da criação da divisão de automóveis foi apresentado o SAAB 92001 o “Ursaab”.

Com uma aparência revolucionaria para um automóvel popular o pequeno automóvel com design que seguia a risca a maquete desenvolvida um ano antes pelos engenheiros da empresa foi apresentado ao publico sueco a reação positiva deu ainda mais animo a empresa para continuar no desenvolvimento do seu novo projeto.

O 92001 era equipado com um pequeno motor dois tempos em posição transversal e tração dianteira provindo de um DKW que rendia 25cv, mais do que suficientes para rodar pelas estradas suecas.

As peculiaridades do Ursaab mostrariam as preocupações futuras da empresa, o projetista Gunnar Ljungström desenvolveu as portas suicidas que equipavam o Ursaab para garantir a segurança dos passageiros quando estivessem saindo de estacionamentos ou garagens.

O grande movimento diante das concessionárias fez com que fosse comercializadas em 1950, o primeiro ano de produção do 92 cerca de 1.246 carros que eram produzidos somente no mesmo tom de verde dos aviões militares da marca, o amplo sucesso do modelo e ao mesmo tempo da novada SAAB no mundo dos automóveis levou a atualização no design que deixou o porta-malas 20% maior e na mecânica que passou desenvolver mais potencia graças ao novo carburador, o sucesso do popular levou a comercialização de 20 mil unidades do 92 até o fim de sua produção em 1956.

Um ano antes, em 1955 já havia sido introduzido o 93, um coupé de duas portas desenvolvido pelo notável engenheiro Sixten Sason.

O 93 seguia o estilo já consagrado pelo 92 mas utilizava de novas concepções mecânicas, equipado com um novo motor dois tempos desenvolvido pela própria SAAB que desenvolvia cerca de 33cv, mas havia ainda novas molas helicoidais, em vez de barras de torção e sistema elétrico de 12 volts antes aos 6 volts. O câmbio de três marchas trazia a inovadora opção de embreagem automática Fitchel & Sachs Saxomat que no inicio da década de 2000 se popularizou e evoluiu para o cambio semiautomático, mas a maior novidade viria em 1957 quando a SAAB introduziu cintos de segurança, luzes indicadoras de direção, para-brisa inteiriço, limpadores com uma maior área e sistema automático de lubrificação do motor, o Lubrimat foi adotado na linha DKW apenas nos anos 60 com o lançamento do Fissore.

A Evolução surgiria em 1960, com a chegada do 96 que acompanhava a identidade visual já consagrada da dianteira que traziam os característicos faróis arredondados e a grade no centro, a traseira trouxe uma inovação de design dentro da gama que abandonará as linhas mais ousadas e trazia com ela maior conforto para os passageiros de trás, com o banco 25cm mais largo e o vidro traseiro muito mais amplo do que o 93.

A aceitação da SAAB no continente Europeu cresceu na década de 60 levando o 96 ao topo dos automóveis mais vendidos na época.
Com isso em 1967 o modelo ganhava motor de quatro cilindros em V quatro tempos, que gerava 65 cv e seria usado até sua aposentadoria em 1980, em toda a história do 96, foram produzidos num total de 547.221 mil veículos até Janeiro de 1980.

Ao som de Louis Armstrong faço a minha homenagem a uma das montadoras que mais admiro e a estes três clássicos não só pelo design e as inovações tecnológicas que trouxeram para a indústria, mas pela história que cerca o inicio da divisão de automóveis da SAAB que veio a falecer após uma serie de negociações entre o então proprietário sueca Victor Muller, CEO e proprietário da Spyker que adquiriu no final de 2010 a empresa e vinha tentando mantê-la até no dezembro do ano passando quando negociava com uma montadora chinesa a venda da empresa que foi vetada pela norte-americana GM antiga proprietária da marca que ainda tinha participação nas ações da empresa e teve voz decisiva para decretar a falência da SAAB por puro egoísmo, ignorando o significado e a tradição dos automóveis produzidos pela SAAB.

Galeria

Fotos | SAAB/divulgação

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